9.22.2009

Diretores da mostra Novos Rumos falam das expectativas de seus filmes no festival


André Miranda

RIO - Oito filmes, oito propostas de pensar o futuro do cinema brasileiro. O Festival do Rio criou para esta edição, que começa na quinta-feira, uma mostra chamada Novos Rumos, apenas com filmes de cineastas dando seus primeiros passos na realização de longas-metragens.
Não é exagero imaginar que, daqui a alguns anos, os diretores presentes na Novos Rumos poderão ser selecionados para a competição da Première Brasil, a mostra que apresenta anualmente o que há de melhor no cinema brasileiro.
A coluna Liquidificador, da revista Megazine, fez três perguntas para estes cineastas. As respostas estão abaixo.
1. Quais ingredientes você juntou para fazer seu filme?
2. Se você tivesse que escolher uma das opções, qual seria: sucesso comercial ou reconhecimento crítico? Por quê?
3. Seu filme já tem distribuição garantida?


A FALTA QUE NOS MOVE, de Christiane Jatahy
1. Cinco anos de pesquisa de linguagem. Dez procedimentos para a filmagem. Cinco excelentes atores. Três câmeras na mão. Uma única locação. Uma mistura instigante de documentário e ficção. E muitos parceiros de primeira trabalhando juntos para realizar um filme inovador e contundente.
2. Podem ser as duas coisas? Reconhecimento crítico e reflexivo sobre o trabalho e público entusiasmado lotando a sala do cinema. Por que não?
3. Ainda não mostramos para um distribuidor, mas estamos confiantes.


FLUIDOS, de Alexandre Carvalho
1. Paixão, suor e saliva para convencer a todos que era possível fazer um filme de ficção ao vivo, com os atores encenando, a equipe captando as imagens, eu editando, tudo isso no mesmo momento em que o filme está sendo projetado na tela do cinema.
2. Os filmes são feitos para serem vistos. Não há nada mais gratificante do que uma sala lotada, com o público refletindo com seu filme.
3. Ainda não. Procuro distribuidoras que se interessem em levar essa experiência inédita de um longa feito ao vivo para mais espectadores.


INVERSÃO, de Edu Felistoque
1. Primeiro colhi fatos enquanto filmava meu documentário (inédito) "Território 9ponto8". Depois, adicionei pitadas de ficção para chegar a um roteiro "popular". Cobri com uma camada de drama psicológico e suspense e levei ao "forno", dando a "forma" final... meio "cabeça", meio "popular".
2. Com todo respeito aos críticos, gosto muito de falar com o público. Mas uma coisa pode caminhar junto com a outra. Foi pensando assim que tentei fazer um filme "híbrido" que atenda aos dois lados.
3. Sim, a distribuição será pela Califórnia Filmes.


O PARAÍBA, de Samir Abujamra
1. Arrumei uma pequena câmera semiprofissional (dessas que todo mundo tem), entrevistei meu pai e minha mãe e me mandei para a Paraíba com uma vaga noção do que iria fazer lá, sem nenhum tipo de produção, sem saber nem mesmo para onde ir depois que o avião pousasse.
2. Nenhuma das duas opções. O único reconhecimento que importa é o do espectador.
3. A única coisa que podemos garantir é que, além da exibição no Festival do Rio, o filme terá uma sessão popular na Feira de São Cristóvão.


INTRUSO, de Paulo de Moraes Fontenelle
1. Os ingredientes que utilizamos para realizar o "Intruso" foram muita criatividade, bastante trabalho em equipe e uma grande vontade de realizar um sonho.
2. Eu escolho o sucesso comercial, porque isso é sinônimo de um grande público. O mais importante, para mim, é que o maior número de espectadores tenha a possibilidade de assistir e se emocionar com o filme.
3. Não.



SEM FIO, de Tiaraju Aronovich
1. Se fôssemos julgar pelo filme, os ingredientes seriam sangue, cocaína e porrada! Brincadeiras à parte, acredito que os principais ingredientes foram vontade e determinação, além de fé e ousadia.
2. Se "sucesso comercial" significar sucesso junto ao público, não tenha dúvida de que eu ficaria com essa opção. A gente faz arte para agradar ao público e, é claro, a nós mesmos. Se a crítica curtir a obra, melhor ainda.
3. Eu poderia dizer que sim, pois já recebemos algumas propostas. Só não menciono nomes, pois ainda não batemos o martelo.


