1.29.2010

Para quem gosta de folia.

Pra quem gosta de folia publicamos abaixo a relação dos blocos e locais de saída. Divirta-se

29/1/2010
Bloco da Rua Larga
Centro
Praça Regente Feijó, Marechal Floriano, Av. Passos, Presidente Vargas, retornando a praça Regente Feijó, onde dispersa
14 às 20 h
30/1/2010
Só Caminha
Botafogo
Largo dos Leões, seguindo a Rua interna da praça até a Rua Marques, Rua Capistrano de Abreu, Conde de Irajá, retornando ao Largo dos Leões.
11 às 16 h
30/1/2010
Desliga da Justiça
Gávea
O bloco se apresenta na Praça Santos Dumont, sem deslocamento.
16 às 21 h
30/1/2010
Banda de Ipanema
Ipanema
Rua Gomes Carneiro, Av. Vieira Souto, R. Joana Angélica, R. Visconde de Pirajá, até a Praça General Osório, onde acontece o encerramento.
16 às 22 h
30/1/2010
É pequeno, mas balança - ensaio
Jardim Botânico
Rua Maria Angélica, em frente ao nº 197
17 às 20 h
30/1/2010
Spanta Neném
Lagoa
Ciclovia da Lagoa, do Corte do Cantagalo até o Clube Caiçaras.
30/1/2010
GB Bloco
Laranjeiras
Rua General Glicério até o final, retornando pela General Cristóvão Barcelos até a praça Jardim Laranjeiras
12 às 18 h
30/1/2010
Imprensa que eu Gamo
Laranjeiras
Rua Gago Coutinho, Largo do Machado em frente a Igreja, Rua das Laranjeiras, retornando a Gago Coutinho
13 às 19 h
30/1/2010
Rio Carioca
Laranjeiras
Rua Ipiranga, Rua Esteves Júnior, contornando a Praça São Salvador e retornando ao local de concentração.
13 às 19 h
30/1/2010
Banda da Estudantina Musical
Centro
Praça Mauá, Avenida Rio Branco, Rua da Carioca, seguindo até a Praça Tiradentes, onde dispersa em frente a Estudantina Musical
17 às 22 h
30/1/2010
Boêmios de São Cristóvão
São Cristovão
Largo Pedro Lubian, Rua Fonseca Teles, Rua São Cristóvão
14 às 20 h
30/1/2010
Tamborim Sensação
São Cristovão
O percurso será todo realizado no entorno do Campo de São Cristóvão, saindo do HSBC até o portão de entrada do Centro de Tradições Nordestinas (estátua de Luiz Gonzaga).
14 às 19 h
30/1/2010
Nem Muda Nem Sai de Cima
Muda
Rua Garibaldi, Av. Maracanã, R. Pinto Guedes, Praça Xavier de Brito, R. Otavio Kelly, R. Conde de Bonfim, Rua Garibaldi, onde dispersa
17 às 22 h
30/1/2010
Eu Sou eu, jacaré é Bicho D'água
Vila Isabel
R. Visconde de Abaeté, esquina com R. Torres Homem, sem desfile.
17 às 22 h
30/1/2010
Saco do Noel
Vila Isabel
Segue pela 28 de setembro, da praça Maracanã depois do Hospital Pedro Ernesto (sem SOM), a partir desse ponto até a Visconde de Abaeté, seguindo até o cruzamento da Visconde de Abaeté com a Torres Homem, onde dispersa.
18 às 22 h
31/1/2010
Calma, calma, sua piranha
Botafogo
Rua Visconde de Caravelas, da esquina com Real Grandeza até a esquina com Capitão Salomão (restaurante O Plebeu)
13 às 19 h
31/1/2010
Banda Braguinha - apresentação das camisetas
Copacabana
Av. Atlântica, em frente ao Copacabana Palace, sem deslocamento
16 às 22 h
31/1/2010
Bloco do Arrasta
Flamengo
Rua Jornalista Orlando Dantas, Rua Clarice Índio do Brasil, retornando a concentração
15 às 20 h
31/1/2010
Bagunça meu coreto
Laranjeiras
O bloco se apresenta "parado" na praça São Salvador.
10 às 16 h
31/1/2010
Tudo nosso, tamo junto
Laranjeiras
Rua Gago Coutinho, entrando na Marquesa de Santos, seguindo até o Largo no final da Marquesa de Santos, onde haverá o encerramento
13 às 19 h
31/1/2010
Acadêmicos do Vidigal
Leblon
Av. Delfim Moreira, pela pista junto a areia (área de lazer), entre o posto 12 e o Jardim de Alah
14 às 18 h
31/1/2010
Chora, me liga
Leblon
Saindo do Posto 12, Leblon, seguindo pela Av.Delfim Moreira até o Posto 10, na Av. Vieira Souto, em Ipanema.
11 às 17 h
31/1/2010
Me esquece
Leblon
Praça Atahualpa, Av. Delfim Moreira, seguindo pela pista da área de lazer até a Afranio de Melo Franco.
12 às 18 h
31/1/2010
Salgueiro
Tijuca
Rua Conde de Bonfim, sentido Usina, entre as Ruas José Higino e Uruguai. Combinado com o Ensaio Técnico da Império da Tijuca
17 às 22 h
2/2/2010
Kizomba da Vila
Vila Isabel
Praça Barão de Drummond, sem desfile e sem interferência viária.
15 às 20 h
5/2/2010
Katuca que ela pula
Botafogo
Rua Ipu, Rua Real Grandeza, Rua General Polidoro, Rua São João Batista, Rua Henrique de Novaes, Rua Ipu, onde dispersa
16:30 às 22 h
5/2/2010
Inova que eu gosto
Flamengo
Rua Paissandu, Rua Senador Vergueiro, Rua Barão do Flamengo, e Rua Paissandu, onde dispersa.
18 às 22 h
5/2/2010
Bloco da Saúde do Sindsprev
Centro
Sacadura Cabral, Praça Mauá, Avenida Rio Branco, seguindo até a Cinelândia, onde ocorre a dispersão.
14 às 20 h
5/2/2010
Cordão do Bola Preta
Centro
Praça Mauá, Avenida Rio Branco, seguindo por esta até a Cinelândia, onde encerra.
18 às 22 h
5/2/2010
Afroreggae
Lapa
Trio Elétrico/Palco - em frente aos Arcos da Lapa, onde acontece a apresentação.
19 às 0 h
5/2/2010
Badalo de Santa Teresa
Santa Teresa
Largo das Neves, Rua Progresso, Rua Oriente, retornando pela Oriente, Progresso até o Largo das Neves, onde encerra o desfile.
19 à 01 h
5/2/2010
Balanço do Pinto
Tijuca
Rua Pinto de Figueiredo, Av. Maracanã, Barão de Mesquita, General Roca, Conde de Bonfim, Pinto de Figueiredo, onde haverá dispersão
20 às 0 h
6/2/2010
Banda do Catete
Catete
Rua do Catete, Rua Correia Dutra, Rua Bento Lisboa, Rua Dois de Dezembro, Rua do Catete, voltando ao local da concentração.
14 às 20 h
6/2/2010
O mais querido samba e futebol
Catete
Pedro Américo, Bento Lisboa, seguindo até o Largo do Machado, onde dispersa.
14 às 21 h
6/2/2010
Banda Bandida
Copacabana
Rodolfo Dantas, Nossa Senhora de Copacabana, Belford Roxo, Barata Ribeiro, Siqueira Campos, Nossa Senhora de Copacabana, Rodolfo Dantas, dispersando no mesmo local da concentração.
16 às 22 h
6/2/2010
Bloco dos Mendigos
Copacabana
Bulhões de Carvalho, Rainha Elizabeth, Teresa Aragão, Gomes Carneiro, retornando ao ponto de concentração.
12 às 15 h
6/2/2010
Batuque das Meninas
Gávea
Praça Santos Dumont - sem desfile
15 às 20 h
6/2/2010
Simpatia é Quase Amor
Ipanema
Saída da Praça General Osório, Rua Teixeira de Melo, seguindo pela Vieira Souto (pista das edificações) até a Rua Henrique Dumont
14 às 20 h
6/2/2010
Amigas da Pracinha
Jardim Botânico
No entorno da Praca Pio XI.
10 às 14 h
6/2/2010
Sacode quem Pode
Jardim Botânico
Rua Jardim Botânico, do Belmonte até o Clube Militar.
15 às 19 h
6/2/2010
Bloco Brasil
Lagoa
Parque dos Patins - sem desfile
16 às 22 h
6/2/2010
Rio Pandeiro
Laranjeiras
O bloco se apresenta parado na Praça São Salvador.
16 às 22 h
6/2/2010
Salsero Baile Clube
Laranjeiras
Apresentação no Coreto da Praça São Salvador
12 às 18 h
6/2/2010
Xupa mas não baba
Laranjeiras
Rua Cardoso Junior, Rua das Laranjeiras, até a interseção com a Rua Leite Leal, onde haverá o encerramento.
15 às 21 h
http://diariodorio.com/category/carnaval-2010/

