7.04.2009

Flip 2009: Ross lamenta não ter citado melhor Villa-Lobos

Enviado por Melina Dalboni, de Paraty -

Alex Ross, o crítico de música da revista "The New Yorker", lamentou não ter citado melhor os compositores clássicos brasileiros. Na mesa "O dissonante século XX", em que conversou com o cronista e jornalista Arthur Dapieve, ele contou que chegou a escrever parágrafos para seu livro "O resto é ruído", lançado este ano no Brasil, sobre o diálogo entre a música popular brasileira, por meio de compositores como Pixinguinha, Ernesto Nazareth e os do movimento da bossa nova, com a música clássica.

- Tenho certeza de que alguns leitores brasileiros ficaram chateados - disse Ross, um pouco sem jeito, quando perguntado sobre a rápida menção que faz a Villa-Lobos no livro. - Lamento, porque a música é maravilhosa. Mas tive que fazer escolhas... e estou sentado aqui agora, diante de vocês. O livro nada mais é que uma introdução, um portão para que as pessoas descubram outras músicas - justificou o autor, depois de citar também Camargo Guarnieri e Marlos Nobre.

Ao som de "A sagração da primavera", composta por Igor Stravinsky, que tocava no seu laptop Mac, o crítico leu um trecho de seu livro sobre a escandalosa estreia do balé coreografado por Nijinski em 1923, em Paris, e falou sobre os principais pontos e personagens da publicação, que traça um paralelo entre a música clássica e a História no século XX.

- O livro faz com que a gente queira ouvir música - comentou Dapieve.

Formado em literatura pela Harvard, Ross falou da falta que sente que sente do tempo em que os compositores, como Strauss e Puccini, eram grandes celebridades, no início do século passado. Para o crítico, a internet e as novas tecnologias tornam a música mais acessível, apesar de não haver uma comporvação disso. Ele também reclamou da apatia do público hoje diante de algum concerto ou show do qual não goste.

- Todo mundo está tão educado. Se não gostam, dão apenas uma tossidinha ou saem mais cedo. Uma pena, porque eu adoraria ver esse tipo de reação. Acho que o público é inseguro. Se pudesse fazer mais barulho, seria melhor - disse Ross.

Ross, que ganhou com seu livro o National Book Critics Circle Award e foi finalista do Pulitzer, falou também sobre rejeição dos compositores clássicos aos músicos afro-americanos no século passado.

- Foi uma tragédica cultural. É triste ver que os afro-americanos não tiveram acesso à música clássica, mas a tristeza dura pouco porque o jazz é maravilhoso.