VIDA DE BALCONISTA, de Cavi Borges e Pedro Monteiro
1. Os ingredientes foram: muita vontade de filmar e produzir, uma turma com interesses cinematográficos iguais e uma boa ideia.
2. Sempre quis o reconhecimento crítico mas para viver de cinema e ser um cineasta de profissão o sucesso comercial é muito importante. Tentar conciliar as duas coisas seria o ideal.
3. Já distribuímos uma parte do material nos celulares, outra na internet, agora estamos indo para os cinemas e por fim para o DVD. O filme faz parte de um projeto multimídia objetivando o aproveitamento de todas as mídias.


MORGUE STORY - SANGUE, BAIACU E QUADRINHOS, de Paulo Biscaia Filho
1. Ué? Os ingredientes estão no próprio título: sangue, baiacu e quadrinhos. E também tem uma tremenda paixão da equipe e do elenco.
2. Olha, um pouco de sucesso comercial seria bom, pois já gastei uma boa grana do próprio bolso para fazer o filme. O "Morgue Story" parece uma amante: dá prazer, mas também dá trabalho e custa caro.
3. Não. A distribuição é justamente o Santo Graal do cinema.

Festival internacional mostra toda a graça das mulheres palhaças no Espaço Sesc

RIO - Desta terça-feira (22.09) até domingo (27.09), mulheres de cinco nacionalidades vão mostrar que são cheias de graça no Espaço Sesc, em Copacabana. Não se trata de um concurso de beleza, mas da terceira edição do festival internacional de comicidade feminina "Esse monte de mulher palhaça", que exibe 11 espetáculos, duas oficinas, uma palestra e o show de abertura, de Silvia Machete, às 20h, tudo a preços populares.

Silvia Machete canta 'Simplesmente mulher'
Há representantes nacionais (de Rio de Janeiro, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Brasília) e quatro atrações internacionais (de Áustria, Argentina, França e Moçambique).
Assista a trecho de espetáculo da francesa Jeannick Dupont
O projeto é idealizado pelo grupo "As Marias da Graça" em parceria com o Sesc Rio. A ideia é criar um espaço de reflexão e ação, com a intenção de ampliar a atuação dessas artistas.

Confira a programação completa:

OFICINAS

De terça (22.09) a sexta (25.09), das 14h às 17h: Oficina de Comicidade.
Ministrante: Jeannick Dupont (França). Somente para palhaças profissionais - 12 vagas. Inscrições: asmariasdagraca@asmariasdagraca.com.br
As alunas trabalharão as relações de poder entre duas ou três parceiras através de jogos corporais e rítmicos e de exercícios de improvisação. Conflitos, níveis de poder, mas também cumplicidade. Como encontrar o prazer, as variações e as emoções que nascem desta relação clownesca ancestral entre o Branco e Augusto.

PALESTRA

Sexta, às 11h: Papo-Cabeça Palhaça
Bate-papo entre as artistas do festival e representantes da sociedade com objetivo de traçar planos para o fortalecimento da mulher palhaça no Brasil e ações de intercâmbio.