A história da Bossa Nova - Parte 2

Foto: Ensaiando o vocal. Da esquerda para a direita, Alaíde Costa, Ayres de Carvalho, André Spitzman Jordan, Oscar Castro Neves, Luizinho Eça, Roberto Menescal, Climene e Dulce Nunes.

Vinícius explicou detalhadamente o projeto e justificou a importância cultural do mesmo, para mais impressionar e logo convencer o jovem maestro a dele participar. Tom ouviu a explicação toda e ao fim da fala do poeta perguntou: “Tudo bem, mas tem um dinheirinho nisso aí?”. No dia seguinte já estavam trabalhando na casa de Vinícius.
Em depoimento a Almir Chediak, Tom Jobim lembrou que “no início havia uma certa timidez e as primeiras músicas ficaram umas porcarias. Fizemos três sambas horríveis. Mas Vinícius, pacientemente, queria que fôssemos trabalhando até sair alguma coisa direita”. A primeira “coisa direita” que saiu foi Se Todos Fossem Iguais a Você. Depois vieram Mulher Sempre Mulher, Um Nome de Mulher, Lamento no Morro e Valsa de Orfeu.
Orfeu da Conceição estreou no Teatro Municipal em setembro de 1956, com cenários de Oscar Niemeyer, figurinos de Lila Bôscoli, direção de Léo Jusi, Luiz Bonfá no violão, regência de Léo Peracchi e com um belo elenco negro encabeçado por Haroldo Costa (Orfeu), Léa Garcia (Mira) e Dayse Paiva (Eurídice). O espetáculo foi um acontecimento na vida cultural do Rio. Após uma semana em cartaz no Municipal, a peça foi transferida para o Teatro República, onde cumpriu temporada com casa lotada por mais um mês.
Naquela época a casa de Vinícius, na Avenida Henrique Dumont, em Ipanema, era a própria open house. Chico Feitosa, que trabalhava com o poeta, lembra que entrava e saía gente de manhã até a noite. Eram artistas e intelectuais como Elizeth Cardoso, Ciro Monteiro, Lúcio Alves, Doris Monteiro, Emilinha Borba, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Rubem Braga, Augusto Frederico Schmidt.
Terminada a temporada da peça, Tom e Vinicius começaram a trabalhar nas músicas da versão cinematográfica de Orfeu Negro. Roberto Menescal lembra-se do dia em que foi procurado por Tom. Estava em sua academia de violão, ensinando alguns acordes para uma menina, quando tocaram a campainha. Menescal deixou a garota esperando e foi atender. Na porta, ninguém menos do que Tom Jobim. Menescal, fã incondicional do maestro achou que estava sonhando. “Todas as vezes que tentava ver um show dele, ficava tão nervoso que acabava enchendo a cara e sempre saía carregado. Eu simplesmente não conseguia chegar perto do Jobim”, conta Roberto. E, de repente. lá estava ele frente a frente com o mito. “Você é o Menescal?”, perguntou Tom. “Sou”, respondeu o incrédulo compositor. “É que eu vou gravar um negócio pro filme Orfeu Negro, e queria ver se você fazia o violão, porque o João não pode e disse que você faz um violão mais ou menos parecido com o dele”. Menescal nem voltou para avisar à aluna: dali mesmo acompanhou Tom ao estúdio.
“Naquele mesmo dia já fizemos uma gravação”, lembra, No mesmo dia, Tom convidou o novo amigo para tomar um chope. No bar, perguntou a Menescal o que ele fazia, além de tocar violão. Menescal disse que tinha resolvido estudar Arquitetura. “Vai ser músico que é melhor”, foi o conselho de Tom. Não era um conselho de se jogar fora. Na mesma hora, Menescal resolveu se dedicar à música.
Orfeu Negro, dirigido pelo francês Marcel Camus, foi o grande vencedor do Festival de Cannes de 1959. Entre as novas canções compostas e utilizadas no filme estavam A Felicidade e O Nosso Amor, de Tom e Vinícius, e Manhã de Carnaval, de Luiz Bonfá e Antonio Maria, sendo esta música um grande sucesso internacional e decididamente um outro marco na história e na divulgação da música brasileira no mundo. A repercussão causada por Orfeu foi mais um elemento a contribuir fortemente para o clima de euforia que reinava no Brasil.
Como não poderia deixar de ser, paralelamente à efervescência musical que acontecia na zona sul a zona norte do Rio não ficaria imune às novidades musicais que encantavam o outro lado da cidade. Também em Vila Isabel o jazz era o ingrediente principal das reuniões musicais e lá já se tinha o hábito, mais tarde popularizado por João Gilberto, de se tocar violão no banheiro, devido à excelente acústica criada pelos ladrilhos.
Quando chegou ao Rio, em 1950, João Gilberto cantava como Orlando Silva, seu grande ídolo. Nascido em Juazeiro, no interior da Bahia, João chegou à capital aos 19 anos para ser crooner do grupo Garotos da Lua. Durante algum tempo morou na Tijuca com Alvinho Senna, violonista do grupo, formado ainda por Acyr Bastos Mello, Milton Silva (arranjador) e Toninho Botelho (bateria). Com Alvinho, João freqüentava a noite de Vila Isabel, ao lado de músicos como João Donato, Johnny Alf e Bebeto, do futuro Tamba Trio. O guitarrista Durval Ferreira, que morava por lá, lembra que não era difícil encontrar João Gilberto tocando seu violão em plena Praça Noel Rosa, talvez rendendo homenagem a um dos maiores compositores da música popular brasileira de todos os tempos.
Um ano e meio depois de chegar ao Rio, João Gilberto deixou os Garotos da Lua: já era então uma pessoa absolutamente imprevisível que, apesar do inegável talento, faltava demais aos ensaios e apresentações da banda. Nesta época, João namorava a jovem Sylvia Telles, que tinha 18 anos e em breve se transformaria numa das grandes cantoras dos anos 50 e uma das maiores incentivadoras e mais importantes personalidades da Bossa Nova.
