10.05.2009



NINA BECKER E SILVIA MACHETE
Arranjos criativos e interpretações irreverentes são pontos em comum nas duas cantoras, que dividem o palco apenas em Girls Just Wanna Have Fun, sucesso na voz de Cyndi Lauper. No resto do tempo, elas apresentam seus shows-solo. A primeira a subir ao palco é Nina Becker. 14 anos. Sesc Ginástico (513 lugares). Avenida Graça Aranha, 187, Centro, 2279-4027, a Carioca. Terça (6), 19h. R$ 20,00. Bilheteria: a partir de 13h (ter. e qua.). http://www.sescrio.org.br/.

LOUCOS POR MÚSICA
Inspirado pelo sucesso da dobradinha teatro e música, lançada por Tom & Vinicius, o projeto apresenta outro musical: Renato Russo, a Peça com a participação da banda de Dado Villa Lobos. Também dão canjas Angela Ro Ro e Toni Platão. O Loucos Por Música tem o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a situação de pessoas com distúrbios mentais. 15 anos. Canecão (2 000 lugares). Avenida Venceslau Brás, 215, Botafogo, 2105-2000. Terça (6), 21h30. R$ 20,00 a R$ 140,00. Bilheteria: 12h/21h20 (seg.); a partir de 12h (ter.). Cd.: todos. IC e TT. http://www.canecao.com.br/.

DI BORESTI
Depois da participação no Festival de Inverno de Brasília ao lado de nomes como Jota Quest, Nando Reis e Jorge Ben, a banda de pegada ska vem ao Rio apresentar o repertório do disco de estreia Bem Vindo ao Meu Mundo, com treze canções autorais e uma versão de Tempo Perdido, do Legião Urbana. 18 anos. Cinematheque Música Contemporânea (240 lugares). Rua Voluntários da Pátria, 53, Botafogo, 2286-5731, a Botafogo. Quarta (7), 22h. R$ 20,00. Cc.: todos. Cd.: todos. http://www.matrizonline.com.br/

KLEITON E KLEDIR
Com a divertida Autorretrato, faixa-título do trabalho inédito, os irmãos celebram a parceria que tem quase trinta anos de chão. Boa parte do repertório é dedicada ao disco, mas não vão faltar Deu pra Ti, Vira Virou e Paixão. A apresentação tem participação do grupo de jovens do projeto comunitário Espaço Criança Esperança, em Minha Luz. 15 anos. Canecão (2?000 lugares). Avenida Venceslau Brás, 215, Botafogo, 2105-2000. Quinta (8), 21h30. R$ 50,00 a R$ 100,00. Bilheteria: 12h/21h20 (seg. a qua.); a partir de 12h (qui.). Cd.: todos. IC e TT. http://www.canecao.com.br/.

DOIDIVINAS
O clipe de Envenenada, produção de época assinada por Vinícius Guerra, está na MTV. O trio feminino formado por Flávia Couri, Luciana Morozini e Helga Balbi toca essa, faixa-título do disco de estreia, e outras composições próprias. Tem participação de Erika Martins em These Boots Are Made for Walking, de Nancy Sinatra, e de Rodrigo Santos, em You Won't See Me, dos Beatles. 18 anos. Cinematheque Música Contemporânea (240 lugares). Rua Voluntários da Pátria, 53, Botafogo, 2286-5731, a Botafogo. Quinta (8), 22h30. R$ 20,00. Cc.: todos. Cd.: todos. http://www.matrizonline.com.br/

CELSO FONSECA E MARCOS VALLE
Apresentados um ao outro pelo músico e produtor musical Ronaldo Bastos, os cantores mostram o repertório de Página Central, resultado dessa parceria inédita. Na primeira apresentação do disco eles serão acompanhados por uma orquestra de dezenove músicos, com regência do maestro e arranjador do trabalho, Jessé Sadock. Livre. Espaço Tom Jobim (500 lugares). Rua Jardim Botânico, 1008, Jardim Botânico, 2274-7012. Quinta (8), 20h30. Bilheteria: 15h/18h (seg. a qua.); a partir de 15h (qui. e sex.). R$ 50,00. Estac. grátis a partir de 17h.