ESPETÁCULOS

TERÇA (22.09)20h: "Eu não sou nenhuma santa", com Sílvia Machete. Direção: Roberto Oliveira.
QUARTA (23.09)
19h: "Mulher na TPM até o Diabo treme" (Volta Redonda, Rio de Janeiro)
21h: Cabaré: Mestra de Cerimônias: Florencia Santangelo/Cucaracha (grupo Roda Gigante, Rio de Janeiro)
- "Nado Sincronizado" (As Claurinas, Niterói). Bailarinas/Palhaças: Carolina Caneca/Baixa Renda, Thaísa Jatobá/Bocona e Teresa Santos/Pescoço. Direção: Marcos Ácher.
- "Ponto de Ôns" (Grupo Tripetrepe, Belo Horizonte). Atriz/Palhaça: Cida Mendes/Cidoca. Direção: Iolene de Stéfano.
- "As divas do ringue" (Trupe Delas, Rio de Janeiro). Elenco: Cristina Moura, Bruma Saboia e Mariana Hartung. Criação e Direção Musical: Cristina Moura.
- "Como fazer uma poção do amor" (Rio de Janeiro). Criação e Atuação: Daniela Piveta/Girassol e Patrícia Ubeda/Charlote.
- "Poráguabaixo" (Chapecó). Michelle Silveira/ Barrica.
- "As Abelhas Indianas" (Trupe-Circo Guaraciaba, Sorocaba). Atrizes/Palhaças: Guaraciaba Malhone, Iracema Cavalcante e Luciana Malhone. Direção: Márcia Jardim.
- "A Boneca Miota" (Cia. Carroça de Mamulengos, Juazeiro do Norte). Brincantes: Maria Gomide, Isabel Gomide e Luzia Gomide.
QUINTA (24.09)
19h: "Decripolou" (Recife, Pernambuco). Com a atriz/palhaça-brincante Odília Nunes/ Bandeira. Direção: Odília Nunes.
21h: "Parece ser que me fue" (Buenos Aires, Argentina). Com a atriz/palhaça Marina Barbera/Marta. Direção: Raquel Sokolowicz.
SEXTA (25.09)
19h: "Treuer wie Feuer / Fiel como Fogo" (Áustria). Com a atriz/palhaça Elke Maria Riedmann/ Brenda Feuerle.
21h: "As Caixas, as trouxas e a fronha" (Brasília). Com a atriz/palhaça Antonia Vilarinho/Palhaça Fronha. Direção: Adelvane Néia.
SÁBADO (26.09)
19h: "Poste Restante/Correio Postal" (França). Com a atriz/palhaça Jeannick Dupont/Huguette Espoir. Direção: Lory Leshin.
21h: "Sobre Tomates, Tamancos e Tesouras"| (Barão Geraldo, Campinas). Com a atriz/palhaça Andréa Macera / Mafalda Mafalda (Barracão Teatro). Direção e Sonoplastia: Rhena de Faria.
DOMINGO (27.09)
16h: "Show De/Para/Com/Ou Mágicas" (Brasília). Com a atriz/palhaça Manuela Castelo Branco/ Matusquella.
19h: Cabaré: Mestra de Cerimônias: Maíra Kesten
- "A Equilibrista" (Circo Grock - Natal, Rio Grande do Norte). Atriz/Palhaça: Gena Leão/Ferrugem.
- "Aviso Prévio" (Recife). Palhaças: Enne Marx/Mary En (Doutores da Alegria) e Nara Menezes/Aurhelia). Direção: Adelvane Néia (Humatriz Teatro, Campinas).
- "Shei-lá e seu violão" (Grupo Roda Gigante, Rio de Janeiro). Atriz/Palhaça: Julia Schaeffer /Shei-lá.
- "Felicidade" (Campinas, São Paulo). Atriz/Palhaça: Pérola Regina/Dorotéia.
- "Avareza" (Barueri e São Paulo). Atrizes: Aline Moreno e Nana Pequini. Direção: Jairo Matos.
- "Sassaricos da Sassah" (Rio de Janeiro). Concepção, atuação e texto: Ruth Mezeck.
- "Tá bom, tá bom!". Atrizes/Palhaças: Helena de Campos/Belinha e Priscila de Souza Lucena/Kambuca. Direção: Rogério Rodrigues.
- "Amor sob Pressão Violenta" (Maputo, Moçambique). Atriz/Palhaça: Célia Ruth Chachuaio. Peça gentilmente cedida pelo escritor Mabombo.
21h - "Encerramento" - Comemoração 20 anos da Palhaça Margarida (Adelvane Néia - Barão Geraldo, Campinas).

