7.22.2009

Fãs dos Beatles celebram 40 anos da gravação do 'Abbey road' no Rio Rock & Blues

RIO - Em 23 de julho de 1969, os Beatles se reuniram para finalizar a gravação do álbum "Abbey road", no último dia em que John, Paul, Ringo e George tocaram juntos em estúdio ("Let it be" foi lançado em 1970, mas gravado antes, em janeiro de 1969). Nesta quinta-feira (23.07), fãs do quarteto se reúnem no Rio Rock & Blues para a festa "Come together - 'Abbey road' 40 anos", com um talk-show, exposição e feira de artigos raros da banda, mostra de vídeos e, claro, um show de cover com a banda Bulldog Classic Rock, que tocará o álbum quarentão na íntegra.
A brincadeira começa às 20h, com o talk-show que reúne dois especialistas em Beatles: o produtor musical Ricardo Pugialli, autor dos livros "Beatlemania" e "Os anos da Beatlemania", e Aldo Jimenez, apresentador dos programas "Beatlemania" e "Relíquia musical" da rádio Arwtv.
Haverá ainda uma exposição de capas de discos raros, uma minifeira de livros, discos e outros objetos relacionados à banda e uma mostra de vídeos clássicos e pouco vistos do quarteto de Liverpool.
Às 22h, a Bulldog Classic Rock sobe ao palco principal para tocar na íntegra o álbum "Abbey road".

Come Together - Abbey Road 40 anos
@ Rio Rock & Blues.
Rua do Riachuelo 20, Lapa - 3684-1091. 20h. R$ 30

Fonte O Globo

MinC compra acervo de filmes da Atlântida para serem disponibilizados ao público


Márcia Abos

SÃO PAULO - O acervo da Companhia Atlântida Cinematográfica acaba de ser comprado pelo Ministério da Cultura (MinC). Os mais de 60 longas-metragens de ficção produzidos entre 1942 e 1974 - muitos estrelados pela dupla Oscarito e Grande Otelo - e as cerca de 27 horas de cinejornais serão restaurados e digitalizados pela Cinemateca Brasileira, para posteriormente serem disponibilizados ao público.
A expectativa é de que até o final deste ano parte desse material já possa ser consultado por interessados ou exibido em mostras, segundo Carlos Magalhães, diretor-geral da Cinemateca.
- Trata-se de um período em que o cinema brasileiro tinha grande aceitação popular. São filmes de linguagem simples feitos para muitos - diz o ministro da Cultura, Juca Ferreira, comemorando a aquisição do que chama de "memória da única época do cinema nacional que pode ser chamada de industrial e autofinanciada".
O valor pago pelo MinC para a compra do acervo não foi divulgado, com a justificativa de não prejudicar outras negociações em curso para a aquisição de acervos.
Entre os destaques da Atlântida, estão filmes como "Moleque Tião", "Matar ou correr", "O homem do Sputinik", "Nem Sansão nem Dalila", "Aviso aos navegantes" e "Carnaval Atlântida". O gênero predominante do lote é a popular chanchada.

Copa de 58 e encontro entre presidentes

Os cinejornais "Atualidades Atlântida", "Jornal da Tela" e "Notícias da Semana" mostram acontecimentos como a conquista da Copa de 1958 pela seleção brasileira, um encontro entre os presidentes João Goulart e John Kennedy dois anos antes do golpe militar, a inauguração de Brasília e o primeiro documentário sobre bossa nova feito no Brasil.
Os custos para restauração e digitalização do acervo da Atlântida ainda estão sendo avaliados pela Cinemateca Brasileira.
- Trata-se de um acervo vasto que abrange um período importante da história do cinema brasileiro e que foi declarado de interesse público em 2007. O material apresenta diferentes graus de conservação, e há ainda roteiros, fotografias e recortes de jornais - informa Magalhães, explicando que a Cinemateca dedica-se agora à catalogação de todo o material para depois dar início à restauração e à digitalização.