MARCEL POWELL
Filho do genial Baden Powell, o violonista tem sólida carreira jazzística. Aos 27 anos, apresenta as canções do recém-lançado Corda com Bala, seu quinto álbum. Até Lamartine Babo ganhou arranjo complexo. A única faixa de sua autoria é Lamento Fluminense, em homenagem à cidade natal do pai, Varre-Sai. Livre. Auditório do BNDES (300 lugares). Avenida Chile, 100, Centro, 2172-7757, a Carioca. Quinta (8), 19h. Grátis. Distribuição de senhas uma hora antes.

MULHERES DE CHICO
Figurinha fácil na Lapa, o grupo de batuqueiras estreia curta temporada, nas quintas deste mês, no Leblon, bairro onde mora o muso inspirador, Chico Buarque. O repertório tem clássicos do compositor em ritmos inusitados como funk e xote. É uma chance de matar a saudade do Carnaval. 18 anos. Bar do Tom (350 lugares). Rua Adalberto Ferreira, 32, Leblon, 2274-4022. Quinta (8), 21h30. R$ 40,00 a R$ 60,00. Bilheteria: 9h/22h (seg. a qui.). Cd.: todos. Estac. c/manobr. http://www.plataforma.com/.

CABEÇUDOS
Figuras conhecidas do underground carioca, os integrantes da banda se reúnem para comemorar quinze anos de estrada. Para a festa foi convidado o trio Djangos e o rapper De Lima. 18 anos. Lona Cultural de Jacob do Bandolim (400 pessoas). Praça Geraldo Simonard, s/nº, Jacarepaguá, 2425-0828 e 2425-4579. Sexta (9), 20h. R$ 10,00 (com filipeta ou antecipado) e R$ 15,00. Bilheteria: 14h/20h (seg. a qui.); a partir de 14h (sex.).

ELYMAR SANTOS
Ícone da música romântica, o cantor grava novo disco ao vivo. O espetáculo tem as consagradas Taras e Manias e Escancarando de Vez, além de três inéditas. A apresentação tem direção musical de Michael Sullivann, que assina a faixa que batiza o show: Um Homem de Sorte. 15 anos. Canecão (2 000 lugares). Avenida Venceslau Brás, 215, Botafogo, 2105-2000. Sexta (9) e sábado (10), 22h. R$ 60,00 a R$ 140,00. Bilheteria: 12h/21h20 (seg. a qui.); a partir de 12h (sex e sáb.). Cd.: todos. IC e TT. http://www.canecao.com.br/.

DUO KIKO CONTINENTINO E PAULO RUSSO
Em duas apresentações, a dupla mostra o trabalho conjunto. Além de standards brasileiros e americanos, o piano de Continentino e o baixo de Russo passeiam por repertório próprio. Domingo (11), véspera de feriado, vai haver participação especial de Leo Amuedo, violonista uruguaio radicado no Rio. 16 anos. Santo Scenarium (120 lugares). Rua do Lavradio, 36, Centro, 3147-9007. Sábado (10) e domingo (11), 21h30. R$ 8,00. Cc.: todos. Cd.: todos. santoscenarium.blogspot.com.

PAULINHO DA VIOLA
Dentro da programação comemorativa dos vinte anos do Centro Cultural Banco do Brasil, o sambista de fina estampa apresenta canções do disco Acústico. Os arranjos para o formato desplugado caíram como uma luva para a voz mansa de Paulinho da Viola. O repertório privilegia grandes sucessos da carreira como Timoneiro, Coração Leviano e Pecado Capital. O show de abertura fica por conta de Silvia Machete. Livre. Praça Dos Correios (400 pessoas). Rua Visconde de Itaboraí, s/nº, Centro. Informações, 3808-2020. Domingo (11), 22h. Grátis. Distribuição de senhas duas horas antes.
e-mail para esta coluna  botecosdovaledocafe@gmail.com


Rodrigo Santoro marca mais um gol internacional

Astro brasileiro de maior projeção internacional na atualidade, Rodrigo Santoro marcou mais um gol em solo estrangeiro enquanto espera início das filmagens da cinebiografia do craque Heleno de Freitas (1920-1959). O ator acaba de concluir sua participação nas filmagens de "There be dragons", coprodução entre os EUA e a Argentina pilotada pelo cineasta inglês Roland Joffé, consagrado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1985 por "A missão". O filme reúne astros como Geraldine Chaplin, Wes Bentley, Jordi Mollà e a última bondgirl, Olga Kurylenko, em uma trama sobre a Guerra Civil espanhola. O projeto, rodado em solo argentino, está previsto para estrear em 2010, mas as filmagens ainda não foram inteiramente finalizadas.
 