Em 1955, convidado pelo amigo Luís Telles para passar uma temporada em Porto Alegre, resolveu ir conhecer a capital gaúcha. Passou ao todo sete meses no Sul, onde conquistou grande parte dos boêmios da cidade com seu violão. Após esta temporada, João foi para Diamantina, onde morava sua irmã Dadainha. Lá ficou oito meses, até maio de 1956. Passava todo o tempo trancado no quarto ou no banheiro estudando violão sem parar. Dadainha resolveu devolvê-lo para a casa de seu pai, em Juazeiro. Incompreendido em sua própria terra, João resolveu voltar ao Rio para mostrar o que tinha descoberto. Uma nova “batida” de violão, que iria mudar os destinos dos músicos brasileiros e influenciar a música do mundo inteiro.
Quando terminou o namoro com João Gilberto, Sylvinha Telles ainda não cantava profissionalmente, mas resolveu se apresentar, sem o conhecimento de seu pai, no programa Calouros em Desfile, apresentado por Ary Barroso. Fez sucesso e acabou convencendo a família a aceitar sua opção profissional Sylvia foi, ao lado de Dolores Duran e Maysa, uma das três grandes cantoras dos anos 50.
Em 1956, o 78 rpm Foi a Noite, em que interpretava a bela canção de Tom Jobim e Newton Mendonça, era item obrigatório nas discotecas modernas. A suavidade das interpretações de Sylvinha era um retrato da própria cantora no trato com seus inúmeros amigos. Grande amiga de Roberto Menescal e de todos os músicos da Bossa Nova deixou um enorme vazio no coração do grupo ao desaparecer tragicamente num desastre de automóvel junto com seu namorado, Horacinho de Carvalho, pessoa muita querida na sociedade carioca.
Do seu primeiro casamento com o violonista Candinho, Sylvinha Telles deixou uma filha, a cantora Cláudia Telles. Seu irmão, o compositor Mário Telles, foi parceiro do maestro Moacyr Santos, outro nome admirável entre os arranjadores brasileiros.
Dolores Duran, que também compunha (é autora do clássico A Noite do Meu Bem) em parceria com Ribamar, contagiava a todos com suas canções, interpretadas com tal emoção que lembrava as grandes divas dos blues americanos.
Já Maysa vinha do extremo oposto: paulista, casou-se aos 18 anos com André Matarazzo, sobrinho do conde Francisco Matarazzo e 20 anos mais velho do que ela. Cantava divinamente nos saraus da aristocracia paulistana. Mas, se no Rio de Janeiro as famílias de classe média desprezavam a profissão de músico ou cantora, numa família quatrocentona paulista a coisa era bem pior. O casamento durou menos de um ano, pois, ajudada por seu pai, Maysa conseguiu gravar um disco e acabou se desligando da família Matarazzo.
O novo jeito de tocar e cantar de João Gilberto rapidamente contagiou toda a turma, que finalmente encontrou seu caminho musical. Tocar violão virara uma febre. Naquela época, Carlinhos Lyra e Roberto Menescal já haviam aberto uma academia de violão em Copacabana, onde ensinavam as técnicas do instrumento para um sem-número de jovens alunos interessados na nova batida.
Há controvérsias quanto à origem da expressão Bossa Nova. Uns defendem que Noel Rosa já a utilizava bem antes do aparecimento de João Gilberto. Outros a atribuem ao cronista Sérgio Porto, que por sua vez a teria ouvido de um engraxate. Mas a versão mais aceita é a de que o jornalista Moysés Fuks, do jornal Última Hora, seria o responsável por sua criação.
Fuks, cuja irmã estudava na academia de Lyra e Menescal, era diretor artístico do Grupo Universitário Hebraico do Brasil, uma associação estudantil no Flamengo. O jornalista resolveu convidar a turma para fazer um show no Grupo, no primeiro semestre de 1958. Ele, ou alguém cuja identidade é um enigma, escreveu no cartaz: “Sylvinha Telles e um grupo Bossa Nova”. O show, cuja divulgação foi feita apenas no boca-a-boca, foi um enorme sucesso. Faziam parte do “grupo Bossa Nova” Carlos Lyra, Roberto Menescal, Chico Feitosa, Ronaldo Bôscoli, Nara Leão e outros.
A partir dali, o termo começou a ser usado pelo próprio grupo para definir a música que faziam. Poucos meses depois, Tom Jobim e Newton Mendonça compuseram Desafinado, cujos antológicos versos "Isso é Bossa Nova / isso é muito natural” ajudaram a consolidar a expressão. João Gilberto, ao ouvir Desafinado na casa de Tom, pediu para gravá-la e o fez em novembro de 1958, em seu segundo disco. Este tinha, de um lado, a música de Tom e Newton Mendonça, que viria a se tornar um dos hinos da Bossa Nova, e do outro uma composição sua, Ô-ba-la-lá.
No início de 1959, Tom Jobim convenceu Aloysio de Oliveira, então diretor da Odeon, a gravar um LP com João. Neste entraram Chega de Saudade (que deu nome ao LP), Bim-bom, Ô-ba-la-lá (de João), Desafinado, Brigas Nunca Mais ( de Tom e Vinícius), Lobo Bobo e Saudade Fez Um Samba (de Lyra e Bôscoli). Maria Ninguém, de Lyra, Rosa Morena, de Caymmi, É Luxo Só, de Ary Barroso e Luís Peixoto, e Aos Pés da Santa Cruz, de Marino Pinto e Zé da Zilda. Tom Jobim assinou o texto da contracapa no qual previa a importância de João, que segundo ele, já havia, em pouquíssimo tempo, influenciado “toda uma geração de arranjadores, guitarristas, músicos e cantores”.
Além da música, a grande paixão de Menescal, Bôscoli e sua turma eram as pescarias submarinas que promoviam no litoral de Cabo Frio e Arraial do Cabo, praias que nos anos 50 eram um verdadeiro paraíso praticamente intocado pelo homem.
Numa dessas ocasiões foi criado O Barquinho, outro clássico da Bossa Nova. É Menescal quem conta: “Nesse dia a gente estava num barco alugado, fora da Ilha do Cabo, num lugar em que eu nem devia ter levado a turma, porque era bastante perigoso. Estávamos Ronaldo, Nara, Bebeto, Luizinho, eu e mais algumas pessoas, talvez umas oito, no total. O barco enguiçou e o pessoal ficou muito apavorado, porque ali a profundidade era grande e a âncora não alcançava o fundo.