Conheça Pablo Rossi, pianista brasileiro de 20 anos considerado o prodígio da música clássica

MOSCOU - Pablo Rossi é daqueles talentos que até um leigo em matéria de música clássica detecta de imediato: não à toa, o pianista foi primeiro colocado em todos os 11 concursos de que participou. Foi o mais jovem solista a tocar com a respeitada Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Só no último ano, apresentou-se em Itália, Rússia, Argentina, Estados Unidos, México, Inglaterra, França, Chipre, Tunísia, Alemanha e Brasil. Fluente em russo, integra o seleto grupo de alunos da renomada concertista Elisso Virsaladze, no Conservatório Tchaikovsky de Moscou, onde estuda há três anos e ainda deve permanecer por outros três.
Apesar da fisionomia de menino, ele tem aversão ao rótulo de prodígio. Mas é necessário que se diga: o catarinense Pablo Rossi, dono de um impressionante currículo, tem apenas 20 anos de idade.
- Depois dos 18 anos, você deixa de ser a criança bonitinha, e o título de prodígio não serve para nada, já passou. Você é comparado com os grandes nomes. Na Rússia, os músicos são muito centrados. Trabalham sem parar, ainda que já tenham chegado ao topo da carreira. Não adianta chegar com títulos - diz.


Femupi (Festival de Música Popular de Piraí)

- As inscrições gratuitas podem ser feitas até o dia 31, na Secretaria de Cultura. Cada participante pode concorrer com duas músicas originais e inéditas. Jorge Vercilo e Luís Melodia (foto) serão as atrações do Festival, nos dias 28 e 29 de agosto. Rua Comendador Sá, 105, no Centro.


* 22º Salão Nacional de Humor de Volta Redonda -

O Papa Bento XVI com expressão nazista. Uma criança na fila do desarmamento entregando o cinto usado por seu pai. O técnico Parreira numa interpretação bizarra. Uma visão crítica nada sutil sobre a arte contemporânea. Tudo isso, e muito mais, o público poderá conferir na exposição dos trabalhos selecionados para o “XVIII Salão Nacional de Humor de Volta Redonda”.

Promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de Volta Redonda. Visitação: até o dia 2 de agosto, diariamente, de 10 às 19 horas, no Espaço das Artes Zélia Arbex. Rua 14, Vila Santa Cecília.


Caravana de Arte e Cultura neste sábado em Vassouras


Neste sábado, 25, das 10h30 às 18h30, o Centro de Tecnologia do Senai/Vassouras recebe a Caravana itinerante de Arte e Cultura do Sesi Rio. O projeto oferece várias atividades artísticas e culturais, como exposição de artes visuais, contadores de histórias, teatro, cinema e show.
A entrada é 1 Kg de alimento não perecível. A classificação é livre. Mais informações pelo telefone 0800-0231231.


Ivete Sangalo no VR Folia

No sábado (8 de agosto), Ivete Sangalo comanda o VR Folia 2009, na Ilha São João, em Volta Redonda. No repertório sucessos como "Dalila" e "Abalou". O show começa às 23h. Os portões serão abertos às 19h. A banda Águia de Fogo encerra a noite.Valores Abadá: R$ 45 (1º lote)


Angra com exposição fotográfica até sexta

A exposição Paisagem Sonora está disponível ao público no Centro Cultural Theophilo Massad, em Angra dos Reis, até sexta-feira, 24. Os trabalhos do fotógrafo Antuan Henne ressaltam as peculiaridades de Angra e Paraty, como os prédios, a Mata Atlântica e o Litoral da região. A mostra pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 22h. A entrada é de graça.

Saiba mais: nos dias 25 e 26 (sábado e domingo), será a vez da Casa de Cultura de Paraty receber as fotografias.
O Centro Cultural fica na praça Guilherme Greenhalgh, no bairro São Bento.

e-mail para esta coluna botecosdovaledocafe@gmail.com

Gonzaga e Lobo: a história musical de duas famílias é cantada pelos netos Daniel e Bena


