O seguinte artigo foi publicado na minha coluna da "Ilustrada", da Folha de São Paulo, no sábado, 27 de novembro.
Antonio Cicero
HÁ POUCOS dias li, não me lembro mais onde, que na verdade De Gaulle (1890-1970) jamais declarou que o Brasil não era um país sério. Por outro lado, parece confirmado que seu compatriota Lévi-Strauss (1908-2009) chegou mesmo a dizer que "o Brasil é um país surrealista". Frequentemente ouço brasileiros afirmarem o mesmo que o antropólogo francês. Talvez tenham razão; mas quiçá seja exatamente por isso que, em comparação com o que ocorreu em Portugal, na Espanha ou na França, por exemplo, o surrealismo tenha vingado relativamente pouco nas artes brasileiras.
É que, como observa o poeta alemão Friedrich Hölderlin (1770-1843), nada aprendemos com maior dificuldade do que a usar livremente o que nos é natural. Afinal, não é a arte precisamente o oposto da natureza, como o artificial, do natural?
Tendo isso em mente, lembremo-nos também de que certo clichê bem representado, por exemplo, em filmes de Hollywood de algumas décadas atrás, faz do homem tropical um mero escravo da natureza circundante, dos vícios ou das paixões que ela lhe impõe, reduzindo-o à indolência e à passividade. Se Hölderlin tem razão, não será exatamente por isso – CONTRA tal pretenso destino – que Hélio Oiticica (1937-1980), por exemplo, dizia sentir no âmago da alma brasileira uma "vontade construtiva geral"?
Se eu estiver certo, o sentido mais profundo do uso da palavra "tropicália" feito por Oiticica e, em seguida, pelo movimento musical liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil terá sido o de promover a reversão e/ou ironizar tal concepção estereotipada dos trópicos. De todo modo, é claro que o construtivismo brasileiro não poderia deixar de se opor tanto à submissão à natureza quanto ao surrealismo.
Com efeito, a arte brasileira e moderna canônica, em particular a partir da segunda metade do século 20 – desde a epopeia glauberiana do cinema novo à decantação joão-gilbertiana do samba e da bossa nova; desde o plano piloto dos arquitetos da visão e loucura de Brasília ao plano piloto dos poetas concretistas dos campos e espaços de São Paulo; desde a psicologia da composição de João Cabral aos relevos espaciais de Oiticica; desde os bichos geométricos de Lygia Clark ao filme "O Cinema Falado" (1986), de Caetano Veloso etc. –, tudo parece confirmar a "vontade construtiva geral".
O artista brasileiro moderno tende a desconfiar do dado imediato, isto é, do lugar da natureza, da cultura, da história em que os outros querem situá-lo no mundo. Entende-se: o dado, aquilo que é constituído pelo passado natural e cultural, é no Brasil tomado principalmente como o tempo do subdesenvolvimento, da dependência cultural, política e econômica, e da escravatura. É da reação contra essa situação que surge a tendência construtiva de quase toda a nossa melhor arte. Nesse processo, não é o Brasil do passado que determina o Brasil moderno. Ao contrário: é o Brasil moderno que reinventa o Brasil do passado. Também nesse sentido tinha razão o crítico Mário Pedrosa (1900-1981), ligado a artistas de vanguarda como Ferreira Gullar, Lygia Clark e Hélio Oiticica, quando sentenciou que "o Brasil é um país condenado ao moderno".
Para o artista brasileiro, pensar sobre o Brasil – pensar o Brasil – não pode deixar de ser reinventá-lo. E creio que grande parte dos artistas modernos, os vários modernismos desde 22, o concretismo, o neoconcretismo, a bossa nova, o tropicalismo e os artistas contemporâneos sempre se encontraram nessa mesma situação ante a tarefa da inventio Brasilis: da descoberta-invenção do Brasil.
12.01.2010
Restart, Hori e Caps Lock juntos em São Paulo
Eles são jovens, já têm uma legião de fãs, músicas que são sucessos e prometem agitar a noite de 09 de dezembro, quinta-feira, em São Paulo. Neste dia sobem ao palco do Citibank Hall as bandas Caps Lock, Hori e Restart, para uma noitada recheada de canções que têm dominado rádios de todo o país.
As apresentações fazem parte do Transamérica Pop Show, evento promovido pela rádio de mesmo nome. Os ingressos antecipados já estão disponíveis, incluindo as meia-entradas para estudantes.
No palco o Restart celebra o atual bom momento da banda tocando sucessos como “Recomeçar”, “Final Feliz” e a nova “Levo Comigo”. Já o Hori, que traz à frente o vocalista Fiuk, prepara o show com músicas como “Diga Que Me Quer”, “Linda Tão Linda”, “Quem Sou Eu” e “Só Você”, canções que estão no primeiro CD da banda.