O barco foi indo para fora e o barqueiro, acostumado com aquilo, foi deixando. Eu comecei a brincar, dizendo que a gente podia pegar uns peixes e comer crus, que fome a gente não ia passar. Aí eu comecei, de brincadeira, a cantarolar uma melodia que me veio à cabeça na hora. O barquinho fazia toc-toc-toc, não pegava, e eu cantarolando, brincando. Alguém começou a brincar também, dizendo ‘O barquinho vai, a tardinha cai, o barquinho vai...’. Até que vimos um barco que estava vindo de Abrolhos e rebocou a gente. Aí ficou todo mundo alegre de novo. No dia seguinte, já na casa da Nora, no Rio, o Ronaldo me perguntou: ‘Como é aquele negócio que você estava cantarolando mesmo?’ Então eu me lembrei mais ou menos da melodia e a gente fez O Barquinho.”
Mergulhar, na época, era um esporte novo, e Menescal foi um dos primeiros a dominar o mar, chegando a virar notícia de jornal quando capturou um enorme mero nas águas de Cabo Frio. Além de Menescal também eram freqüentadores assíduos das pescarias Ronaldo Bôscoli, Chico Feitosa, Chico Pereira, Toninho Botelha e Normando Santos. Eventualmente, também Luiz Carlos Vinhas e Luizinho Eça. E Nara Leão, enquanto namorava Bôscoli. Menescal mantinha alugada em Cabo Frio, com o fotógrafo Chico Pereira, uma pequena casa de sala e quarto, onde às vezes dormiam mais de dez pessoas.
Na única vez que conseguiram arrastar João Gilberto para Cabo Frio, ele se recusou a entrar no barco e ficou esperando na praia, com o violão, No fim da tarde, quando voltaram, ele estava na mesma posição, muito vermelho e reclamando muito: “Por que vocês fazem isso comigo?”. Desta época de pescarias, além de O Barquinho, Menescal e Bôscoli compuseram, entre outras, Rio, Nós e o Mar, Ah, se Eu Pudesse, A Morte de Um Deus de Sal.
Entre 1958 e 1959, Tom Jobim lançou diversas canções que se tornaram clássicos da Bossa Nova: Meditação, Discussão, Samba de Uma Nota Só (com Newton Mendonça), Dindi, Demais e Eu Preciso de Você (com Aloysio de Oliveira), Este Seu Olhar, Fotografia (só dele), A Felicidade, O Nosso Amor, Eu Sei Que Vou Te Amar (com Vinícius). Sylvinha Telles cantou a maioria delas nos dois LPs que gravou em 1959: das 24 canções, 18 eram de Jobim.
Em agosto de 1959, os estudantes de Direito da PUC resolveram organizar um show com os artistas da Bossa Nova. As principais atrações seriam as já consagradas Sylvia Telles e Alaíde Costa, além da vedete Norma Bengell, que mostraria além de seus dotes físicos os seus dotes de cantora. Os músicos convidados seriam Roberto Menescal, Luiz Carlos Vinhas, Carlos Lyra, Nara Leão, Normando Santos, Chico Feitosa e os irmãos Castro Neves, entre outros. Ronaldo Bôscoli, que seria o apresentador, prometera levar também Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Billy Blanco e Dolores Duran.
Os padres da PUC autorizaram a realização do show, mas com uma condição: a saída de Norma Bengell, cuja presença na universidade católica havia sido vetada. Como os organizadores não queriam abrir mão da presença dela (“turma era turma...”) o show acabou sendo transferido para a Faculdade de Arquitetura, na Praia Vermelha.
O episódio do veto a Norma ganhou as páginas dos jornais, que o noticiaram com fartura. O resultado é que, no dia do espetáculo, 22 de setembro, centenas de pessoas se aglomeravam na porta da Arquitetura para assistir ao “show proibido”. Apesar do amadorismo gritante do espetáculo, a noite foi um sucesso. Norma Bengell apresentou-se toda de negro e foi aplaudida de pé, mostrando cinco canções do disco Ooooooh Norma! que ela gravara pela Odeon.
Alaíde Costa interpretou brilhantemente Chora Tua Tristeza, de Oscar Castro Neves e Luvercy Fiorini. Até Luiz Carlos Vinhas e Ronaldo Bôscoli cantaram. O primeiro entoou Desafinado e Chega de Saudade, enquanto o segundo mostrou Mamadeira Atonal, composição sua que nunca chegou a ser gravada.
Os prometidos Vinícius, Tom, Billy Blanco e Dolores compareceram para prestigiar, mas não subiram ao palco. Os jornalistas Ronaldo Bôscoli e Moysés Fuks encarregaram-se da repercussão do evento na imprensa, respectivamente na revista Manchete e no jornal Última Hora, Todos queriam saber o que era exatamente aquela música tocada ali, se era jazz, se era samba. Mas Tom Jobim e Newton Mendonça já haviam definido: aquilo era Bossa Nova.
A partir daí, todos queriam escutar Bossa Nova e os convites para shows e reuniões começaram a proliferar. O grupo fez espetáculos na Escola Naval (do qual participaram também Lúcio Alves, Sylvinha Telles, Alaíde Costa e Norma Bengell), no Colégio Santo Inácio, no Franco-Brasileiro, no auditório da Rádio Globo, este último transmitido ao vivo do auditório na Rua Irineu Marinho e do qual participaram Os Cariocas, já com a formação que virou oficial: Severino, Badeco, Quartera e Luís Roberto.
Naquela época, gravadores de som não eram muito comuns nas mãos de não-profissionais. Uma das poucas pessoas que possuíam gravador era Jorge Karam, amigo de toda a turma da Bossa Nova e um apaixonado por música. Graças ao hobby de Karam ficaram preservados importantíssimos momentos da vida do movimento e de seus participantes. Do show da Arquitetura e da Escola Naval, como tantos outros, o único record que existe são as preciosas gravações de Karam a quem a história da Bossa Nova muito deve.
Em breve, ter representantes da Bossa Nova numa reunião era sinônimo de status. A presença de João Gilberto numa festa, então, era disputadíssima. Todo mundo anunciava sua presença, mas era raro ele aparecer. Em compensação, quando o fazia, deixava seus ouvintes exaustos: muitas vezes tocava até o amanhecer.
Alguns locais do Rio passaram a ser sinônimos da Bossa Nova, sendo raras as noites em que os compositores do grupo e seus amigos não se encontrassem. Além da casa de Nara Leão, as casas de Lula Freire, Geraldo Casé, Chico Pereira e Jorge Karam eram verdadeiros templos do movimento. As reuniões em casa de Marilene Dabus e Bené Nunes eram outro ponto de encontro dos músicos e compositores. Um pouco mais tarde, as casas do advogado Nelson Motta, pai do compositor Nelsinho Motta, e do empresário Cícero Leuenroth, pai da cantora Olívia, que anos depois se casaria com o compositor Francis Hime, também eram refúgio seguro para a Bossa Nova.