Esse monte de mulher palhaça
@ Espaço Sesc.
Rua Domingos Ferreira 160, Copacabana - 2547-0156. De terça (22.09) a domingo (27.09). Ter, às 20h. Qua a sáb, 19h e 21h. Dom, 17h e 19h.
R$ 4 (comerciários), R$ 8 (estudantes, idosos), R$ 16. Livre

Festival de teatro Infantil a partir de outubro em Volta Redonda

Entre os dias 1º e 16 de outubro (quinta a sexta-feira), o Teatro Gacemss, em Volta Redonda, realiza o 6º Festival Gacemss da Criança. O objetivo é promover a inclusão social e incentivar a cultura entre as crianças. São 20 apresentações que acontecem às 9h30 e às 13h45.
Os ingressos custam R$ 16 (inteira), R$ 8 (alunos de escolas privadas) ou R$ 6 (alunos de escolas privadas mais 1 kg de alimento não perecível) e R$ 5 (estudantes da rede pública). É necessário agendar a participação de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h30, pelo telefone (24) 3342-4202.
Teatro Gacemss
Rua 14, número 22, Vila Santa Cecília
Telefone:(24) 3342-4202
Volta Redonda/RJ

confira a programação.

Dia 1º (quinta-feira)
O Cascudo Douradinho em: Amiga Lata, Amigo Rio
Dia 2 (sexta-feira)
Felicidade
Dia 4 (domingo)
Aladdin
Dia 5 (quinta feira)
Brasileirinhos - Uma História Reinventada
Dia 6 (terça feira)
A Cigarra e a Formiga
Dia 7 (quarta-feira)
Fios Mágicos
Dia 8 (quinta-feira)
Pica-Pau
Dia 9 (segunda-feira)
Aquele Menino do Cabelo Roxo
Dia 12 (segunda-feira)
Rei Atchim
Dia 13 (terça-feira)
Em Busca dos Cinco Elementos
Dia 14 (quarta-feira)
As Aventuras de Timão e Pumba
Dia 15 (quinta-feira)
A Pequena Sereia
Dia 16 (sexta-feira)
A Descoberta da Joaninha

JULIO GIANNINI & GRUPO É DO QUE HÁ


Depois de representar o País em um show falando sobre a história das Marchinhas do Carnaval Carioca na Embaixada do Brasil no Paraguai, o Cantor Julio Giannini e o Grupo É dO qUe hÁ" voltam ao palco do Espaço Cultural Rio Carioca, em Laranjeiras no dia 25 de Setembro, às 20horas apresentando o espetáculo "CHORO, SAMBA E BOSSA NA TERRA DA CANÇÃO", numa exaltação a boa Música Popular Brasileira.

No Show o cantor faz um passeio pela história da antiga boemia carioca, recriando canções de Ary Barroso, Cartola, Noel Rosa, e fazendo ainda uma homenagem a Bossa Nova de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

O Espetáculo relembra ainda outros grandes compositores e cantores da MPB como: Chico Buarque, Ivan Lins, Dorival Caymmi e Paulinho da Viola. Há homenagens ainda à Clara Nunes e a Carmen Miranda.

Durante esse delicioso trajeto pelo romantismo urbano da Música Popular Brasileira, Julio Giannini emociona também ao trazer algumas citações poéticas de sua autoria, que ajudam a contar a história do show.

O Cantor Julio Giannini já se apresentou em casas como: Vinícius Bar, Espaço Cultural Correia Lima, Palpite Feliz, Centro Cultural Light, Cotton Club Café, Espaço Maurice Valansi e no próprio Espaço Rio Carioca.

O Grupo de choro instrumental "É dO qUe hÁ" formado por Beto Boscarino, que é responsável pelos renovados Arranjos e pelo Cavaquinho, Lélia Brazil na Flauta, e Mário Louro no Violão acompanha o cantor, trazendo a suavidade dos sambas e choros do início do século passado. Compondo ainda o espetáculo, temos a participação do percussionista Igor Higa.

O Espaço Rio Carioca fica na Rua das Laranjeiras, nº 307 - nas Casas Casadas, em Laranjeiras.
O Couvert custa R$20,00. Reservas pelo telefone (21) 2225-7332.

