6.01.2009

Simonalmania: Sucesso nas telas, documentário sobre Simonal faz o ícone da pilantragem voltar à moda

João Pimentel e Rodrigo Fonseca


RIO - Nem vem que não tem: Wilson Simonal (1939-2000) virou a maior diversão. Seu revival começou nos cinemas, à força de 28,5 mil ingressos vendidos em duas semanas pelo documentário de Claudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer, uma febre entre uma plateia lotada pelos filhos e netos daqueles que acompanharam o cantor carioca em seu auge.

Graças a ele, a produção já se tornou o terceiro longa-metragem do filão mais visto do ano, atrás de "Fiel" e "Surf Adventures 2", ambos gravitando na órbita dos 60 mil pagantes. Mas hoje a voz que desafinou sob uma polêmica acusação de ser "o" dedo-duro da música popular brasileira em plena ditadura voltou a ecoar pelas rádios, em festas das casas noturnas mais concorridas do país, nos pontos de venda de discos (que recebem esta semana a trilha do filme "Simonal - Ninguém sabe o duro que dei", via EMI) e até nas livrarias, que receberão dois livros sobre uma trajetória que foi da glória à infâmia.
- Se alguém de outro planeta descesse à Terra disposto a conhecer a força da cultura black, bastaria mostrar a ele uma foto de Simonal. Ela diria tudo - diz o professor de Português Fabiano Cardoso, de 23 anos, na saída do Unibanco Arteplex, onde ouviu espectadores com o triplo de sua idade chorando de emoção na sessão.
Fabiano, que tem recomendado o documentário sobre Simonal a seus alunos como uma referência histórica valiosa, cresceu ouvindo seu pai, o motorista Fernando Cardoso, e sua mãe, a manicure Maria Nazaré, falarem do cantor com desprezo.
- Sempre ouvi que ele era um dedo-duro, mas desde que descobri suas músicas, eu me apaixonei por seu suingue, independentemente de seus percalços políticos.
Gostaria que meus alunos conhecessem esse ícone do Rio e o poder que a mídia tem de projetar e destruir ídolos - diz Cardoso.
É comum ver jovens como ele na fila de "Simonal - Ninguém sabe o duro que dei", que segundo a gerância do Espaço de Cinema, em Botafogo, nunca tem menos do que 100 espectadores por sessão.
- Quando o cinema cria polêmica, sobretudo polêmica ética, que, no caso, é saber se Simonal era dedo-duro ou não, ele leva público para o cinema. E essa discussão alcançou a juventude - diz Paulo Sérgio Almeida, diretor do site Filme B, que analisa o mercado de cinema.
Foi esse debate que arrastou as estudantes Psicologia Ana Carolina Pêgo e Nayra Leite ao cinema, na tarde de quinta-feira, para conferir por que o nome Wilson Simonal virou sinônimo de problema.
- Buscamos a história dele na internet, após ouvir uma colega de turma, que é produtora musical, elogiá-lo muito. Na pesquisa e no filme, descobri uma história de vida interessante - diz Ana Carolina. - A alegria de Simonal chama muita atenção - diz Nayra

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