A abertura da noite fica por conta do grupo Caps Lock que atualmente trabalha para lançar o segundo álbum, “Fazer Diferente”. “Pode o Sol Sair”, “A Vida Não Para” e “Um Pouco Mais” são algumas das músicas que os fãs vão curtir no show. Confira:
09/12/2010 - São Paulo/SP
Citibank Hall - Al. dos Jamaris, 213
Horário: 20h00
Classificação etária: Não será permitida a entrada de menores de 06 anos.
06 a 12 anos: permitida a entrada (acompanhados dos pais ou responsáveis legais).
A partir de 13 anos: permitida a entrada (desacompanhados).
Ingressos: R$ 50,00 (pista 1º lote), R$ 60,00 (pista 2º lote) e R$ 120,00 (camarote).
Informações: 4003-6464 / www.t4f.com.br
As apresentações fazem parte do Transamérica Pop Show, evento promovido pela rádio de mesmo nome. Os ingressos antecipados já estão disponíveis, incluindo as meia-entradas para estudantes.
No palco o Restart celebra o atual bom momento da banda tocando sucessos como “Recomeçar”, “Final Feliz” e a nova “Levo Comigo”. Já o Hori, que traz à frente o vocalista Fiuk, prepara o show com músicas como “Diga Que Me Quer”, “Linda Tão Linda”, “Quem Sou Eu” e “Só Você”, canções que estão no primeiro CD da banda.
A abertura da noite fica por conta do grupo Caps Lock que atualmente trabalha para lançar o segundo álbum, “Fazer Diferente”. “Pode o Sol Sair”, “A Vida Não Para” e “Um Pouco Mais” são algumas das músicas que os fãs vão curtir no show. Confira:
09/12/2010 - São Paulo/SP
Citibank Hall - Al. dos Jamaris, 213
Horário: 20h00
Classificação etária: Não será permitida a entrada de menores de 06 anos.
06 a 12 anos: permitida a entrada (acompanhados dos pais ou responsáveis legais).
A partir de 13 anos: permitida a entrada (desacompanhados).
Ingressos: R$ 50,00 (pista 1º lote), R$ 60,00 (pista 2º lote) e R$ 120,00 (camarote).
Informações: 4003-6464 / www.t4f.com.br
Pitty grava novo DVD ao vivo no Rio de Janeiro
No próximo dia 18 de dezembro a cantora Pitty grava um novo DVD ao vivo, desta vez no palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro. A gravação do DVD é uma comemoração pela receptividade do último disco de estúdio, “Chiarouscuro”, e pelo bom momento pelo qual passa a banda.
O repertório final desse show ainda está sendo escolhido, mas a cantora já deu algumas pistas sobre o que o público vai escutar na apresentação: “mais ‘roots’, diferente do anterior, com uma pegada mais direta, inclusive privilegiando lados B dos dois discos anteriores”, explica Pitty.
No palco Pitty se apresentará acompanhada por sua banda, formada por Martin (guitarra), Joe (baixo) e Duda (bateria), e terá a colaboração do tecladista Brunno Cunha (Caixa Preta).Pitty já tem quatro DVD oficiais lançados, sendo que três deles mostram o processo de produção dos discos de estúdios e um deles - “{Des}Concerto ao Vivo” - traz registrado um show realizado no Citibank Hall, em São Paulo, e foi lançado em 2007.
18/12/2010 - Rio de Janeiro/RJ
Circo Voador - Rua dos Arcos, s/n
Horário: 20h00
Classificação etária: 16 anos (12 a 15 anos somente acompanhados dos pais).
Ingressos: R$ 50,00
Informações: www.circovoador.com.br
Raimundos lança videoclipe de “Jaws”
Depois de lançar o novo ‘single’ e disponibilizar a música “Jaws” na internet, a banda brasiliense Raimundos lança na internet um novo videoclipe.
O vídeo intercala cenas de Digão (voz, guitarra), Marquim (guitarra), Canisso (baixo) e Caio (bateria), tocando a nova música com imagens de surfistas enfrentando ondas imensas. O videoclipe de “Jaws” pode ser assistido no site oficial do grupo em http://www.raimundos.com.br/.
No próximo dia 18 a banda estará no palco do Kazebre, em São Paulo, para um show especial que será registrado e lançado em um futuro DVD. Os ingressos antecipados já estão à venda.
18/12/2010 - São Paulo/SP
Kazebre - Av. Aricanduva, 12.011
Horário: 23h00
Ingressos: R$ 15,00 (1º lote)
Informações: 11 2919-7022 / http://www.okazebre.com/
Francisco Bosco: O indireto afetivo na linguagem do carioca
O seguinte ensaio é uma das muitas pérolas do maravilhoso livro do Francisco Bosco, Banalogias:
O Indireto Afetivo na Linguagem do Carioca
No Rio de Janeiro contemporâneo há uma figura lingüístico-afetiva que pontua as relações sociais entre cariocas, ou entre um carioca e um estrangeiro. Trata-se – e todo carioca ou qualquer pessoa que já esteve no Rio o reconhecerá – do famigerado
diálogo:
— Rapaz, há quanto tempo!