BRATUQUES
A Delira Música, selo que há 6 anos promove a arte musical brasileira através de lançamentos fonográficos e projetos de música instrumental, clássica e popular, apresenta o projeto bRatuques e lança luz sobre o instrumentista brasileiro. Marco Lobo (percussão), Kiko Continentino (piano e teclados), Gastão Villeroy (baixo), Erivelton Silva (bateria), Widor Santiago (sax e flauta), são a base instrumental para o espetáculo bRatuques. A cada semana convidados das mais diversas regiões e culturas se unem a este elenco para apresentar o que há de melhor na música brasileira. Durante 10 noites, de 22 de setembro a 24 de novembro, a Sala Municipal Baden Powell será o palco de encontros inéditos, unindo a percussão brasileira aos mais variados estilos. Cada show é uma experiência diferente e em tempo real, com muito espaço para a improvisação. E onde cada convidado (sempre um intérprete e um solista) traz para o evento a sua experiência pessoal. Nesta semana, sobem ao palco Jorge Vercillo e Torcuato Mariano. A banda ganha reforço do pianista João Carlos Assis Brasil. Livre. Sala Baden Powell (508 lugares). Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 360, Copacabana, 2548-0421. Terça (6), 20h30. R$ 20,00. Bilheteria: a partir de 15h (ter.).

CAETANO VELOSO
O compositor baiano faz apresentação voz e violão em prol do projeto Pró-Criança Cardíaca. Caetano promete surpresas, mas não deve deixar de fora sucessos do porte de O Leãozinho, Você É Linda e Terra. 16 anos. Vivo Rio (4 000 lugares). Rua Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo, 2272-2900. Segunda (5), 20h30. R$ 80,00 a R$ 200,00. Bilheteria: a partir de 12h (seg.). Estac. c/manobr. (R$ 12,00). http://www.vivorio.com.br/.

CLAUDIO LINS

Depois de realizar uma apresentação do repertório do disco Cara ao lado do pai, o compositor Ivan Lins, o cantor e tecladista sobe ao palco sozinho para apresentar repertório autoral. Estão garantidas Cupido e Impaciência, gravadas respectivamente por Maria Rita e Luciana Mello. O show traz ainda Por Toda Vida, parceria de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro, tema da novela Ciranda de Pedra. Livre. Espaço Sesc (100 pessoas). Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, 2547-0156. Terça (6), 19h. Grátis. Distribuição de senhas meia hora antes

Terceiro disco de Bethânia vai para as escolas

Mauro Ferreira

Além dos discos Tua e Encanteria, ambos já à venda, Maria Bethânia gravou neste ano de 2009 um terceiro álbum que, ao menos por ora, não vai ser lançado de forma comercial - como informou Notas Musicais em post de 11 de agosto. Trata-se de um CD que alinhava canções e poesias de autores portugueses e brasileiros. A novidade é que - como a cantora (em foto de Murilo Meirelles) revelou esta semana em entrevistas promocionais - este terceiro álbum tem caráter educativo e vai ser dirigido às escolas

SHOW - KAY LYRA NO CENTRO CULTURAL IBEU


KAY LIRA (voz e violão), acompanhada de Mauricio Maestro (voz, violão e guitarra).

Dia 08 de outubro de 2009 (quinta-feira), às 18h30. Entrada Franca!

Kay Lira, filha única do compositor Carlos Lyra e da atriz Kate Lyra, iniciou a carreira como cantora na Alemanha, onde estudou canto lírico e participou de musicais e bandas de Bossa-Nova e Jazz. De volta ao Brasil, foi chamada para gravar seu primeiro CD solo "Influência do Jazz", lançado no mercado japonês. Depois, lançou o CD "Kandagawa" no Brasil. Produção da própria cantora, independente que, ainda que se mantenha fiel às origens bossanovistas, é um CD mais autoral que passeia pelo jazz e o folk. Kay Lyra participou também do filme-documentário "Coisa Mais Linda", de Paulo Tiago, com vários outros artistas fundadores da Bossa-Nova. Kay já atuou musicalmente ao lado de Mauricio Einhorn, Durval Ferreira, Léo Gandelman, Joyce, Tavinho Bonfá, Pery Ribeiro, Jessé Sadoc, Gilson Peranzzetta, Nivaldo Ornelas, Bebeto Castilho (Tamba Trio), Erik Rigler entre outros.
No show do IBEU, Kay estará acompanhada de Mauricio Maestro (integrante do Boca Livre), que atua como violonista, guitarrista, vocalista, arranjador e diretor musical de seus shows.
Haverá distribuição de senhas às 17h30, na portaria do IBEU. Lugares limitados!

