11.14.2009

Madonna fará Show Grátis no Reveillon do Rio de Janeiro


A mega pop star Madonna volta ao Brasil para fazer um mega show gratuito no Rio de Janeiro. Quem confirmou a boa notícia nesta sexta-feira foi o prefeito Eduardo Paes. A cantora deverá se apresentar no Reveillon 2010/2011 na praia de Copacabana, que a cada final de ano atrai mais de dois milhões de pessoas para suas areias.
Em sua página no Twitter, o prefeito disse que Madonna aceitou seu convite para fazer um Show no Rio durante o jantar que ambos tiveram ontem à noite na casa do milionário brasileiro Eike Batista. A imprensa brasileira disse ainda que o prefeito estendeu o convite para que a Madonna participe da abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, mas esta possibilidade ainda não foi confirmada pela equipe da cantora.

Barbara Heliodora: Débora Duarte brilha em 'Adorável desgraçada'



RIO - Débora Duarte está interpretando no Teatro Solar de Botafogo o monólogo "Adorável desgraçada", de Leilah Assumpção, prêmio de melhor texto de 1994 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). O monólogo é um excepcional exemplar de veículo para intérprete, contando com brilho, humor e dor a biografia de Guta, a pequena e feiosa Augusta, que no momento espera a visita - após sete anos de silêncio - de sua alta e bonita "melhor amiga", Maribel. Tímida, religiosa, pudica, Guta passa a vida perdoando os incontáveis e bem-sucedidos "maus passos" da amiga, perdão esse que na realidade vai acumulando um vasto acervo reprimido de inveja, ressentimento e condenação moral e religiosa. A solidão de Guta é patética, mesmo quando descrita com muita graça, enquanto os delírios da interpretação pessoal do que seja da religião são muito bem usados para construir a personalidade da protagonista, misturados com seus fervorosos sonhos de felicidade pessoal e, admitamos, desgraça alheia.
Direção de arte, de Bia Lessa, é irretocável
A encenação de "Adorável desgraçada" é exemplar: a direção de arte de Bia Lessa é irretocável, seja pelo belo cenário que fala de preservação de um mundo retrógrado, com o requinte da cortina de chuva que completa o isolamento, seja pelo figurino, uma simples camisola coberta por um robe decorado com anjos e santos, lindo e definidor da personagem. A luz de Lauro Escorel é de primeira qualidade, enriquecedora e imaginativa, e o mesmo se deve dizer da trilha de Dany Roland.
A direção de Otavio Müller é excelente, precisa, aproveitando da melhor forma o material que tem em mãos, texto e atriz.
E que atriz! Após longa ausência dos palcos cariocas, Débora Duarte volta com um trabalho maravilhoso. Quando sobe a luz e ela entra para "apresentar" os vários personagens da ação, já chega o impacto de uma atriz que sabe o que faz, que o faz muito bem e que abraça a plateia para incorporá-la ao círculo de mágica de seu trabalho. A criação de Guta é um trabalho de ourivesaria, rica em detalhes e autocrítica, pensada, controlada, que nos apresenta uma patética figura humana que, usando muito bem o texto, consegue reunir em uma só todas as solitárias Gutas interioranas que vivem na cidade grande presas aos valores trazidos de casa.
O texto e a encenação de "Adorável desgraçada" têm grandes qualidades. Mas são, em última análise, a bela moldura para o brilho da atuação de Débora Duarte, sem dúvida um dos grandes
Adorável desgraçada
Texto Leilah Assumpção.
Direção Otávio Müller.
Com Débora Duarte.
Solar de Botafogo.Rua General Polidoro 180, Botafogo.
Tel.: 2543-5411. Sextas e sábados, 21h30. Domingos, 20h30. R$ 60. Não recomendado para menores de 14 anos. Até dia 20 de novembro

