2.09.2010

CARNAVAL DE OUTRORA

Sassaricando Virginia Lane

A Vedete do Brasil ,Virginia Lane
canta um de seus maiores sucessos,
"Sassaricando".

A marchinha foi sem dúvida o maior sucesso do carnaval de 1952.
Nesta cena, Virgínia aparece no auge de seu talento e beleza.
Cena do filme TUDO AZUL de 1952, dirigido por Moacyr Fenelon.



Morre o cantor sertanejo Pena Branca

Morreu na noite desta segunda-feira, 08, o cantor José Ramiro Sobrinho, importante artista da música sertaneja que atendia pelo nome de Pena Branca. O cantor estava com 70 anos e foi vitima de enfarte.
Pena Branca passou mal em sua residência, no bairro do Jaçanã, em São Paulo, e foi levado às pressas ao pronto-socorro da região. O horário da morte foi às 18h10. A esposa do cantor, Maria de Lourdes, chegou a passar mal ao saber da morte do marido, foi medicada e liberada em seguida.
O velório e enterro serão realizados no Cemitério Parque dos Pinheiros. Os horários não foram divulgados.
Pena Branca iniciou sua carreira ao lado do irmão Ranulfo Ramiro da silva, o Xavantinho, em 1962. Juntos os cantores e violeiros se tornaram um dos mais importantes nomes da música caipira. Xavantinho faleceu em 1989, aos 57 anos.

Roberta Campos prepara lançamento do segundo álbum

Roberta e Dadi
A cantora e compositora Roberta Campos está preparando o lançamento de seu segundo álbum de estúdio. O novo álbum ainda não teve o título divulgado e nem a data de lançamento, mas em breve estará disponível nas lojas.
Para o repertório do novo trabalho Roberta selecionou algumas composições lançadas anteriormente no seu primeiro álbum independente, lançado em 1998, “Para Aquelas Perguntas Tortas”, e também composições novas. Entre as músicas do álbum estão “Sinal de Fumaça” (Roberta Campos e Nô Stopa) e “Para Aquelas Perguntas Tortas” (Roberta Campos).
Nessas duas faixas a artista contou com a participação do músico Dadi que colabora tocando órgão Hammond e Fender Rhodes. Os músicos que gravaram o disco com Roberta são Lourenço (bateria), Dunga (baixo), Christian Oyens (guitarras, violões, slides, lap steel e metalofone), Humberto Barros (teclados) e Sasha Amback (Fender Rhodes e teclados).
As gravações foram realizadas no Estúdio Tambor, no Rio de Janeiro, com produção assinada por Rafael Ramos.

Padre Fábio de Melo lidera lista dos mais vendidos em 2009

Padre Fábio de Melo
Em épocas de vendas baixas o seguimento religioso se mostra ainda forte no número de CDs e DVDs vendidos no país. A Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD) divulgou a lista com os títulos mais vendidos em 2009 e entre os 10 títulos de CDs mais vendidos estão três álbuns do Padre Fábio de Melo.
Na lista de DVDs, também entre os 10 mais vendidos, está um do Padre Fábio de Melo, dois do Padre Marcelo Rossi e outro do Padre Reginaldo Manzotti. Os padres dividem a lista com as duplas Zezé Di Camargo & Luciano, Victor & Leo, Bruno & Marrone, as cantoras Ivete Sangalo e Xuxa e o álbum comemorativo de Roberto Carlos que reúne diversas convidadas.
O único título internacional que figura na lista dos 10 mais vendidos em 2009 é a cantora Beyoncé com seu mais recente trabalho, “I Am... Sasha Fierce”. Confira

abaixo a lista com os CDs e DVDs mais vendidos no Brasil em 2009:

CDs
01. Iluminar (Som Livre 2009) - Padre Fábio de Melo - 264 mil
02. Zezé Di Camargo & Luciano (Sony Music 2008) - Zezé Di Camargo & Luciano - 261 mil
03. I Am... Sasha Fierce (Sony Music 2008) - Beyoncé - 239 mil
04. Elas Cantam Roberto Carlos (Sony Music 2009) - Vários artistas - 206 mil
05. Promessas (Som Livre 2009) - Vários artistas - 205 mil
06. Eu e o Tempo ao Vivo (LGK Music / Som Livre 2009) - Padre Fábio de Melo - 196 mil
07. Borboletas (Sony Music 2008) - Victor & Leo - 181 mil cópias
08. Vida (LGK Music / Som Livre 2008) - Padre Fábio de Melo - 180 mil
09. Ao Vivo em Uberlândia (Sony Music 2007) - Victor & Leo - 152 mil
10. Ao Vivo e em Cores (Sony Music 2009) - Victor & Leo - 130 mil