— Pois é, que bom te ver!
— Poxa, a gente tinha que se falar mais!
— É mesmo, vou te ligar.
— Mas liga mesmo, pra gente se ver, botar o papo em dia.
— Não, pode deixar, vou ligar com certeza.
— Beleza, então. Adorei te ver!
— Eu também, te ligo então. Um grande abraço!
Isso ou variações.
Pois para muitos cariocas, que já estão mais do que familiarizados com o diálogo, e talvez sobretudo para os não-cariocas, que constataram perplexos o encaminhamento futuro dessas promessas, essa figura lingüística acaba por se configurar como uma situação de constrangimento. Afinal, todos sabemos que não haverá telefonema algum. Todos, literalmente, a começar pelos próprios personagens da conversa. E a fórmula do constrangimento, já se disse, é precisamente esta: todos sabem que todos sabem e entretanto ninguém o pode admitir. Curiosas sutilezas sociais. O que impede que se desencubra o não-dito do diálogo é que esse não-dito é sentido como uma mentira: não haverá telefonema, um não ligará para o outro, e vice-versa. Assim, o não-dito é mantido e desenvolvido, cria-se uma conversa sustentando a sua tensão. Está configurada a situação constrangedora.
Mas o que faz com que a situação seja por muitos experimentada como constrangedora é justamente o entendimento desse não-dito, dessa promessa que sabemos sem fundos ("te ligo, com certeza"), como sendo uma mentira. Fulano disse que ia ligar, mas não ligou: mentira, portanto. Pior: fulano assegurou que ia ligar, enfatizou, sublinhou a promessa com todas as inflexões e entonações da convicção. Mentira ainda mais grave, gravíssima.
O Indireto Afetivo na Linguagem do Carioca
No Rio de Janeiro contemporâneo há uma figura lingüístico-afetiva que pontua as relações sociais entre cariocas, ou entre um carioca e um estrangeiro. Trata-se – e todo carioca ou qualquer pessoa que já esteve no Rio o reconhecerá – do famigerado
diálogo:
— Rapaz, há quanto tempo!
— Pois é, que bom te ver!
— Poxa, a gente tinha que se falar mais!
— É mesmo, vou te ligar.
— Mas liga mesmo, pra gente se ver, botar o papo em dia.
— Não, pode deixar, vou ligar com certeza.
— Beleza, então. Adorei te ver!
— Eu também, te ligo então. Um grande abraço!
Isso ou variações.
Pois para muitos cariocas, que já estão mais do que familiarizados com o diálogo, e talvez sobretudo para os não-cariocas, que constataram perplexos o encaminhamento futuro dessas promessas, essa figura lingüística acaba por se configurar como uma situação de constrangimento. Afinal, todos sabemos que não haverá telefonema algum. Todos, literalmente, a começar pelos próprios personagens da conversa. E a fórmula do constrangimento, já se disse, é precisamente esta: todos sabem que todos sabem e entretanto ninguém o pode admitir. Curiosas sutilezas sociais. O que impede que se desencubra o não-dito do diálogo é que esse não-dito é sentido como uma mentira: não haverá telefonema, um não ligará para o outro, e vice-versa. Assim, o não-dito é mantido e desenvolvido, cria-se uma conversa sustentando a sua tensão. Está configurada a situação constrangedora.
Mas o que faz com que a situação seja por muitos experimentada como constrangedora é justamente o entendimento desse não-dito, dessa promessa que sabemos sem fundos ("te ligo, com certeza"), como sendo uma mentira. Fulano disse que ia ligar, mas não ligou: mentira, portanto. Pior: fulano assegurou que ia ligar, enfatizou, sublinhou a promessa com todas as inflexões e entonações da convicção. Mentira ainda mais grave, gravíssima.
Biografia de Aquiles Priester chega às lojas em dezembro
O baterista Aquiles Priester, conhecido por integrar a banda Angra entre os anos de 2000 e 2008, acaba de ganhar uma biografia.
"De Fã a Ídolo" foi escrito por Circe Brasil, com base em entrevistas conduzidas pelo jornalista Antonio Carlos Monteiro com o próprio músico que contou sua história desde a infância na África do Sul até o sucesso artístico. Misturando passagens pessoais e crescimento profissional, a obra tem leitura fácil e envolve o leitor.O texto traz diversas citações do músico e também muitas fotografias. Com 162 páginas e um formato pouco convencional (21 X 26), "De Fã a Ídolo" chega ao mercado pela editora Anadarco e tem o preço sugerido de R$ 35,00.
O lançamento oficial de "De Fã a Ídolo" acontece no próximo dia 07 de dezembro, na FNAC Paulista (Av. Paulista, 901 - São Paulo/SP) a partir das 19h30. Além de uma sessão de autógrafos, haverá um pocket show com a banda Hangar, da qual o músico faz parte.