Shows Nesta semana

ODETTE ERNEST DIAS
Aos 80 anos, a flautista recebe o cantor e percussionista Menwar, das Ilhas Maurício. Acompanhada por banda que inclui seus filhos Andrea (flauta), e Jaime (violão), a instrumentista de formação erudita exibe um programa que vai de Villa-Lobos a Debussy, passando por Sabiá, de Tom Jobim, e canções tradicionais das Ilhas Maurício. Livre. Espaço Tom Jobim (500 lugares). Rua Jardim Botânico, 1008, Jardim Botânico, 2274-7012. Terça (22), 20h30. Bilheteria: 15h/18h (seg.); a partir das 15h (ter.). R$ 50,00. Estac. grátis a partir de 17h.

KATIA DOTTO
Revelada no festival Humaitá pra Peixe, a cantora apresenta Amabile, disco produzido por Erika Nande, da banda Penélope, com composições autorais das duas. 18 anos. Cinematheque Música Contemporânea (240 lugares). Rua Voluntários da Pátria, 53, Botafogo, 2286-5731, a Botafogo. Terça (22), 21h. R$ 20,00. Cc.: todos. Cd.: todos. www.matrizonline.com.br.

BRATUQUES
Produzido pelo selo Delira Música, o projeto tem como anfitrião o percussionista Marco Lobo. Ao lado do pianista e tecladista Kiko Continentino, do baterista Erivelton Silva, do baixista Gastão Villeroy e do saxofonista e flautista Widor Santiago, ele recebe convidados para noites dedicadas à música brasileira. Na estreia, os violonistas João Bosco e Luiz Brasil apresentam composições próprias. Não deve faltar O Ronco da Cuíca, de Bosco e Aldir Blanc, que está no próximo disco de Brasil. Livre. Sala Baden Powell (508 lugares). Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 360, Copacabana, 2548-0421. Terça (22), 20h30. R$ 20,00. Bilheteria: a partir de 15h (ter.). TT.

ELZA SOARES E ALEX RIBEIRO
A atração principal do projeto Sete em Ponto é a diva Elza Soares, às voltas com um repertório de sucessos da carreira. Em Salve a Mocidade, ela recebe Alex Ribeiro. Filho de Roberto Ribeiro, cantor e compositor imperiano, Alex interpreta outras músicas que fizeram sucesso na voz do pai, a exemplo de Todo Menino É um Rei. 14 anos. Teatro Carlos Gomes (685 lugares). Praça Tiradentes, 19, Centro, 2224-3602, a Carioca. Terça (22), 19h. R$ 10,00. Bilheteria: 14h/18h (seg. e ter.).

I LOVE JAZZ
Em sua primeira edição, o festival recebe convidados franceses e americanos. A grande atração é a pianista Judy Carmichael, fera do swing jazz e da técnica conhecida como stride, que se apresenta no último dia, na quarta (23), ao lado do saxofonista Harry Allen. Na mesma noite tem a The New Orleans Joymakers, comandada pelo clarinetista Orange Kellin. Sobem ao palco na segunda (21) a nova-iorquina Catherine Russell e o Pink Turtle, que traz da França versões jazzísticas de sucessos do pop das últimas três décadas. Na terça (22), a Benny Goodman Centennial Band revive os grandes momentos da era do swing. Livre. Oi Casa Grande (926 lugares). Avenida Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon, 2511-0800. Segunda (21) a quarta (23), 20h30. R$ 40,00 a R$ 150,00. Bilheteria: a partir das 15h (seg. a qua.). Cc.: todos. Cd.: todos. Estac. no Shopping Leblon (R$ 4,00 por duas horas). www.ilovejazz.com.br.

JOÃO CALLADO
Compositor, arranjador e bamba do cavaquinho, o músico dos grupos Semente, Cordão do Boitatá e Abraçando o Jacaré apresenta as composições próprias de seu primeiro, e ótimo, disco-solo. Com participação dos cantores Soraya Ravenle, em Risquei Teu Nome na Areia, e Alfredo Del Penho, em Vazio. 14 anos. Modern Sound (120 lugares). Rua Barata Ribeiro, 502, loja D, Copacabana, 2548-5005, a Siqueira Campos. Terça (22), 19h. Grátis. É necessário fazer reserva. Estac. c/manobr. (R$ 6,00 a primeira hora). www.modernsound.com.br