Centro Cultural IBEU (110 lugares) - Av. N. Sra. de Copacabana, 690/11º andar.
Mais informações: 3816-9432. E-mail: cultural@ibeu.org.br /

Bethânia adia estreia de show dirigido por Bia


MAURO FERREIRA
Prevista inicialmente para 16 de outubro de 2009, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), a estreia do novo show de Maria Bethânia - provavelmente intitulado Amor, Festa, Devoção - foi adiada para 23 de outubro. A cantora (em foto de Mauro Ferreira) optou por cancelar uma semana da temporada do Canecão porque quer ensaiar mais o espetáculo, que - a exemplo de Tempo, Tempo, Tempo, Tempo (2005) e de Dentro do Mar Tem Rio (2006) - tem direção de Bia Lessa. Eis a rota da turnê nacional feita por Maria Bethânia em 2009 para badalar os CDs Tua e Encanteria:
AGENDA DE SHOWS
* Rio de Janeiro (RJ) - Canecão (23 a 25 de outubro)
* São Paulo (SP) - a confirmar (30 de outubro a 1º de novembro)
* Belo Horizonte (MG) - Palácio das Artes (18 e 19 de novembro)
* Salvador (BA) - Teatro Castro Alves (22 de novembro)
* Recife (PE) - Teatro Guararapes (26 de novembro)
* Curitiba (PR) - Teatro Guaíra (3 de dezembro)
* Porto Alegre (RS) - Teatro Sesi (5 de dezembro)
* Brasília (DF) - Teatro Nacional (17 e 18 de dezembro)


NUTRIÇÃO E SAÚDE BUCAL

Quando falamos em boca, nos vem à mente os lábios, a língua e os dentes. Nossos dentes estão ligados por meio de sangue e nervos, ao coração e ao cérebro, portanto, a saúde dos dentes e da gengiva, está ligada ao corpo inteiro.
Os alimentos que ingerimos têm importantes funções na formação dos dentes e em sua manutenção, nos alimentar adequadamente, ajuda a ter dentes saudáveis, uma dieta equilibrada e mais qualidade de vida.
Nutrição e a dieta têm efeito importante sobre os dentes, gengiva e mucosa oral. Deficiências nutricionais têm impacto sobre os dentes ainda no período pré-eruptivo, sendo uma das causas de defeitos no desenvolvimento do esmalte.
Para uma boa saúde dentária é importante, além dos cuidados relacionados à higiene, uma alimentação cuidadosa, que ajuda a formação dentária, protege os dentes de cáries e mantém a gengiva saudável.
O cálcio, ajuda a formar dentes e ossos saudáveis, e a vitamina D, que o organismo usa para absorver o cálcio. A utilização dessa vitamina é potencializada através dos raios solares, por isso é fundamental a exposição da criança ao sol. Além do cálcio, os minerais necessários para a formação do esmalte dentário são o fósforo (presente em grande quantidade na carne, peixe e ovos) e o magnésio (encontrado nos cereais integrais, na beterraba, no espinafre e na banana). As frutas e vegetal cor de laranja e as hortaliças verde-escuras são boa fonte de beta-caroteno que também ajudam a construir ossos e dentes fortes.
Sandra Helena Mathias Motta
Nutricionista
3322-3715
3326-5487
8813-4072
sandranutti@yahoo.com.br
       
                                   Por Angela Chaloub

Tom Jobim e Banda Nova interpretam "VOCÊ E EU" de Carlos Lyra & Vinicius de Moraes