José Raphael Berrêdo

RIO - Dois sobrenomes, três gerações, seis compositores, 18 músicas. A história musical das famílias Lobo e Gonzaga será cantada e contada no show "Tradição", no Espaço Tom Jobim nesta quinta-feira, às 20h30m, por Bena Lobo - filho de Edu e neto de Fernando - e Daniel Gonzaga - herdeiro de Gonzaguinha e neto de Luiz Gonzaga.
Em ordem cronológica, Bena e Edu, acompanhados por banda de cinco músicos, vão começar o show com canções de Gonzagão, seguido por Fernando e Edu Lobo, depois Gonzaguinha. Depois, apresentam três parcerias, uma solo cada um e fecham o show misturando o repertório.
Os ritmos variam entre baião, frevo, marcha, xote e samba, poucas diferenças de arranjos para as canções originais. "Que nem jiló" é uma das clássicas de Gonzagão. De seu filho, entra a não menos conhecida "O que é, o que é?". "Chuvas de verão" e "Nêga maluca" mostram um pouco das composições de Fernando Lobo. De Edu, destacam-se "Ponteio" e "Arrastão", esta última em parceria com Vinícius de Moraes. Sem contar as músicas autorais dos netos, incluindo as três compostas em dupla. A direção do show é de Ernesto Piccolo.
Edu, o único dos homenageados vivos, é presença quase certa no Espaço Tom Jobim. Uma canja, no entanto, não parece estar nos planos.
- Meu pai certamente vai ao show, mas ele é plateia e homenageado - desconversa Bena, que é amigo de Daniel desde 1995.
O primeiro da série de shows do projeto foi em 4 de junho, em Porto Alegre. O tom familiar predominou no ambiente, com um clima intimista e grande conhecimento do repertório por parte do público.
- Eu e o Daniel já temos intimidade, assim como a banda que já toca junto há um tempo. No show, a gente ri, conta histórias e como as músicas são conhecidas, aproxima a plateia.

'Avenida Q' recebe cinco indicações ao Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro



SÃO PAULO - A peça "Avenida Q" lidera as indicações da 22ª edição do Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro, referente às peças que estrearam no primeiro semestre do ano.
Em São Paulo, 'Raptada pelo raio' lidera as indicações
O espetáculo de Charles Möeller concorre em cinco categorias, incluindo direção, melhor atuação feminina e masculina (Sabrina Korgut e André Dias) e melhor Iluminação (Paulo César Medeiros). Claudio Botelho ainda foi indicado na categoria especial, pela versão brasileira da trilha sonora.
Logo em seguida, a peça que recebeu mais indicações foi "Farsa da boa preguiça". Além de disputar com "Avenida Q" nas categorias direção (João das Neves) e atriz (Bianca Byington), o espetáculo concorre pelo melhor figurino (Rodrigo Cohen) e música (Alexandre Elias).
Também na categoria atriz, está na disputa do prêmio Marília Pêra, pela atuação em "Gloriosa". A peça ainda teve mais uma indicação no quesito figurino, pelo trabalho de Kalma Murtinho.
O espetáculo "Todo mundo é mundo" rendeu ao Galpão Aplauso a indicação na categoria especial, pela inclusão social no teatro de forma dinâmica e produtiva. Além dele, a Cia. Movimento Carioca de Teatro concorre ao troféu pelo projeto de montagem de "Espia uma mulher que se mata" por sua importância para o intercâmbio cultural com o teatro latino-americano.
Os vencedores de cada categoria receberão uma premiação individual de R$ 8 mil. O júri do Rio de Janeiro é formado por Fabiana Valor (atriz e bailarina), Jorginho de Carvalho (iluminador), João Madeira (diretor do grupo AfroReggae), Sérgio Fonta (dramaturgo, diretor e ator) e Tania Brandão (pesquisadora e professora de História do Teatro Brasileiro).
Em janeiro serão conhecidos os indicados do segundo semestre e, no início de 2010, os vencedores do Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro.