JUDAS, IMPRENSA E PODER

Carlos Alberto Di Franco

Em entrevista à "Folha de São Paulo", Lula afirmou que o papel da imprensa não é o de fiscalizar, e sim de informar. "Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. É informar. Para ser fiscal, tem o Tribunal de Contas da União, a Corregedoria Geral da República, tem um monte de coisas. A imprensa tem de ser o grande órgão informador da opinião pública", disse Lula.
O presidente da República questiona um dos pilares da democracia: o papel fiscalizador da imprensa. E, como Lula não é tonto, o falso disjuntivo (informação versus fiscalização) tem uma finalidade precisa: limitar o papel fiscalizador dos jornais e desacreditá-los. Na verdade, caro leitor, Lula manifesta crescente desconforto com aquilo que é rotineiro em qualquer democracia: o necessário contrapoder exercido pela imprensa.
Afinal, qual é a perversidade que deve ser debitada na conta dessa imprensa tão questionada pelo presidente da República? A denúncia de recorrentes atos de corrupção que cresceram como cogumelos à sombra da leniência presidencial? A veiculação de reportagens mostrando um presidente que dá olímpicas bananas à legislação eleitoral? Os jornais, por exemplo, sem uso de adjetivos e com textos sólidos, mostraram o que aconteceu recentemente às margens do São Francisco: uma fantástica operação de marketing montada pelo presidente da República e por sua candidata num explícito confronto à legislação eleitoral. Ou será que a azia de Lula é provocada pelo desnudamento de suas aparentes contradições? Recentemente, Lula criticou o criminoso vandalismo do MST, mas seu govern o continua irrigando o caixa da entidade e seu partido, o PT, quer o MST na elaboração do programa de Dilma.
Eu, e outros colegas da imprensa, estávamos em 2006 na Costa Rica. Lá, participamos de um seminário promovido pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). O encontro foi aberto por Oscar Arias, presidente da República e Prêmio Nobel da Paz em 1987. Impressionou-me a qualidade intelectual e a entranha democrática do presidente Arias. Suas palavras foram um panegírico à liberdade de imprensa: "Junto com eleições periódicas e com a separação dos poderes, a liberdade de imprensa é o instrumento mais poderoso para realizar, efetivamente, uma das grandes conquistas da civilização ocidental: a ideia de que o poder político, se pretende ser legítimo, deve estar submetido a limites, e que o poder absoluto, como intuía Lord Acton, não é senão uma forma absoluta de corrupção. Quanto mais livre for a imprensa, mais limitado estará o exercício do poder e maior será a probabilidade de que nossas liberdades individuais permaneçam a salvo", sublinhou o presidente.
O discurso de Arias tem a força da coerência. Na Costa Rica a democracia é sólida e operativa. Dois ex-presidentes, julgados e condenados por crime de corrupção, estão na cadeia. Guerra à impunidade e educção de qualidade fizeram daquele pequeno país um belo modelo de democracia possível. Trata-se do único binômio capaz de transformar uma sociedade. Crescimento econômico é importante. Mas sem ética, sem normas e sem lei, a história não acaba bem. No Brasil, não obstante os bons indicadores da economia, poderemos trombar com as consequências funestas de um populismo que encolheu a oposição, estimulou o cinismo, encurralou algumas togas e tenta algemar as redações.
O presidente da República, esgrimindo sua retórica direta, deu outro recado carregado de pragmatismo aético. Segundo Lula, nenhum dos vencedores das eleiç ões de 2010 poderá fazer um governo "fora da realidade política". "Se Jesus Cristo viesse para cá e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão." Lula não fez nada para mudar esse quadro. Ao contrário, seu estilo de governança fortaleceu o que de pior existe na vida pública brasileira. O oportunismo de Lula foi a arma de defesa de José Sarney. Mas o realismo presidencial, talvez num ato falho, levou Lula a reconhecer que seus aliados têm os traços de um Judas tupiniquim.
O Brasil depende, e muito, da qualidade ética da sua imprensa e de sua indispensável força fiscalizadora.