6.28.2010

ROBERTO MENESCAL & WANDA SÁ

                                    Lançamento do CD “Declaração”
Uma das mais importantes e duradouras parcerias da bossa nova, Roberto Menescal e Wanda Sá lançam o CD Declaração (Albatroz Music). Este disco é uma forma de revisitar o histórico LP Wanda Vagamente, de Wanda Sá, um dos clássicos da bossa-nova e, principalmente, um disco cult, que completa 46 anos de sucesso, no topo da lista dos mais vendido do Brasil nas últimas décadas.
Gravado com a formação de guitarra semiacústico de Menescal, contrabaixo de Adriano Giffoni e a voz de Wanda Sá - Declaração comemora, além das mais de quatro décadas de lançamento do famoso LP, o primeiro trabalho feito por Menescal como arranjador e produtor musical. “É um novo-velho projeto que foi inspirado no clima intimista da canção do LP, Inútil paisagem (Tom Jobim/Aloysio de Oliveira), de 1964, que acidentalmente foi registrada na formação de violão, guitarra e contrabaixo”, conta Menescal.
A idéia deste CD vem de muito longe, ou seja, de 1964, quando Menescal produziu o Vagamente e a música Inútil Paisagem foi gravada apenas com acompanhamento do contrabaixo de Sergio Barrozo e a guitarra elétrica de Menescal para a voz de Wanda. De certa maneira, eles tentavam fazer o som de um LP que adoravam, Julie is Her Name, da cantora e atriz americana Julie London, acompanhada apenas de um baixo e uma guitarra (a do fabuloso Barney Kessell, ídolo de Menescal). Mas o histórico registro da música neste formato aconteceu por acaso, na trilha de acontecimentos históricos.

Teatro Rival Petrobras (472 lugares) Rua: Álvaro Alvim, 33/37 - Cinelândia.
Dia 30 de junho de 2010 – Quarta, às 19h30. Preço: R$ 50,00 (Inteira), R$ 40,00 (Os 100 primeiros pagantes)
R$ 25,00 (Meia). Classificação: 16 anos. Reservas: 2524-1666

Neta de Caymmi escapa de apadrinhamento e lança disco

Ela nunca ouviu ninguém falar mal do avô, morto em 2008. Ele foi seu padrinho, contava-lhe histórias infindas, cantou o mar como ninguém e deixou um legado incontestavelmente genial. O pai acompanhava Tom Jobim na fase da afinadíssima Banda Nova. O tio é respeitado pelas soluções harmônicas de seu violão e também tem um baú vasto de composições. Já a tia ainda dá provas de ser uma das maiores cantoras do País, rasgando o peito com interpretações emotivas. Aos 34 anos, Juliana Caymmi lança seu primeiro disco carregando um sobrenome de muito peso. Neta de Dorival, filha de Danilo e sobrinha de Dori e Nana, com personalidade, ela avisa não querer uma carreira guiada por apadrinhamentos.
Quando tinha 13 anos ela decidiu estudar canto popular na Universidade Livre de Música Tom Jobim (ULM). Passou na prova sem ninguém saber de sua ligação com os verdadeiros Caymmi. Ainda hoje, o máximo de empurrões que a cantora recebe da família são elogios. "Meu violão é sofrível. Para compor, tenho a felicidade de me desprender do instrumento, uso para tocar apenas uns três acordes para depois vir algum santo harmonizar para mim. Quando fiz "Moço", titio Dori ouviu e achou de uma espontaneidade tremenda. Nem dava muita bola pra música, mas depois de um elogio desses, passei a botar fé nela", diz Juliana
Outra ajuda que ela recebe dos parentes são composições. No tema que abre o disco, ela já havia decidido gravar "Vento Noroeste", do pouco incensado, porém genial Elpídio dos Santos. Na mesma faixa, Juliana decidiu gravar "Flecha de Prata", composta por seu pai Danilo em homenagem à avó Stella Maris, que faleceu 11 dias antes do avô Dorival. Do tio Dori, além de elogios, ela pôde contar com "Desenredo" (parceria com Paulo César Pinheiro). Tarefa complicada já que a música já havia ganhado registros respeitáveis, como o da tia Nana, do Boca Livre e do próprio Dori. "Decidi gravá-la de última hora, no estúdio, com o Ricardo Matsuda. Fiquei reticente, sabia que só deveria gravar se fosse pra fazer algo diferente do que já tinha sido feito", diz a cantora.
Mas por que Juliana, desde pequena convivendo com o meio musical, decidiu lançar um disco só agora? Sem nunca ter contado com pedidos da família para que lhe abrissem portas em gravadoras - naturalmente não queria isso -, ela casou cedo, aos 17 anos, teve uma filha aos 19. Sabedora das dificuldades de se viver de música no Brasil e incerta em relação a seguir uma carreira, começou a estudar Direito. Chegou a gravar um álbum em parceria com o marido, mas a separação acabou engavetando o CD.
Agora, finalmente lançando o primeiro disco, "Para Dança a Vida", já que o álbum só chega às lojas em setembro, pelo selo Kalamata), Juliana mostra-se segura para trilhar longa estrada. E ela sabe que ainda tem muito a amadurecer. Talvez pela entrega excessiva em algumas faixas, a voz da cantora oscila um pouco, embora, no geral, ela seja extremamente afinada. Quem pegar o disco pensando em ouvir uma nova Nana vai se desapontar. Tudo porque a representante da terceira geração dos Caymmi não quer ser sombra do passado, muito menos imitar ninguém. Tem personalidade própria e, contando com a ajuda do arranjador, produtor e violonista Ricardo Matsuda, conseguiu fazer um disco muito diversificado, mas com unidade.
Prova disso são as etéreas "Vento Noroeste" e "Flecha de Prata", a bossa moderna "Guanabara" (Fred Martins), "Coco Praieiro" (Eudes Fraga e Paulo César Pinheiro), a pop "Não Só Pela Chuva" (Fred Martins e Marcelo Diniz) e o samba "Porque Sou Carioca" (da própria Juliana em parceria com sua mãe, Ana Terra). "Não vou dizer que consegui em todas as faixas passar o máximo de emoção, tenho noção disso. Sem contar que não é um disco de amor rasgado, é bem variado." (Lucas Nobile - AE)