Você e Eu
Composição: Carlos Lyra/Vinícius de Moraes

Podem me chamar
E me pedir e me rogar
E podem mesmo falar mal
Ficar de mal que não faz mal
Podem preparar
Milhões de festas ao luar
Que eu não vou ir
Melhor nem pedir
Eu não vou ir, não quero ir
E também podem me obrigar
Até sorrir, até chorar
e podem mesmo imaginar
O que melhor lhes parecer
Podem espalhar
Que eu estou cansado de viver
E que é uma pena
Para quem me conheceu
Eu sou mais você
E... eu


Vinicius/Caymmi No Zum Zum 1967

LUIZ AMÉRICO LISBOA

No início dos anos sessenta era muito comum no Rio de Janeiro os chamados "shows de bolso". Ou seja, pequenos espetáculos que tinham como cenário uma famosa boate da época. E nesse contexto os palcos principais eram o Bottle's, o Bacarat e o Little Club, todos situados no Beco das Garrafas, uma pequena travessa sem saída da rua Duvivier em Copacabana, sede principal dos artistas da Bossa Nova e da nova geração que se afinava com aquele tipo de música.
Em junho de 1964 Aloysio de Oliveira resolveu produzir um desses shows com Dorival Caymmi e quatro meninas que haviam recém chegado da Bahia. Elas se notabilizariam com o nome artístico de Quarteto em Cy e despertavam a atenção do público na boate Bottle"s. Aloysio foi assisti-las e se empolgou com o talento do grupo, nascendo aí a idéia do espetáculo que tinha ainda a participação do conjunto Oscar Castro Neves. Tudo acertado, ficou decidido que as apresentações seriam na boate Zum Zum, na Rua Barata Ribeiro em Copacabana, e a estréia se daria no dia 10 de outubro.
Um acontecimento inesperado, porém, mudou os planos iniciais de Aloysio de Oliveira: a inclusão de ultima hora do poeta Vinícius de Moraes, fazendo com que se modificasse o roteiro planejado inicialmente. Era, portanto, necessário que se estabelecesse novas e definitivas bases para o show. Para isso, algumas reuniões foram realizadas para que no fim tudo saísse sem problemas. Sobre esses encontros preliminares é Cynara quem conta: "A primeira reunião foi na casa de Caymmi, em Copacabana. Nós ainda éramos muito tímidas, há pouco tempo no Rio e já misturadas a dois monstros sagrados da música. Mesmo assim enfrentamos a fera e trabalhamos com afinco nos arranjos apurados do Oscar. Aloysio pediu para Vinicius fazer as vinhetas de ligação para o show, ele sabia como ninguém costurar um show como aquele. Os ensaios corriam soltos e nossa relação de amizade com os monstros crescia num ambiente de trabalho superengraçado. Não sei quem era mais "palhaço", se o Vinícius ou o Caymmi".
Neste espetáculo temos um verdadeiro momento histórico da música popular brasileira, pois foi a primeira vez que Vinicius e Caymmi se apresentaram juntos, além de ser a estréia definitiva do Quarteto em Cy. O sucesso do show o levou a duas temporadas: a primeira se estendendo até fevereiro de 1965 e a segunda em fins do mesmo ano e entrando pelo verão de 1966. O êxito da produção se completaria com a intenção de Aloysio de Oliveira em registrar o show num disco. Ele então levou adiante seu projeto e partiu para a gravação.
Consciente que o ruído das pessoas falando, das palmas e as precárias condições técnicas para uma gravação ao vivo naquela época prejudicariam o resultado final do trabalho, Aloysio de Oliveira resolveu realizá-las no estúdio da Rio Som, situado na rua do Senado, onde costumeiramente realizava as gravações dos discos de sua gravadora, a Elenco. Vejamos o que ele diz a esse respeito em seu comentário na contra-capa do LP: "(...) A intenção aqui foi oferecer a vocês os mínimos detalhes dessa apresentação numa gravação em estúdio para ser possível observar, sem sacrifício de qualidade de som (o que pode acontecer numa gravação ao vivo), toda a beleza musical que este show proporcionou.
Fizemos questão, no entanto, de reproduzir no estúdio o show na sua íntegra e exatamente como foi interpretado, para que vocês possam ter a sensação de um show musical em sua verdadeira continuidade". Finalizados os trabalhos, o disco saiu no início de 1967 e nele podemos ouvir momentos mágicos da música brasileira.
No repertório LP temos como destaque "Berimbau", de Vinicius e Baden Powell; sambas como "Broto maroto", de Carlos Lyra e Vinicius e "Formosa", de Baden Powell e Vinicius; "Saudades da Bahia" e ..."Das rosas", de Dorival Caymmi, incluindo ainda uma interpretação antológica do Quarteto em Cy e Caymmi, em "História de pescadores". Vinicius também participa declamando "Carta a Tom" e o "Dia da Criação", além de apresentar oficialmente o Quarteto em Cy com as seguintes palavras que antecedem a interpretação de "Tem dó de mim", de Carlos Lyra: "Estas são as minhas menininhas, são as quatro baianinhas, que eu um dia descobri, Quarteto em Cy, se eu fosse solteiro, com as quatro casaria, elas sempre assim, cantando o dia inteiro só pra mim".
O sucesso do disco foi tão grande quanto o show e transformou-se num dos mais vendidos de toda a história da Elenco, uma das mais importantes gravadoras de música brasileira, responsável por momentos inesquecíveis da nossa canção. Como este, que revive com todo esplendor um encontro de grandes mestres e que já faz parte, com todos os méritos, de um belo capítulo da história da música popular brasileira, onde não faltam o molho carioca e o tempero baiano, misturados com muito talento em música, voz e poesia.
 