O movimento tinha muitos simpatizantes e admiradores de primeira hora. Um dos mais freqüentes às reuniões do grupo era o jornalista João Luís Albuquerque. Íntimo dos músicos e compositores, João Luís foi um dos maiores divulgadores da Bossa Nova, e certamente um dos seus mais importantes incentivadores.
Muita gente passou a organizar festas apenas para mostrar aos amigos uma pretensa intimidade com o grupo. Proliferavam jantares e reuniões, tanto no Rio como já em São Paulo, muitas vezes oferecidos por diplomatas e pessoas da sociedade interessados na novidade musical.
Um dos episódios mais hilariantes desta época aconteceu na casa do adido cultural da Argentina. A mulher de Normando Santos, Lolita, que trabalhava na embaixada argentina, foi encarregada pelo diplomata de organizar um jantar em seu apartamento, na Rua Siqueira Campos, em Copacabana. Naquela reunião estavam, entre outros, Luiz Bonfá, Maria Helena Toledo, Luiz Carlos Vinhas, Chico Feitosa, Lula Freire, Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Roberto Carlos, Carlos Imperial, Luizinho Eça e até um membro do grupo apelidado de Milton Ilha Rasa, que tinha esta alcunha por causa do estado em que ficavam seus olhos após atravessar as emoções e exageros da noite.
O apartamento do diplomata tinha várias salas. Numa delas se instalaram diplomatas, músicos e compositores. Em outra foi colocada uma enorme mesa com vários pratos decorados, arranjos de flores e um belo leitão assado. O dono da casa, aflito, esqueceu a diplomacia e começou a insistir para que o show começasse.
Nada incomodava mais os integrantes da Bossa Nova do que, em vez de se sentirem convidados, serem considerados apenas como músicos aparentemente contratados para divertir uma festinha social. Enquanto os companheiros, de propósito, não se resolviam a tocar, Luiz Carlos Vinhas aproveitou para tomar um banho na suíte do apartamento. Usou todos os sais e perfumes da esposa do diplomata. Saiu limpíssimo, mas deixou o banheiro em situação caótica.
Tanta insistência por parte do dono da casa acabou irritando Vinícius de Moraes, “Vamos dar uma lição nesse cara, vamos sumir com aquele leitão. Esconde o leitão “, instigou ele. Ronaldo Bôscoli gostou da idéia até porque o grupo seguiria da casa do diplomata diretamente para o fim de semana de pescarias em Cabo Frio, onde o leitão seria certamente muito mais aproveitado - e resolveu produzir o seqüestro.
Ajudado por Vinhas, pegou o leitão, com bandeja de prata e tudo, e escondeu atrás de uma cortina. Vinícius só ria. Na mesma hora, o tão esperado show começou, e cada um tocou suas músicas, distraindo os animados convivas. Chico Feitosa e Bôscoli ficaram observando discretamente a sala de jantar. A certa altura um dos garçons foi até lá e levou aquele susto. Chamou um colega, ficaram os dois gesticulando e olhando para todos os lados em busca do leitão. Sem outra opção, levaram o problema ao dono da casa.
“A gente não ouvia o que eles diziam, só via os gestos, o movimento dos lábios. Ele dizia ‘Como? Como sumiu?”, lembra Chico. Muito nervoso, o diplomata perguntou aos presentes se por acaso não haviam visto um leitão por ali. Obviamente, ninguém tinha visto leitão algum.
Bôscoli, preocupado com a possível confusão, resolveu sumir de vez com o bicho. Numa operação complicadíssima, ele e Chico Fim de Noite embrulharam o leitão num jornal, depois numa toalha, deixaram a bandeja atrás da cortina e conseguiram contrabandeá-lo para o velho fusquinha de Bôscoli, estacionado nas imediações. O jantar acabou em clima de mistério, e no dia seguinte o prato foi devidamente degustado com “vivas” à Argentina, na alegre pescaria de Cabo Frio.
Outro episódio que traduz o espírito irreverente da turma aconteceu na casa de uma condessa na Rua Dona Mariana, em Botafogo. A nobre senhora, anunciando uma noite de Bossa Nova, convidou o grupo e inúmeros socialites da época. Preparou um belo jantar, em que se comeu e bebeu à vontade.
No fim da festa, na despedida à dona da casa, era preciso entrar numa fila para beijar a mão, que a condessa cerimoniosamente esticava a quem saía. O primeiro a entrar na fila foi Luiz Carlos Vinhas, num monumental pileque. Sem saber o que devia fazer, Vinhas simplesmente empurrou a mão da condessa para baixo e saiu. Mas este não foi o único insulto da noite. O pior ainda estava por vir.
Chegou a vez de Zé Henrique Bello, artista plástico, freqüentador da Bossa Nova, que tentava se manter em pé na fila. A condessa esticou o braço. Zé Henrique segurou sua mão, parou para pensar em alguma coisa e acabou babando na mão da condessa. Percebendo a gafe, ainda tentou consertar: delicadamente limpou a mão da condessa na própria camisa e saiu, cambaleando.
O pianista Luiz Carlos Vinhas sempre foi uma das mais divertidas figuras da Bossa Nova. Conta casos e inventa situações que já fazem parte da história do movimento. Numa noite, junto com Lula Freire e Chico Toselli, um amigo boêmio, foram para uma reunião de Bossa Nova no apartamento de uma bela morena carioca que morava na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, e era conhecida muito especialmente pelos seus belos atributos físicos.
Como já era tarde, por volta das 11 h da noite, e a portaria já estava fechada, ficaram os três por ali, olhando para cima e escutando o som da reunião no 3º andar, esperando que aparecesse alguém para abrir a porta. Não demorou muito, chegou um sujeito enorme, uma verdadeira ilha, que ao abrir a porta perguntou a Vinhas para onde eles iam.