Confira os indicados do 1° semestre ao Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro:
Autor:
Lícia Manzo por "A história de nós 2"
Rodrigo Nogueira por "Play"
Diretor:
Charles Möeller por "Avenida Q"
Enrique Diaz por "In on it"
João das Neves por "Farsa da boa preguiça"
Ator:
André Dias por "Avenida Q"
Fernando Eiras por "In on it"
Otávio Augusto por "Rock n' roll"
Atriz:
Bianca Byington por "Farsa da boa preguiça"
Marília Pêra por "Gloriosa"
Sabrina Korgut por "Avenida Q"
Cenário:
Alberto Renault por "Dois irmãos"
Carlos Alberto Nunes por "A chegada de lampião no inferno"
Figurino:
Kalma Murtinho por "Gloriosa"
Rodrigo Cohen por "Farsa da boa preguiça"
Iluminação:
Paulo César Medeiros por "Avenida Q"
Renato Machado por "A chegada de lampião no inferno"
Música:
Alexandre Elias por "Farsa da boa preguiça"
Liliane Secco por "Esta nossa canção"
Categoria especial:
Claudio Botelho pela versão das músicas de "Avenida Q"
Galpão Aplauso pela inclusão social no teatro de forma dinâmica e produtiva, através do espetáculo "Todo mundo é mundo"
Cia. Movimento Carioca de Teatro pelo projeto de montagem de "Espia uma mulher que se mata" por sua importância para o intercâmbio cultural com o teatro latino-americano

Sarney, o homem incomum

Leandro Fortes

Salve a governabilidade!

Há anos, nem me lembro mais quantos, os principais colunistas e repórteres de política do Brasil, sobretudo os de Brasília, reputam ao senador José Sarney uma aura divinal de grande articulador político, uma espécie de gênio da raça dotado do dom da ponderação, da mediação e do diálogo. Na selva de preservação de fontes que é o Congresso Nacional, estabeleceu-se entre os repórteres ali lotados que gente como Sarney, ou como Antonio Carlos Magalhães, em tempos não tão idos, não precisa ser olhada pelas raízes, mas apenas pelas folhagens. Esse expediente é, no fim das contas, a razão desse descolamento absurdo do jornalismo brasiliense da realidade política brasileira e, ato contínuo, da desenvoltura criminosa com que deputados e senadores passeiam por certos setores da mídia.

Olhassem Sarney como ele é, um coronel arcaico, chefe de um clã político que há quatro décadas domina a ferro e fogo o Maranhão, estado mais miserável da nação, os jornalistas brasileiros poderiam inaugurar um novo tipo de cobertura política no Brasil. Começariam por ignorar as mentiras do senador (maranhense, mas eleito pelo Amapá), o que reduziria a exposição de Sarney em mais de 90% no noticiário nacional. No Maranhão, a família Sarney montou um feudo de cores patéticas por onde desfilam parentes e aliados assentados em cargos públicos, cada qual com uma cópia da chave do tesouro estadual, ao qual recorrem com constância e avidez. O aparato de segurança é utilizado para perseguir a população pobre e, não raras vezes, para trucidar opositores. A influência política de Sarney foi forte o bastante para garantir a derrubada do governador Jackson Lago, no início do ano, para que a filha, Roseana, fosse reentronizada no cargo que, por direito, imaginam os Sarney, cabem a eles, os donatários do lugar.

José Sarney é uma vergonha para o Brasil desde sempre. Desde antes da Nova República, quando era um político subordinado à ditadura militar e um representante mais do que típico da elite brasileira eleita pelos generais para arruinar o projeto de nação - rico e popular - que se anunciava nos anos 1960. Conservador, patrimonialista e cheio dessa falsa erudição tão típica aos escritores de quinta, José Sarney foi o último pesadelo coletivo a nós impingido pela ditadura, a mesma que ele, Sarney, vergonhosamente abandonou e renegou quando dela não podia mais se locupletar. Talvez essa peculiaridade, a de adesista profissional, seja o que de mais temerário e repulsivo o senador José Sarney carregue na trouxa política que carrega Brasil afora, desde que um mau destino o colocou na Presidência da República, em março de 1985, após a morte de Tancredo Neves.

Ainda assim, ao longo desses tantos anos, repórteres e colunistas brasileiros insistiram na imagem brasiliense do Sarney cordial, erudito e mestre em articulação política. É preciso percorrer o interior do Maranhão, como já fiz em algumas oportunidades, para estabelecer a dimensão exata dessa visão perversa e inaceitável do jornalismo político nacional, alegremente autorizado por uma cobertura movida pelos interesses de uns e pelo puxa-saquismo de outros. Ao olhar para Sarney, os repórteres do Congresso Nacional deveriam visualizar as casas imundas de taipa e palha do sertão maranhense, as pústulas dos olhos das crianças subnutridas daquele estado, várias gerações marcadas pela verminose crônica e pela subnutrição idem. Aí, saberiam o que perguntar ao senador, ao invés de elogiar-lhe e, desgraçadamente, conceder-lhe salvo conduto para, apesar de ser o desastre que sempre foi, voltar à presidência do Senado Federal.