PARA DOWNLOAD DO DISCO:

http://rapidshare.com/files/115442279/tbb1967_Vinicius_e_Caymmi_Ao_vivo_no_Zumzum.rar

Homenageado do Festival Internacional de Quadrinhos, Renato Canini foi o responsável por abrasileirar Zé Carioca

Télio Navega
SÃO PAULO - O Pato Donald já foi à Bahia. E ao Rio de Janeiro. Isso faz tempo, há mais de 50 anos, e quem bancou o guia turístico foi Zé Carioca, personagem criado por Walt Disney no início dos anos 1940, em uma estratégia conhecida como política de boa vizinhança, cuja finalidade era estreitar os laços comerciais entre os Estados Unidos e os países da América Latina. De chapéu, paletó, gravata e guarda-chuva, o tal papagaio carioca nunca pareceu muito à vontade sob o sol escaldante do Rio de Janeiro. Mesmo sambando com o amigo americano Donald ao som de "Tico tico no fubá" no desenho animado "Alô, amigos", de 1942.
A simpática ave só viria a se tornar um carioca, mesmo, na década de 1970, nas histórias em quadrinhos escritas pelo paulista Ivan Saidenberg (que morreu na última quarta-feira, em decorrência de complicações do diabetes e insuficiência arterial) e ilustradas pelo gaúcho Renato Canini,(foto) que abrasileirou o personagem americano. Mesmo, ironicamente, sem nunca ter vindo ao Rio de Janeiro.
- Ainda não conheço o Rio e sempre desenhei a cidade por cartão-postal - diz Canini, rindo, em entrevista por telefone, de Pelotas, cidade em que vive há 13 anos.
O Zé Carioca não foi o único trabalho do gaúcho. Ele também foi um notável criador de personagens, como Zé Candango, cangaceiro que enfrentava heróis americanos. Ou Kaktus Kid, coveiro que colocava uma peruca, uma dentadura e dava uma de caubói para arrumar clientes. Ou o indiozinho Tibica. E ainda o psicanalista Dr. Fraud. Isto sem contar sua passagem pela revista infantil "Recreio", que fez - e continua fazendo - a alegria da garotada.
Histórias são consideradas fase áurea do personagem
Nascido há 73 anos em Paraí, no Rio Grande do Sul, Canini será o homenageado da sexta edição do Festival Internacional de Quadrinhos, que começa na próxima terça-feira - e vai até o dia 12 - em Belo Horizonte. Além de uma grande mostra de trabalhos do autor, com curadoria dos desenhistas Lancast, Fraga e Rodrigo Rosa, haverá um bate-papo com ele na quarta-feira, às 20h, no Teatro João Ceschiatti (Palácio das Artes).
- No início dos anos 1970 houve dois tipos de infância: infância com "Recreio" e infância sem "Recreio" - lembra Lancast. - Cada página era uma explosão de cor e riso, um "maravilhamento" que toda criança devia ter. E, no fim de cada narrativa, ali, bem no cantinho, em letra de forma: desenho de Renato Canini.
O desenhista gaúcho lembra como começou a ilustrar a "Recreio":
- Fui funcionário público no Rio Grande do Sul, onde trabalhava numa revista chamada "Cacique", da Secretaria de Educação e Cultura. Comecei em 1957 e fui até 1967. Como também colaborava para uma revista da Igreja Metodista, fui convidado para trabalhar em São Paulo, onde fiquei dois anos com eles. Depois, estava pensando em voltar para Porto Alegre quando vi, nas bancas, a revista "Recreio". Eles não estavam precisando de desenhista, mas fui lá. Mostrei meus desenhos, eles gostaram e me contrataram.
