4.09.2009

'Zii e Zie'

Caetano Veloso revela detalhes de seu novo disco em seu blog

RIO - Na transcrição de uma conversa com o guitarrista Pedro Sá em seu blog "Obra em progresso", Caetano Veloso revelou detalhes de seu novo CD, "Zii e Zie". No blog, o compositor postou também a capa e a contracapa do disco, que terá 12 faixas e está previsto para chegar às lojas na próxima terça-feira (14 de abril). E pelo que o bate-papo entre eles deu a entender, Caetano continua ligado no rock - pelo menos conceitualmente.
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O disco sucederá o elogiado "Cê", de 2006, e tem a mesma formação do trabalho anterior: Pedro Sá nas guitarras, Ricardo Dias Gomes nos teclados e contrabaixo e Marcello Callado na bateria, além de Caetano no violão. A capa, com uma imagem noturna do Leblon, é acompanhada pelos subtítulos "transambas" e "transrock", frutos do diálogo híbrido do compositor com a Banda Cê, nomeada na contracapa.
São ao todo 12 músicas: "A cor amarela", "Base de Guantánamo", "Falso Leblon", "Lapa", "Incompatibilidade de gênios", "Tarado ni você", "Perdeu", "Lobão tem razão", "Sem cais", "Menina da Ria", "Diferentemente" e "Ingenuidade". Na imagem da contracapa, "Perdeu" aparece escrita duas vezes. Caetano avisa, porém, que a ordem das faixas ainda não é definitiva.
Quase todas foram apresentadas ao público durante a temporada do show "Obra em progresso", ano passado, numa espécie de processo público de composição. A conversa postada no blog do artista funciona como um balanço desse período.
- Como é que você sente "Zii e Zie" em relação a "Cê"? - perguntou Caetano a Pedro Sá.
- São muito diferentes. Quando eu estava fazendo o "Zii e zie", eu achava que ele é melhor. Mas outro dia alguém pôs alguma coisa do "Cê" e eu achei o "Cê" do caralho. Então ficou mais difícil. Agora, tem uma coisa assim: o trabalho de Marcelo e Ricardo amadureceu muito e isso dá uma maturidade à banda, à gente tocando, que aparece no "Zii e Zie" - respondeu o guitarrista.

A Janela dos Outros

Martha Medeiros

Gosto dos livros de ficção do psiquiatra Irvin Yalom (Quando Nietzsche Chorou, A Cura de Schopenhauer) e por isso acabei comprando também seu Os Desafios da Terapia, em que ele discute alguns relacionamentos padrões entre terapeuta e paciente, dando exemplos reais. Eu devo ter sido psicanalista em outra encarnação, tanto o assunto me fascina..
Ainda no início do livro, ele conta a história de uma paciente que tinha um relacionamento difícil com o pai. Quase nunca conversavam, mas surgiu a oportunidade de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom momento para se aproximarem. Durante o trajeto, o pai, que estava na direção, comentou sobre a sujeira e degradação de um córrego que acompanhava a estrada. A garota olhou para o córrego a seu lado e viu águas límpidas, um cenário de Walt Disney. E teve a certeza de que ela e o pai realmente não tinham a mesma visão da vida.. Seguiram a viagem sem trocar mais palavra.
Muitos anos depois, esta mulher fez a mesma viagem, pela mesma estrada,desta vez com uma amiga. Estando agora ao volante, ela surpreendeu-se:do lado esquerdo, o córrego era realmente feio e poluído, como seu pai havia descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista.
E uma tristeza profunda se abateu sobre ela por não ter levado em consideração o então comentário de seu pai, que a esta altura já havia falecido.
Parece uma parábola, mas acontece todo dia: a gente só tem olhos para o que mostra a nossa janela, nunca a janela do outro. O que a gente vê é o que vale, não importa que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.
A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta. Para uns, o pedágio sai caro; para outros, não pesa no bolso. Boa parte dos brasileiros acredita que o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da sociedade, outros lamentam que as relações humanas estejam tão frias.
Uns enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade.
Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua própria paisagem.
Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho. Me deixa menos enclausurada nos meus próprios pontos de vista, mas, em contrapartida,me tira a certeza de tudo. Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só possuindo uma visão de 360 graus para nos declararmos sábios.. E a sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos, pois todos estão certos e todos estão errados em algum aspecto da análise. É o triunfo da dúvida.

Aproveite a semana para olhar a vida por outras janelas!

Gal Costa & Guinga - Chega de Saudade

Gal Costa & Guinga - Chega de Saudade - Kaiser Bock Winter Festival - São Paulo - 1997

Palace - São Paulo
19/junho/1997

Banda Mantiqueira

Gal Costa: Voz

Sérgio Santos: Voz/Violão

Guinga: Voz/ Violão