A Tragédia de Michael Jackson, Rei do Pop

THEÓFILO SILVA

Parece o título de uma das peças de Shakespeare. Não é, mas os elementos que compõem essa trágica história bem que poderiam ter sido escritos pelo Bardo.
Ralph Waldo Emerson disse que: “entre os homens, o gênio é o ser mais desprotegido”. A ninguém uma frase pode se aplicar tão bem como a Michael Joseph Jackson, o geniozinho negro, duma família de nove irmãos artistas. Só estou citando sua cor porque ela teve um peso enorme em sua triste vida.
Dizem que Michael Jackson “coisificou-se”, já que perdeu sua identidade: não era homem nem mulher, nem criança nem adulto, nem negro nem branco, nem pai nem marido... e por aí vai! Sua mulher não era sua nem seus filhos eram seus! Essa realidade não é difícil de identificar. Complexo é entender como isso aconteceu! Por que o menino que conquistou multidões com seu talento não mais cresceu e não conseguiu enfrentar o mundo dos adultos? Tornou-se um infeliz Peter Pan, personagem de J.M.Barrie, denominando sua própria casa de Terra do Nunca.
Michael não é o primeiro gênio - sua genialidade repousa na dança - atormentado, a galeria é grande, não precisamos voltar a um passado distante, podemos ficar na segunda metade do século XX mesmo, com jovens pertencentes a sua atividade, seu país e sua época. Janis Joplin, Jimmi Hendrix,Jim Morrison, Kurt Cobain, Heath Ledger todos vitimados por drogas, lícitas e ilícitas, e mortos antes dos trinta anos. Todos esses, viveram pouco mais da metade da vida de Michael. Mas, Michael morreu por aí também. Pois, depois dos trinta anos, sua vida se tornou um tormento. Já que ele desumanizou-se e desmoralizou-se com essa idade. Virou uma tragédia viva.
Quando Michael iniciou sua caminhada de autodestruição, encontrou um forte aliado na ciência pervertida: a medicina estética e os psicotrópicos. Ou seja, aqueles que deveriam reverter seu processo destrutivo, trabalharam para matá-lo. Foram várias dezenas de caríssimas cirurgias plásticas para branqueá-lo e modificá-lo!
Essa nova turnê arranjada para seu retorno triunfal, após um longo ocaso, foi o que bastou para matá-lo. A rotina exaustiva de alguém doente que se punha de pé a custa de doses cavalares de medicamentos parou seu coração.
Sua derrota é de origem paterna. Michael foi amado e idolatrado pelo mundo todo, menos por aquele que tinha a obrigação de amá-lo, o pai! O homem que odiava o nariz do filho! O carrasco que criou um deus matando o homem. A criança sensível e genial necessitava do amor do pai. Não precisamos de Freud pra saber disso. Se seus irmãos escaparam da tragédia, eu não sei; ele, o gênio, não conseguiu. Sua vida se parece com a história e as estórias de Franz Kafka, outra figura arrasada pelo pai.
Hamlet, outro gênio marcado pela paternidade, pensava na excelência do ser humano: “Que obra prima é o homem, como é nobre pela razão! Como é infinito em faculdades! Em forma e movimentos, como é expressivo e admirável!” Eis aí o Michael! “Nas ações, como se parece com um anjo! Na inteligência, como se parece com um Deus! A maravilha do mundo! Protótipo dos animais”!
Michael Jackson quebrou as outras regras de Hamlet - suas ações não foram racionais nem inteligentes - e os que agem assim não sobrevivem, estão fadados à destruição! Shakespeare achava isso, e nós também!

Theófilo Silva é presidente da Sociedade Shakespeare de Brasília e colaborador da Rádio do Moreno.

Pensamento do Ano

Congresso Nacional:
se gradear vira zoológico,
se murar vira presídio,
se colocar uma lona em cima vira circo,
se colocar lanternas vermelhas vira prostíbulo,
se der descarga não sobra ninguém...

Gilberto Gil grava música tema do filme 'Besouro'


SÃO PAULO - O cantor e compositor Gilberto Gil gravou em seu estúdio no Rio de Janeiro a música tema do filme "Besouro", dirigido por João Daniel Tikhomiroff.

"Besouro" é um filme que mistura cenas de luta ao estilo de "O tigre e o dragão" com capoeira. A previsão de estreia da super produção nacional, com orçamento de R$ 10 milhões, é em 30 de outubro.
O filme conta a história do lendário capoeirista Besouro Mangangá. O coreógrafo de ação Hiuen Chiu Ku, responsável por coreografar as lutas de filmes como "Matrix", "O tigre e o dragão" e "Kill Bill" veio da China trabalhar em "Besouro".
Baseado em fatos reais,o filme relata a luta de Besouro nos anos 1920 contra a discriminação e a opressão de negros libertos da escravidão.


João Gilberto cancela shows


SÃO SEBASTIÃO - João Gilberto, considerado um dos criadores da bossa nova, cancelou todos os seus shows de julho. O motivo do cancelamento é que o artista se submeterá a uma cirurgia para retirada de uma hérnia.
Entre as apresentações canceladas estão um show no Heineken Jazzaldia de São Sebastião, marcado para 24 de julho, assim como outros em Madri e Barcelona, confirmaram organizadores.
Os médicos aconselharam o músico de 78 anos, que ajudou a popularizar a canção "Garota de Ipanema'', a fazer repouso e não viajar durante um mês.
João Gilberto voltou aos palcos no ano passado, com uma série de shows para celebrar os 50 anos da bossa nossa.