Foi ali que Canini fez amizade com Ivan Saidenberg, Jorge Kato e Waldyr Igayara de Souza, diretor de arte da "Recreio" e ilustrador dos quadrinhos Disney (onde criou o Biquinho, o sobrinho do Peninha).
- Na Editora Abril tinha uma sala grande, onde ficava a "Recreio" e, em pouco mais da metade, o pessoal da Disney. Daí me ofereceram o Zé Carioca, que já tinha revista, mas quase não publicavam histórias com ele. Voltei para Porto Alegre e comecei a mandar histórias de lá. Desenhei o Zé Carioca de 1971 a 1976. Até que me demitiram - conta Canini, aos risos. - Com o tempo, a coisa mais chata do mundo é desenhar personagens dos outros. Lá pelas tantas a gente vai inventando e, com trinta e poucos anos, tinha a personalidade forte. Fui mudando o personagem, mudando, mudando... e me despediram. O engraçado é que os italianos fazem loucuras com os personagens Disney e eles deixam.
Mais de 30 anos depois, a passagem de Canini pelas histórias em quadrinhos do Zé Carioca é considerada a fase áurea do personagem. Tanto que a editora Abril, responsável pela publicação dos quadrinhos Disney no Brasil, já dedicou ao gaúcho um especial, editado por Paulo Maffia:
- Apesar de o Pato Donald ter sido criado por Walt Disney, quem lhe deu uma alma foi Carl Barks. O mesmo aconteceu com o Zé Carioca: quem lhe deu uma alma (e uma alma bem carioca) foi Renato Canini.
Ao mesmo tempo em que trabalhava com o papagaio malandro, Canini criou um indiozinho chamado Tibica para uma série de tiras e participou de uma revista chamada "Crás", só com personagens brasileiros, como Satanésio e Kaktus Kid.
- Como eu sempre gostei de faroeste, criei o Kaktus Kid. Mas quando estava melhorando o desenho, acabou a revista, que não chegou a dez números - diz o ilustrador gaúcho, que não para de trabalhar e prepara um livro de desenhos. - Estou fazendo um livro chamado "Pago para ver", com trabalhos que têm aparecido no site Tinta China (grafar.blogspot.com). São cerca de 200 desenhos, alguns de humor, outros sérios. É apenas sobre o Rio Grande do Sul e o gaúcho, uma espécie de caubói.
Autor de uma dissertação de mestrado chamada "Canini e o anti-herói brasileiro: do Zé Candango ao Zé - realmente - Carioca", defendida este ano, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, o ilustrador gaúcho Eloar Guazzelli diz que Canini é um artista extremamente original, capaz de elaborar temas bastante brasileiros com uma linguagem contemporânea:
- Ele é capaz de uma síntese visual rigorosa, mas que consegue, com poucos traços, fazer panoramas cheios de vitalidade. Canini representa uma escola de desenho que teve a felicidade de reunir nossas peculiaridades nacionais com as ousadias formais das artes visuais da segunda metade do século XX. Uma conquista digna dos melhores autores antropofagistas.
Renato Canini é de outros tempos, quando ainda não era comum ilustradores brasileiros como Fábio Moon, Gabriel Bá ou Rafael Grampá fazerem trabalhos autorais com personagens americanos. Há mais de 30 anos, ele não só fez de seu Zé Carioca um personagem do Rio, mas também inseriu, sutilmente e com bom humor, sua marca nas histórias em quadrinhos Disney num época em que não creditavam roteiristas e ilustradores brasileiros. Assim, não era incomum os leitores toparem, nos cenários dos quadrinhos que ele fazia, com estabelecimentos respeitáveis como "Cantina Canini" ou "Loteca Canini".