DVDs
01. XSBP 8 (Som Livre 2008) - Xuxa - 371 mil cópias
02. Eu e o Tempo ao Vivo (LGK Music / Som Livre 2009) - Padre Fábio de Melo - 294 mil
03. Elas Cantam Roberto Carlos (Sony Music 2009) - Vários artistas - 154 mil
04. Paz Sim, Violência Não - Volume 2 (Sony Music 2008) - Padre Marcelo Rossi - 145 mil
05. Creio em Deus do Impossível (Som Livre 2009) - Padre Reginaldo Manzotti - 129 mil
06. Ao Vivo e em Cores (Sony Music 2009) - Victor & Leo - 82 mil
07. Pode Entrar - Multishow Registro (Universal Music 2009) - Ivete Sangalo - 81 mil
08. Ao Vivo em Uberlândia (Sony Music 2007) - Victor & Leo - 81 mil
09. Paz Sim, Violência Não - Volume 1 (Sony Music 2008) - Padre Marcelo Rossi - 81 mil
10. De Volta aos Bares (Sony Music, 2009) - Bruno & Marrone - 74 mil

Moacir Santos - Coisas (1965)

O crítico Hugo Sukman, em O Globo, achou o título perfeito para seu artigo: De volta às melhores Coisas da vida. Coisas é o disco do compositor, arranjador, maestro e instrumentista Moacir Santos, de 1965 – dez faixas intituladas simplesmente Coisas (numeradas de 1 a 10, mas fora de ordem), embora algumas tenham recebido letra e títulos com que circularam fora do disco (Coisa n.º 5, por exemplo, ficou conhecida no mundo profano como Nanã e, por muitos anos, rendeu um providencial dinheiro a seu letrista Mario Telles).
Coisas só agora volta ao lugar de onde nunca deveria ter ficado ausente: as prateleiras das lojas. E volta com uma força, uma originalidade e uma beleza que, se se disser que foi gravado ontem, ninguém terá razão para duvidar. Mas é claro que ele vem de outros tempos, de outro mundo, outro país – um país também chamado Brasil, mas onde havia uma indústria, dita fonográfica, que estranhamente trabalhava com música.
Esses 39 anos de sumiço dizem muito sobre as cabeças que presidem nossas gravadoras. Coisas foi produzido originalmente pela Forma, o pequeno e corajoso selo que o produtor carioca Roberto Quartin conseguiu sustentar durante três anos na década de 60. A Forma era uma espécie de Elenco, só que ainda mais atrevida e experimental. Vencido pelo mercado, Quartin vendeu as matrizes de seu catálogo (18 formidáveis LPs) para a então Philips, que depois se tornou a Polygram e hoje é a Universal. A poderosa compradora contentou-se em ser apenas a dona da Forma: sentou-se em cima, não fez nada com os discos e, até outro dia, não deixou que ninguém fizesse. O próprio Quartin levou as décadas seguintes tentando convencê-la a repor em circulação o catálogo completo, do qual Coisas era a jóia da coroa – sem sucesso. Quartin morreu em abril último, amargurado porque seu grande disco afinal iria sair, mas isoladamente e por iniciativa de outro selo, o MP,B, sem a sua participação. Triste para Quartin, que devia ter seus motivos para ser um homem difícil – mas, pelo menos, Coisas aí está.
Foi o último e o melhor disco de “samba-jazz” feito no Brasil daquela época: uma obra-prima de música instrumental, com raízes ardentemente brasileiras e uma certa tintura jungle, ellingtoniana, que parece brotar dessas mesmas raízes. Seria fácil dizer que, em tais raízes, está a música ancestral negra. E deve estar mesmo – mas não só: Moacir era e é um músico completo, que se abeberou de toda a tradição clássica européia, apenas fazendo-a curvar-se à sua orgulhosa negritude. (Foi o primeiro maestro negro da Rádio Nacional, furando a hegemonia – benigna – dos mestres Radamés Gnatalli, Leo Peracchi e Lyrio Panicalli.) E Coisas é o epítome da sofisticação e da modernidade que impregnavam alguns criadores daquela fase, empenhados em buscar nos ritmos populares do Nordeste e dos morros do Rio as bases para uma revitalização da música brasileira. Coisa n.º 6, por exemplo, que soa como um baião de quermesse, tornou-se Dia de Festa ao ganhar letra de Geraldo Vandré e foi gravado pelo mesmo Vandré. Nas outras faixas, misturados a improvisações jazzísticas, riffs e ataques de big band, há ecos de xaxado, coco e maracutu.
Mas, alto lá: com Moacir (assim como em Baden Powell), não tinha essa demagogia de recolher folclore – a música saída “do povo” era apenas uma plataforma para toda espécie de pesquisa melódica, harmônica ou rítmica. A prova está logo de saída, na primeira faixa (Coisa n.º 4), em que o sax-barítono e o trombone-baixo começam uma marcação pesada e repetitiva que se estende por todo o número e, em contexto mais “primitivo”, talvez fosse feita por tambores. Era a África, sem dúvida, mas filtrada pelo Beco das Garrafas, em Copacabana – por mais que isso fosse perigoso politicamente. O texto de capa do LP original, escrito por Quartin e reproduzido no encarte do CD, sentia a necessidade de enfatizar que Moacir Santos não era um músico "de direita" ou "de esquerda", mas apenas um músico, e a música desconhece a política. Era uma preocupação vigente e, hoje, pode parecer primária ou irrelevante. Mas só quem viveu o clima daquele tempo, com o Brasil ainda no começo da ditadura, consegue avaliar a intensidade da patrulha (exigiam-se "tomadas de posição") e o sentimento de culpa que se apossava dos músicos voltados somente para a arte, estigmatizados por não fazerem de cada acorde um comício.