O pianista, que quando fica nervoso dá uma gaguejada, quis se fazer de engraçado e disse para o cara: “É ne-negócio de Bossa Nova. Va-vamos na casa da fulana. Aquela da-da bunda grande”. “O grandalhão, sem mover um músculo, respondeu: “É minha irmã”. Luiz Carlos Vinhas ficou lívido, e segurando imediatamente no braço do sujeito, muito sério arrematou: “Bu-bunda maravilhosa!”. O grandão acabou rindo e abriu a porto para os três. Já a salvo, no apartamento, Vinhas comentava que o pescoço do irmão era maior do que a bunda da dona da reunião.A mania de todo mundo querer se mostrar íntimo da Bossa Nova irritava de verdade os compositores. Uma das principais características de quem queria se mostrar “da Bossa Nova” era dizer que tinha intimidade com os compositores e que sabia cantar todas as músicas do grupo.
Um dia Chico Feitosa resolveu pregar uma peça numa senhora da sociedade que adorava se fazer de íntima: no meio de uma reunião começou a cantar uma música inventada na hora: Volma. “Eu cantava: ‘Voooolma, veja só que lalalalá... veeeeenha...’. Eram apenas algumas palavras desconexas, e o resto eram sons sem sentido”, conta ele. E não é que a mulher fingiu conhecer a música, chegando a acompanhar Chico nos vocais?
Em pouco tempo, o termo Bossa Nova começou a servir para dar nome a qualquer tipo de coisa, desde geladeiras a lançamentos imobiliários. Mas muita gente também começou a implicar com o movimento: alguns críticos sem nenhuma importância e algumas pessoas conhecidas que pertenciam a uma outra geração de músicos e compositores e preferiam os antigos estilos da música brasileira.
O jornalista Antonio Maria, cuja música Ninguém me Ama era usada como exemplo do que absolutamente não era Bossa Nova, era um deles. O próprio Antonio Maria, inteligente, ótimo cronista e homem da noite carioca, brincava com sua própria letra, cantando: “Ninguém me ama, ninguém me quer ninguém me chama de Baudelaire”. Maria mantinha uma coluna diária no O Jornal, onde sempre encontrava uma maneira de criticar o movimento. Ele e Bôscoli quase saíram no tapa na porta do Little CIub, mas Aloysio de Oliveira chegou a tempo de apartar a briga. Os dois, no entanto, ficaram sem se falar para sempre.
Outro ferrenho inimigo da Bossa Nova era Sílvio Caldas. O cantor afirmava, para quem quisesse ouvir, que a Bossa Nova nada mais era que um movimento passageiro e sem categoria, e que rapidamente acabaria. Lamentável engano do seresteiro.
Em contrapartida, os jornalistas Moysés Fuks, João Luiz Albuquerque e Sylvio Túlio Cardoso formavam o trio de ouro na defesa e na divulgação do movimento. Muita gente de peso acabou aderindo, como os maestros Radamés Gnatalli, Léo Peracchi, Rogério Duprat, Julio Medaglia e Guerra Peixe. Ary Barroso (este menos) e Dorival Caymmi também se chegaram, prestigiando várias reuniões do grupo.
João Gilberto foi apresentado a Astrud Weinert na casa de Nara Leão, Em pouco tempo eles começaram a namorar e se casaram, tendo Jorge Amado como padrinho. Alguns anos mais tarde, ela gravaria a versão em inglês de Garota de Ipanema no lendário disco Getz/Gilberto.
Ainda em 1960, João gravou seu segundo disco, O Amor, O Sorriso e a Flor, que consolidaria definitivamente a Bossa Nova. Do repertório constavam Meditação (Tom Jobim e Newton Mendonça), Só em Teus Braços (Tom Jobim), Se É Tarde Me Perdoa (Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli), Corcovado (Tom Jobim), Discussão (Tom Jobim e Newton Mendonça), Um Abraço no Bonfá (um instrumental de João Gilberto), Doralice (Dorival Caymmi), Amor Certinho, Samba de Uma Nota Só (Tom Jobim e Newton Mendonça), O Pato, Outra Vez e Trevo de Quatro Folhas. Tanto Samba de Uma Nota Só quanto Desafinado tornaram-se clássicos do movimento.
Também no início de 1960, houve o primeiro rompimento sério na Bossa Nova. Carlos Lyra resolveu não esperar que André Midani, amigo dos compositores da Bossa Nova, diretor da Odeon, cumprisse sua promessa de gravar um disco com toda a turma e acabou assinando um contrato para um disco solo com a Philips, através de João Araújo. A notícia explodiu como uma bomba. Ronaldo Bôscoli não gostou nada da história e acabou rompendo com seu parceiro.
O disco de Carlinhos, Bossa Nova Carlos Lyra, saiu com arranjos do maestro Carlos Monteiro de Souza contracapa com texto de Ary Barroso e canções como Rapaz de Bem (Johnny Alf), Chora Tua Tristeza, Ciúme, Barquinho de Papel, Gosto de Você, Quando Chegares e Maria Ninguém.
Bôscoli já havia marcado um segundo show para a Faculdade de Arquitetura, no mesmo local onde acontecera o primeiro. O nome do espetáculo seria A Noite do Amor do Sorriso e da Flor, com a prometida presença de João Gilberto, Vinícius de Moraes, Os Cariocas, Johnny Alf e Norma Bengell.
Por causa do desentendimento com Bôscoli, a turma de Carlos Lyra resolveu organizar outro show na mesma data, na PUC, contando também naquela noite com as presenças de Juca Chaves e Alaíde Costa.
O show da Arquitetura foi infinitamente melhor: Johnny Alf compareceu e tocou seus dois grandes sucessos da epoca, Rapaz de Bem e Céu e Mar. Nervoso, o cantor e pianista precisou tomar um banho gelado antes de entrar no palco. O sempre irreverente Luiz Carlos Vinhas entrou no palco de velocípede. Outros que se apresentaram na mesma noite foram Nara Leão, Chico Feitosa, Claudete Soares, Sérgio Ricardo, o conjunto de Roberto Menescal, Luizinho Eça e os paulistas Pedrinho Mattar e Caetano Zama. Mas as duas grandes atrações da noite foram João e Astrud Gilberto, que fecharam o espetáculo.