LOALWA BRAZ
Ex-líder do grupo Kaoma, a cantora relembra os tempos da lambada com os mega-hits Chorando Se Foi e Dançando Lambada. Também estão programadas músicas do disco-solo Recomeçar, de 2004. 16 anos. Teatro Rival Petrobras (472 lugares). Rua Álvaro Alvim, 33, Cinelândia, 2240-4469, a Cinelândia. Quarta (23) e quinta (24), 19h30. R$ 40,00 e R$ 50,00. Bilheteria: 13h30/19h30 (seg. e ter.); a partir das 13h30 (qua. e qui.). TT. www.rivalbr.com.br

VOCA PEOPLE
Liderado por Lior Kalfo e Shai Fishman, o grupo israelense demonstra habilidade surpreendente para recriar os sons de todo tipo de instrumento apenas com as vozes de seus oito integrantes. Com esse recurso, e muito bom humor, eles encaram um repertório eclético que vai dos hits Billie Jean, Sex Bomb e I Like to Move It a Beethoven e Mozart. 16 anos. Vivo Rio (4 000 lugares). Rua Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo, 2272-2900. Quarta (23), 22h30. R$ 120,00. Bilheteria: 12h/20h (seg. e ter.); a partir das 12h (qua.). Cc.: M e V. Cd.: R e V. IR. Estac. c/manobr. (R$ 12,00). www.vivorio.com.br.

e-mail para esta coluna botecosdovaledocafe@gmail.com

Otávio Castro usando Harmonica Hering Golden Blow

Enviado por Antônio Carlos Miguel -

O carioca Otávio Castro, que é um jovem mestre da gaita, representou o Brasil na última edição da Society for the Preservation and Advancement of the Harmonica (SPAH), que aconteceu no mês passado na Califórnia. Com uma pequena gaita diatônica, dessas mais usadas no blues e no folk, ele esbanja técnica, tirando sons que normalmente só são conseguidos nas gaitas maiores. O vídeo que repasso abaixo flagra Otávio em ação no encontro da SPAH deste ano, utlizando uma Hering Golden Blow afinada em Dó.

Por Angela Chaloub

A Moça Do Sonho

Composição: Chico Buarque / Edu Lobo

Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó

Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu

Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez

Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais

A resistência, de Ernesto Sabato

Rafael Rodrigues

Vivemos tempos instáveis. Há por todos os lados alguma ameaça, alguma preocupação que nos deixa em estado de alerta o tempo inteiro. A qualquer momento um conflito entre nações pode acontecer, ou uma epidemia se alastrar pelo mundo. A economia já deu sinais de que pode entrar em um colapso profundo; na política, o que vemos é um mar de corrupção e negligência. Tais sintomas terminam por contaminar a sociedade como um todo e, diante disso, os poucos que têm algum tempo para pensar e se dar conta do que está acontecendo ― e do que pode vir a acontecer ― se perguntam: o que podemos fazer? Ou, melhor dizendo: podemos fazer alguma coisa?

Através de seis cartas dirigidas a toda a humanidade, o escritor argentino Ernesto Sabato tenta responder a essas questões no singelo A resistência (Companhia das Letras, 2008, 112 págs.).

Sabato inicia o livro dizendo "Há certos dias em que acordo com uma esperança demencial, momentos em que sinto que as possibilidades de uma vida humana estão ao alcance de nossas mãos. Hoje é um desses dias". Mas essa esperança não dura mais que algumas linhas ― ela é logo minada pelo esboço de análise que ele faz da influência que tem a televisão na nossa sociedade.

Para Sabato, a televisão nos faz perder "a capacidade de olhar e ver o cotidiano". O autor costuma dizer, "alterando a famosa frase de Marx", que "a televisão é o ópio do povo". "Ela nos tira a vontade de trabalhar em algum artesanato, de ler um livro, de fazer um conserto na casa enquanto se escuta música ou se toma um mate." Publicado na Argentina em 2000, essa crítica à televisão talvez tenha ficado um tanto ultrapassada, porque hoje é a internet que exerce esse "poder" sobre uma quantidade cada vez maior de pessoas.

Mas Sabato não é um pessimista, e algumas páginas depois a esperança reaparece: "Sim, tenho uma esperança demencial, ligada, paradoxalmente, à nossa atual pobreza existencial e ao desejo, que descubro em muitos olhares, de que algo grande nos consagre a cuidar com empenho da terra em que vivemos".

