5.15.2010

Discos imperdíveis

Pithecanthropous Erectus, de Charles Mingus
 
Felix Baigon
Contrabaixista de expressiva importância para o jazz mundial, Charles Mingus estudou piano, composição e regência antes de tocar com grandes nomes, como Duke Ellington – com quem atuou durante anos e aprendeu todos os macetes da boa orquestração, Miles Davis e Charlie Parker.
Gravado em 1956, com a participação dos músicos Jackie McLean (sax alto), J.R.Montrose (sax tenor), Mal Waldron (piano) e Willie Jones (bateria), o álbum Pthecanthropous Erectus é a síntese do que foi a carreira desse gênio do contrabaixo. Suas composições, verdadeiras obras de arte, quase não foram gravadas na íntegra por outros músicos dada a dificuldade de execução. Mingus misturava elementos da música clássica com o jazz de uma forma inimaginável para sua época e ainda incluía sons urbanos e efeitos criados a partir dos saxofones, provocando sensações inéditas aos ouvintes. Exemplo disso é o clássico A Foggy Day, de Gershwin, onde ele também faz um dos mais criativos solos de contrabaixo da história da música instrumental.
A faixa Pithecanthropous Erectus abre com um caótico arranjo escrito para o quinteto soar como uma Big Band. Coisa de gênio. Os solos de sax alto de Jacke McLean e do piano de Mal Waldron valorizam ainda mais esse belo tema. É Mingus e sua banda sem limites para criar. Incompreendido pelo mercado, Charles Mingus terminou por abrir sua gravadora, anos depois, onde fez sua arte com total liberdade.
Figura de difícil trato no meio artísitico, Mingus tinha a fama de resolver as paradas na base da força. Demitiu músicos famosos de sua banda e, por diversas vezes, saiu no braço com músicos, donos de clubes de jazz e empresários maus pagadores.

Felix Baigon é baixista e está tocando no musical “Vicente Celestino”, que está em cartaz no Teatro SESC Ginástico até 23 de maio, no Rio de Janeiro.