Outros cantores americanos também começaram a descobrir a Bossa Nova. Entre eles Sarah Vaughan, que viera ao Brasil pela primeira vez no ano anterior, e Nat King Cole, que gravara duas das faixas de seu disco latino com Sylvinha Telles. King Cole, inclusive, foi das poucas pessoas que fizeram João Gilberto aguardar algumas horas no corredor da Odeon esperando para ver o ídolo. Nat saiu e passou por ele sem saber de quem se tratava. Mais tarde, na casa de Tom Jobim, João comentaria: “Nat não é preto, é azul”.
João Gilberto tornava-se cada vez mais perfeccionista. Certa ocasião foi convidado a fazer uma apresentação no programa Noite de Gala, que seria transmitido ao vivo do Tijuca Tênis Clube. O estádio estava apinhado de gente, e quando João começou a cantar “O pato... saiu cantando alegremente....”, todo o público respondeu em coro: “Qüém, qüém”, o que foi uma forma simpática de participação no show. Insultadíssimo, João simplesmente se calou, parou de tocar, disse baixinho ao microfone “eu não sou Miltinho” e retirou-se. Até hoje ninguém sabe muito bem o motivo da referência ao ex-crooner e pandeirista dos Anjos do Inferno, que estava nas paradas de sucesso com o samba Mulher de 30.
A Bossa Nova logo se profissionalizou. O movimento deixara de ser um episódio carioca e tomava conta das rádios e televisões de todo o Brasil. Por todo o país violões passaram a ser vendidos como nunca. Músicos e compositores começaram a aparecer nas grandes e pequenas cidades, alegrando a música brasileira com a mensagem do amor, do sorriso e da flor.
Em Belo Horizonte um grupo de rapazes e moças se encontrava para um bate-papo nas horas de folga, entre um estudo de Química e Física. Um violão ou piano quase sempre fazia parte da conversa. A explosão da Bossa Nova estimulou o grupo, que passou a cantar e tocar o novo som que vinha do Rio de Janeiro. De vez em quando alguém aparecia assobiando música nova de sua autoria. De repente surgiu a idéia de formar um conjunto próprio para tocar suas composições. A coisa era fácil: todos tocavam um ou mais instrumentos.
O grupo, daí em diante, passou a reunir-se no sítio do pai de Pacífico Mascarenhas, nas proximidades de Belo Horizonte. Vai dia, vem noite, surgiu Sambacana, uma reunião musical na base de samba e cana, na qual eram apresentadas para os amigos as novas músicas.
Os compositores e músicos do grupo eram Pacífico Mascarenhas (Pouca Duração, Começou de Brincadeira, Amor é Ilusão, Ônibus Colegial, Olhos Feiticeiros, Se Eu Tivesse Coragem, Mandrake), Roberto Guimarães (Amor Certinho, Serenata Branca, Menina da Blusa Vermelha), Alceu Nunes (Quantas Noites Ainda?, Estrada da Solidão), Gilberto Mascarenhas (Rosinha, Explicação), Marcos de Castro, violonista e arranjador do grupo, e Ubirajara Cabral, pianista e maestro do Coral de Ouro Preto, apontado pelo jornal O Globo como o melhor conjunto vocal do Brasil em 1962.
Durante as madrugadas, saíam eles de piano e violão, em cima de um caminhão, com o Coral de Ouro Preto, fazendo serenatas pelas casas das namoradas até o dia clarear. Nos antigos cenários mineiros, o som da Bossa Nova encantava a todos.
Na Bahia, terra de João Gilberto, Carlos Coqueijo e Alcivando Luz, também amigos do cantor, apresentavam o novo som em suas casas e na casa de Nilde Almeida. Entusiásticos shows ocorreram no Teatro Castro Alves e na boate do Hotel da Bahia. Os músicos Perna Fróes, Tutti Moreno, Moacyr Albuquerque, Gecildo Caribé, Bira da Silva e Lula Nascimento esquentavam as noites de Salvador. Não menos importante para o movimento, em épocas diversas, foram os instrumentistas Genivaldo da Conceição, Lindenberg Cardoso, Fernando Lona e Djalma Correa.
A semente plantada por João Gilberto mais tarde traria Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil para a cena maior da música brasileira. Euler Vidigal, no Maranhão, despontava como compositor e reunia grupos de intelectuais, músicos e apreciadores para ouvir a novidade. Também de Minas, veio a voz romântica do cantor Luiz Cláudio.
No Rio, locais como o Beco das Garrafas, na Rua Duvivier, em Copacabana, tornaram-se pontos de encontro dos músicos e amantes do jazz e da Bossa Nova, O nome do local surgiu do hábito pouco educado que os moradores dos prédios tinham, de jogar garrafas sobre os boêmios que perturbavam a paz noturna, o que era freqüente.
Ali, nas boates Bottle’s, Bacarat e Little Club, os amantes do jazz, da Bossa Nova e das garrafas promoviam memoráveis encontros musicais. O Little Club e o Bottle’s pertenciam aos mesmos donos, Giovanni e Alberico Campana, que estimulavam as apresentações de grupos de jazz e Bossa Nova. Muita gente passou por lá neste início dos anos 60: Paulo Moura, Juarez Araújo, Cipó, Aurino, Maciel, Luizinho Eça, Luiz Carlos Vinhas, Sérgio Mendes, Baden Powell, Tião Neto e Chico Batera, entre muitos outros.
O Zum-Zum, boate do compositor Paulinho Soledade, e o Manhattan também abriram seus espaços para a Bossa Nova. O homem de televisão Geraldo Casé, responsável pelo que de melhor se fazia em shows de IV abriu uma casa noturna dedicada quase que exclusivamente aos intérpretes da Bossa Nova. O local tinha o sugestivo nome de Rui Bar Bossa.
Quando o disco de João Gilberto chegou a São Paulo, a maior concentração de pontos de encontro do pessoal que curtia jazz, MPB e música instrumental estava na Praça Roosevelt e seus arredores. Com ramificações, por exemplo, para os lados da Consolação, onde a boate Cave lançava cantores novos redescobria Aracy de Almeida ou Cyro Monteiro, e mais tarde apresentaria pocket shows, alguns importados do Beco das Garrafas. Neste mesmo rumo, chegava-se até a Rua Sete de Abril, onde a Oásis ainda era ponto de referência nas colunas sociais, e onde tocaram muitos dos músicos que viriam a se engajar na Bossa Nova.
Fonte: Revista Caras - Edição Especial de Junho de 1996.