Na segunda carta, o autor escreve sobre valores que foram "esquecidos" pelos homens: "Esses grandes valores, como a honestidade, a honra, o apreço pelas coisas bem-feitas, o respeito pelo outro, nada disso era excepcional, mas coisas que se encontravam na maioria das pessoas". Tais características caíram tão em desuso que, hoje, ser honesto, por exemplo, é algo quase absurdo, e muitas vezes quem é honesto é tido como bobo, ingênuo.

O tema da carta seguinte é o Bem e o Mal, mas o que mais chama a atenção nela é o depoimento muito pessoal, uma espécie de mea culpa, do escritor argentino, quando ele recorda uma visita que fez à sua mãe, "a última vez que eu veria minha mãe com saúde, de pé". Essa lembrança é a deixa para que Sabato faça uma severa autocrítica e, também, um alerta: "Enquanto escrevo a vocês, volta a imagem de minha mãe que deixei tão sozinha em seus últimos anos...". É uma confissão emocionante e corajosa de um filho arrependido por ter se afastado da mãe, e que nos serve de lição.

Mas como agir, como se preocupar com valores e emoções, se grande parte das pessoas não tem sequer tempo para si próprias? Como tentar "salvar o mundo" se não podemos salvar nem a nós mesmos? Sabato responde:

"Essa é uma grande tarefa para quem trabalha no rádio, na televisão ou escreve nos jornais; uma verdadeira proeza, possível de realizar quando é autêntica a dor que sentimos pelo sofrimento alheio."

Ou seja: se o mundo começar a melhorar para alguns, vai também melhorar para outros. As mudanças não acontecem de uma hora para outra, elas são lentas. Mas surtem efeito sobre milhares e milhares de pessoas. Se essas mudanças ― leia-se melhoras ― começarem a acontecer em mais lugares e em doses cada vez maiores, certamente o efeito cascata ― expressão muito utilizada em tempos de crise ― fará com que a vida de milhões de pessoas seja modificada para melhor. Exemplo de algo que pode trazer uma mudança radical no mundo, se controlada, é a corrupção, assunto abordado na quarta carta de Sabato:

"Milhares de homens perdem a vida trabalhando ― quando podem ―, acumulando amarguras e desilusões, mal conseguindo sustentar-se por mais um dia na mais precária situação, ao passo que quase todo indivíduo que chega a um cargo de poder em poucos meses troca seu modesto apartamentinho por uma luxuosa mansão com fabulosos automóveis na garagem. Como é que essa gente não tem vergonha?"

A quinta carta, que dá título ao livro, é aberta com a seguinte frase: "O pior é a velocidade vertiginosa". E ela é a tônica do texto, um dos mais emocionados e libertadores do livro. Esta carta é uma espécie de manifesto, um elogio à resistência. É como se Sabato dissesse "Acordem! Nós podemos vencer, a Humanidade pode vencer!". E ele de certa forma nos diz isso: "Neste caminho sem saída que hoje enfrentamos, a recriação do homem e seu mundo surge não como uma escolha entre outras, mas como um gesto tão impreterível quanto o nascimento de uma criança quando é chegada a hora".

Ernesto Sabato tinha 89 anos quando A resistência foi publicado. Então não chega a ser um espanto o fato que de a última carta do livro, um epílogo intitulado "A decisão e a morte", seja uma espécie de testamento que ele deixa a seus leitores. Fica a impressão de que Sabato se entrega à morte, de que ele está se resignando a ela, mas ele apenas a aceita, o que é totalmente diferente: "Resignar-se é uma covardia, é o sentimento que justifica o abandono daquilo pelo qual vale a pena lutar; de certo modo, é uma indignidade. A aceitação é o respeito pela vontade do outro, seja ele um ser humano ou o próprio destino. Não nasce do medo, como a resignação; é como um fruto".

Além de uma obra literária importantíssima, Ernesto Sabato nos deixa várias lições, sendo que resistir, mesmo sabendo que a hora de partir está cada vez mais perto, é talvez a maior de todas.