Pois aconteceu que Moacir Santos, despolitizado como era, também teve de marchar para uma espécie de auto-exílio nos Estados Unidos. Não porque fosse “alienado” ou “participante”, mas pela brusca mudança de rumos na música brasileira a partir do iê-iê-iê, que liquidou com a possibilidade de sobrevivência no Brasil de artistas como ele. A passagem de 1965 para 1966 marcou esse corte – porque, nos três anos anteriores, o próprio Moacir nunca trabalhara tanto e estivera presente, como arranjador ou compositor, em alguns dos melhores discos lançados no país. Apenas em 1963 eram dele os arranjos de Vinicius & Odette Lara, que foi o LP n.º 1 da Elenco; de pelo menos uma faixa (Nanã, em vocalise) de Nara, o disco de estréia de Nara Leão, também na Elenco; de várias faixas de Baden Powell Swings With Jimmy Pratt, idem Elenco, em que Baden toca as Coisas n.º 1 e n.º 2; e de todos os arranjos de Elizete Interpreta Vinicius, lançado pela Copacabana, com quatro de suas canções que levaram letra de Vinicius, entre as quais Se Você Disser Que Sim e Menino Travesso, e com o seu nome em destaque na capa.
Em 1964, Moacir assinou arranjos de Você Ainda Não Ouviu Nada – pelo menos, os de Nanã e Coisa n.º 2 –, o disco de Sergio Mendes & Bossa Rio na Philips que muitos, então, consideraram o melhor do gênero feito no Brasil. Mas, no mesmo ano, esse disco seria superado pelo sensacional Edison Machado É Samba Novo, na CBS, com quatro de seus temas (Se Você Disser Que Sim, Coisa n.º 1, Menino Travesso e o já onipresente Nanã) no repertório e Moacir impregnando todo o disco com o som cheio e noturno de seus arranjos, mesmo nos de autoria do saxofonista J.T. Meirelles. O Brasil era tão outro país que permitia que uma cantora quase desconhecida – Luiza, 22 anos, professora do Colégio São Paulo, em Ipanema –, ao estrear em disco na RCA Victor, tivesse o solicitadíssimo Moacir como arranjador. (O LP, Luiza, não aconteceu, e a excelente cantora, pelo visto, encerrou ali a carreira. Mas é outro legítimo Moacir Santos, à espera de que o relancem em CD.) Nos intervalos, Moacir compôs também a música para filmes com que o cinema brasileiro (“novo” ou não) tentava atingir a maioridade: Seara Vermelha, do italiano Alberto D’Aversa (1963), e Ganga Zumba, de Carlos Diegues, Os Fuzis, de Ruy Guerra, e O Beijo, de Flavio Tambellini, todos de 1964, nos quais nasceram várias Coisas. Tudo isto, na verdade, era uma preparação para o Coisas propriamente dito – que, ao ser finalmente lançado, em 1965, logo teria de enfrentar uma atmosfera adversa à sua proposta. A Forma afundou, o disco desapareceu e, pelas quatro décadas seguintes, o LP só reapareceria ocasionalmente nos sebos – até também sumir deles e se tornar uma preciosidade de US$ 200 no mercado internacional.
O que aconteceria se a lição de Coisas (e de outros discos de seu estilo) tivesse sido disseminada em 1965? Tudo é especulação, mas é provável que a música instrumental moderna brasileira não conhecesse a penúria que atravessou nas décadas seguintes. O próprio Coisas era uma continuação das experiências nos discos menos dançantes das orquestras de Severino Araújo e Zaccarias, escolados nas gafieiras cariocas dos anos 40 e 50. Deve-se citar também o desaparecimento das orquestras de rádio, TV, boates e as das próprias gravadoras como fator decisivo para o declínio da música instrumental no Brasil – porque foram elas que permitiram a existência de um disco como Coisas. Para Moacir Santos, com 40 anos em 1966, só restava ir embora. E ele foi – para Los Angeles, onde já está há 38 anos.
A volta do disco pode completar a redescoberta brasileira de Moacir, iniciada em 2001 com o lançamento de Ouro Negro pelos mesmos produtores da nova edição de Coisas: Mario Adnet e Zé Nogueira. Ouro Negro era espetacular – mas Coisas é o produto original, com Moacir em pessoa, não apenas de caneta e batuta na mão, mas armado de seu possante sax-barítono. Hoje, aos 78, Moacir não pode mais tocar, por problemas de saúde, mas a mão que compõe e arranja é a mesma de há 40 anos.

Ruy Castro

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