Divulgada a programação da Virada Cultural Paulista 2010

A Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo divulgou nesta quarta-feira, 27, a programação da quarta edição da Virada Cultural Paulista. Este ano o evento será realizado nos dias 22 e 23 de maio em 29 cidades de São Paulo.
A edição deste ano terá mais de 700 atrações espalhadas pelo Estado. A Secretaria espera que 1,2 milhão de pessoas assistam as atrações de teatro, dança, cinema, música e outras atividades artísticas e culturais. O orçamento total é de R$ 6,5 milhões.
Entre as novidades da nova edição da Vira Cultural Paulista esta a realização do evento em toda a região da Baixada Santista e a presença de artistas estrangeiros.
Estão confirmadas as apresentações da cantora Cat Power (em Jundiaí e São José dos Campos), o cantor Manu Chao (Araraquara e Santos), a banda Mudhoney (Mogi das Cruzes e São Jose dos Campos) e o multinstrumentista francês Yann Tiersen (Piracicaba e São João da Boa Vista), conhecido mundialmente por ser o autor da trilha sonora do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”.

Wanessa fará abertura dos shows de Beyoncé em Florianópolis e no Rio

A cantora Wanessa Camargo foi confirmada para se apresentar antes de Beyoncé nos shows que a artista norte-americana tem agendado em Florianópolis e no Rio de Janeiro. Essas apresentações serão realizadas nos dias 04, 07 e 08 de fevereiro.
Wanessa esteve na noite desta quarta-feira, 27, na pré-estréia do filme “High School Musical - O desafio”, no Rio de Janeiro, e comentou que está ensaiando muito para a ocasião. A filha do cantor Zezé Di Camargo é uma das atrizes da versão nacional do musical da Disney.
Beyoncé também vai se apresentar em São Paulo, no dia 06, e em Salvador, 10. Esses shows contarão com a participação de Ivete Sangalo.
 
Ex-vocalista do Rainbow vem ao Brasil para dois shows

Estão confirmadas duas apresentações no Brasil do vocalista escocês Doogie White. Os shows estão agendados para os dias 06 e 07 de março, em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. Um terceiro show ainda pode ser confirmado em breve.
A primeira apresentação será no palco do Blackmore Rock Bar, no bairro de Moema, na capital paulista. Os ingressos já estão à venda em lojas da Galeria do Rock (confira abaixo). Já no Rio o show será realizado no Teatro Odisséia, na Lapa.
Doogie White esteve pela primeira vez no Brasil em 1996, quando veio ao país junto com Richie Blackmore divulgar o excelente álbum “Strangers in Us All”, do Rainbow. O cantor também já passou pela banda de Yngwie Malmsteen e pelo Cornerstone, além de diversos outros projetos musicais.
06/03/2010 - São Paulo/SP
Blackmore Bar - Al. dos Maracatins, 1.317
Horário: 22h00
Ingressos: R$ 60,00 (1º lote), R$ 70,00 (2º lote), R$ 80,00 (no dia do show) e R$ 100,00 (camarotes à venda apenas na Die Hard).
Pontos de venda: lojas Animal Records 3223-6277 / Die Hard 3331-3978 / Aqualung 3222-0284 (Galeria do Rock) / http://www.ticketbrasil.com.br/
Informações: 11 5041-9340 / http://www.blackmore.com.br/.
07/03/2010 - Rio de Janeiro/RJ
Teatro Odisséia - Av. Mem de Sá, 66
Horário: 19h00
Ingressos: R$ 40,00 (antecipado) e R$ 60,00 (no dia do show)
Pontos de venda: Scheherazade (Tijuca) 2569-1250 / Headbanger (Tijuca) 2284-1034 / Underground Rock Wear (Bangu) 3159-4354 / Toca do Vinil (Caxias) 8701-1812 / Requiem Rock Store (Campo Grande) 9709-4535 / Sempre Musica (Ipanema) 2523-9405 / Sempre Música (Catete) 2265-6910
Informações: 21 2224-6367 / www.teatroodisseia.com.br

Nara Leão, Edu Lobo e Tamba Trio - 5 Na Bossa - 1965

1-Carcará
(José Cândido - João do Vale)
Interpretação: Nara Leão
2-Reza
(Ruy Guerra - Edu Lobo)
Interpretação: Edu Lobo
3-O trem atrasou
(Paquito - Vilarinho - Estanislau Silva)
Interpretação: Nara Leão
4-Zambi
(Edu Lobo - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Edu Lobo
5-Consolação
(Baden Powell - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Tamba Trio
6-Aleluia
(Ruy Guerra - Edu Lobo)
Interpretação: Edu Lobo / Nara Leão
7-Cicatriz
(Zé Keti - Hermínio Bello de Carvalho)
Interpretação: Nara Leão
8-Estatuinha
(Gianfrancesco Guarnieri - Edu Lobo)
Interpretação: Edu Lobo
9-Minha história
(Raymundo Evangelista - João do Vale)
Interpretação: Nara Leão
10-O morro não tem vez
(Tom Jobim - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Tamba Trio

PARA DOWNLOAD:
http://rapidshare.com/files/123346201/5_na_Bossa_Capsuladacultura.com.br_.zip.html

Virada Cultural vai levar 700 atrações ao interior de SP

A quarta edição da Virada Cultural Paulista, com data marcada para os dias 22 e 23 de maio, deve levar mais de 700 atrações gratuitas para 30 cidades do interior paulista. Com um investimento de 6,5 milhões, 1 milhão a mais do que em 2009, essa será a maior edição da maratona, que segue a ideia da Virada de São Paulo. A expectativa é de que 1,5 milhão de pessoas participem do evento
O evento promete atrair não só quem vive no interior do Estado, mas também os paulistanos fãs de boa música e agitação. Para reforçar o convite, além de nomes brasileiros como Jorge Aragão, Titãs e Pitty, o evento agora aposta em atrações internacionais. Em destaque, o cantor francês Mano Chao e a americana Cat Power.
Durante a Virada, Araraquara terá shows de Lenine, Ludov e Mano Chao; Assis leva ao palco Toquinho; e Bauru oferece aos visitantes apresentações de Demônios da Garoa e Diogo Nogueira. Na programação de Caraguatatuba, o destaque é a presença do Sepultura, enquanto em Jundiaí, a festa fica com Pitty, Zeca Baleiro e Cidadão Instigado. Também estão confirmadas a participação dos grunges do Mudhoney em Mogi das Cruzes e a presença da cantora de folk Cat Power em São José do Rio Preto.
Para André Sturm, coordenador geral da Virada Cultural Paulista, o interior é um bom palco para shows vindos de fora, quase tanto quanto a capital. "As cidades do interior também têm público para receber artistas internacionais", garante. De acordo com ele, os cachês desses artistas variam entre U$ 20 mil e U$ 40 mil. "Tentamos até a Alicia Keys, mas o show dela não saía por menos de U$ 400 mil", conta.
Outra mudança neste ano é a concentração de palcos nas cidades da Baixada Santista (Santos, Mongaguá, Bertioga, Guarujá, Praia Grande, Cubatão, Peruíbe, São Vicente e Itanhaém). "Todas as cidades terão atrações. Será a primeira vez que faremos o evento em municípios próximos." As informações são do Jornal da Tarde.