Tem razão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao afirmar, embora pela lógica do absurdo, que José Sarney não pode ser julgado como um homem comum. É verdade. O homem comum, esse que acorda cedo para trabalhar, que parte da perspectiva diária da labuta incerta pelo alimento e pelo sucesso, esse homem, que perde horas no transporte coletivo e nas muitas filas da vida para, no fim do mês, decidir-se pelo descanso ou pelas contas, esse homem comum é, basicamente, honesto e solidário. Sarney é o homem incomum. No futuro, Lula não será julgado pela História somente por essa declaração infeliz e injusta, mas por ter se submetido tão confortavelmente às chantagens políticas de José Sarney, a ponto de achá-lo intocável e especial. Em nome da governabilidade, esse conceito em forma de gosma fisiológica e imoral da qual se alimenta a escória da política brasileira, Lula, como seus antecessores, achou a justificativa prática para se aliar a gente como os Sarney, os Magalhães e os Jucá.

Pelo apoio de José Sarney, o presidente entregou à própria sorte as mais de seis milhões de almas do Maranhão, às quais, desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2003, só foi visitar esse ano, quando das enchentes de outono, mesmo assim, depois que Jackson Lago foi apeado do poder. Teria feito melhor e engrandecido a própria biografia se tivesse descido em São Luís para visitar o juiz Jorge Moreno. Ex-titular da comarca de Santa Quitéria, no sertão maranhense, Moreno ficou conhecido mundialmente por ter conseguido erradicar daquele município e de regiões próximas o sub-registro civil crônico, uma das máculas das seguidas administrações da família Sarney no estado. Ao conceder certidão de nascimento e carteira de identidade para 100% daquela população, o juiz contaminou de cidadania uma massa de gente tratada, até então, como gado sarneyzista. Por conta disso, Jorge Moreno foi homenageado pelas Nações Unidas e, no Brasil, viu o nome de Santa Quitéria virar nome de categoria do Prêmio Direitos Humanos, concedido anualmente pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República a, justamente, aqueles que lutam contra o sub-registro civil no País.

Em seguida, Jorge Moreno denunciou o uso eleitoral das verbas federais do Programa Luz Para Todos pelos aliados de Sarney, sob o comando, então, do ministro das Minas e Energia Silas Rondeau este um empregado da família colocado como ministro-títere dentro do governo Lula, mas de lá defenestrado sob a acusação, da Polícia Federal, de comandar uma quadrilha especializada em fraudar licitações públicas. Foi o bastante para o magistrado nunca mais poder respirar no Maranhão. Em 2006, o Tribunal de Justiça do Maranhão, infestado de aliados e parentes dos Sarney, afastou Moreno das funções de juiz de Santa Quitéria, sob a acusação de que ele, ao denunciar as falcatruas do clã, estava desenvolvendo uma ação político-partidária. Em abril passado, ele foi aposentado, compulsoriamente, aos 42 anos de idade. Uma dos algozes do juiz, a corregedora (?) do TRE maranhense, é a desembargadora Nelma Sarney, casada com Ronaldo Sarney, irmão de José Sarney.

Há poucos dias, vi a cara do senador José Sarney na tribuna do Senado. Trêmulo, pálido e murcho, tentava desmentir o indesmentível. Pego com a boca na botija, o tribuno brilhante, erudito e ponderado, a raposa velha indispensável aos planos de governabilidade do Brasil virou, de um dia para a noite, o mascate dos atos secretos do Senado. Ao terminar de falar, havia se reduzido a uma massa subnutrida de dignidade, famélica, anêmica pela falta da proteína da verdade. Era um personagem bizarro enfiado, a socos de pilão, em um jaquetão coberto de goma.

Na mesma hora, pensei no povo do Maranhão.

Leandro Fortes é jornalista e o artigo foi publicado em seu blog “Brasília, eu vi”