4.28.2010

Tristeza de Teresa Cristina balança com leveza


Resenha de CD e DVD
Título: Melhor Assim - Ao Vivo
Artista: Teresa Cristina
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * * 1/2

Em cena, a tristeza do samba de Teresa Cristina já balança com mais leveza. O segundo registro ao vivo da cantora - Melhor Assim, editado pela EMI Music neste mês de abril de 2010 nos formatos de CD e DVD - é sintomaticamente o primeiro assinado por Teresa sem o Grupo Semente. Com desenvoltura inédita em sua trajetória nos palcos, a cantora extrapola as fronteiras da Lapa (RJ) sem sair do seu quintal majestoso, expandindo parcerias e latitudes na gravação feita em show no Espaço Tom Jobim em 27 de outubro de 2009 (clique aqui para ler a resenha da gravação). Sim, já distante da intérprete excessivamente introspectiva dos primeiros tempos, a cantora está mais solta e mais alegre em cena - uma postura que faz belo contraste com a melancolia embutida na boa safra de inéditas autorais. Guardo em mim (parceria de Teresa e Edu Krieger), Lembrança e Convite à Tristeza reiteram o tom melancólico de obra que vem crescendo em quantidade e qualidade. Até mesmo a chegada do amor é celebrada com essa tal melancolia - como em Poesia, destaque da parcela de novidades do roteiro. Que inclui um alto partido, Couve É Nome de Maria, e pisa com autoridade no terreno afro em Morada Divina (parceria com Arlindo Cruz) e em Capitão do Mato. Fora da seara autoral, Beijo Sem - o sedutor samba inédito de Adriana Calcanhotto, cantado em duo com Marisa Monte - já é um clássico imediato do gênero por inserir a mulher sem culpas no mundo masculino da orgia, citando nominalmente a Lapa, bairro carioca que projetou Teresa Cristina neste universo ainda eventualmente machista. 10!

Melhor Assim é raro caso em que o registro fonográfico supera o show em si que o gerou. E não somente pelas luxuosas e afetivas participações especiais captadas fora do palco. A anfitriã recebeu no estúdio nomes de peso como Caetano Veloso (Festa Imodesta, samba de 1974), Lenine (Trégua Suspensa, samba de Teresa com Lula Queiroga que, embora seja bom, está aquém do currículo dos autores), Arlindo Cruz (Coisas Banais, esquecido grande samba de Candeia com Paulinho da Viola) e sua mãe, Dona Hilda, com quem recorda Orgulho, a peça do folhetim da Ângela Maria dos anos 50.

No palco, Teresa entra na roda do samba da Bahia, pesca no baú pérola do pagode dos anos 80 - Pura Semente, samba de Arlindo Cruz e Acyr Marques que fez sucesso na voz do também esquecido Marquinhos Satã e que a cantora revive em dueto com Seu Jorge, amigo dos velhos tempos de universitária - e esboça ares de diva para recontar, bluesy, A História de Lily Braun (Chico Buarque e Edu Lobo). Entre palco e estúdio, entre músicas do presente e do passado, os 26 números do DVD (superior ao de 2005, inclusive pelo apuro técnico da filmagem) ratificam a salutar expansão de parceiros e repertório que rege, nesta gravação ao vivo, a voz de Teresa Cristina - uma pessoa vitoriosa, fiel à tristeza que balança.
posted by Mauro Ferreira

Reedição de bio lembra os 20 anos sem Elizeth

MAURO FERREIRA

Escrita pelo jornalista Sérgio Cabral e lançada em 1994 pela Lumiar Editora, a confiável biografia Elisete Cardoso - Uma Vida ganha justa reedição - com outra capa e em outra editora, a Lazuli - para lembrar os 20 anos da morte de Elizeth Cardoso (1920 - 1990). Vítima de um câncer, a Divina saiu de cena em 7 de maio de 1990, perto de completar 70 anos, e deixou discografia quase sempre pautada pelo rigor estilístico.

Duetos de Ivete Sangalo em CD e DVD

Chega às lojas nos próximos dias um novo lançamento da cantora Ivete Sangalo, o CD e DVD “Duetos”. Como o nome indica, o repertório desse novo lançamento reúne parcerias de Ivete e diversos outros artistas nacionais e também internacionais.
A edição em CD de “Duetos” traz 16 faixas, incluindo canções com Alejandro Sanz, Saulo Fernandes, Marcelo Camelo e Zezé Di Camargo & Luciano, entre outros. Já a edição em DVD traz três músicas a mais e algumas diferenças no repertório.
A edição em vídeo traz ainda os videoclipes de “E Agora Nós?”, com o grupo Sorriso Maroto, e “Back at One”, em parceria com o cantor norte-americano Brian McKnight. Confira o repertório do CD e do DVD:

CD
01. Corazón Partío - Alejandro Sanz
02. Estrela Cadente - Alexandre Pires
03. Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim - Roberto Carlos
04. Teus Olhos - Marcelo Camelo
05. E Agora Nós - Sorriso Maroto
06. Não Vou Ficar - Samuel Rosa
07. Céu da Boca - Gilberto Gil
08. Por Causa de Você Menina - Jorge Ben Jor
09. Muito Obrigada, Axé - Maria Bethânia
10. Dunas - Rosa Passos
11. Não Precisa Mudar - Saulo Fernandes
12. Chão da Praça - Margareth Menezes
13. Amor que Fica - Zezé Di Camargo & Luciano
14. Sintonia e Desejo - Aviões do Forró
15. Quanto ao Tempo - Carlinhos Brown
16. Nosso Sonho/Conquista/Poder - Mc Bochecha

DVD
01. Corazón Partío - com Alejandro Sanz
02. Estrela Cadente - com Alexandre Pires
03. Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim - com Roberto Carlos
04. Teus Olhos - com Marcelo Camelo
05. Além Mar - com Asa de Águia
06. Não Vou Ficar - com Samuel Rosa
07. Céu da Boca - com Gilberto Gil
08. Não Me Conte Seus Problemas - com Banda Eva
09. Chão da Praça - com Margareth Menezes
10. Por Causa de Você, Menina - com Jorge Ben jor
11. Ajayô - com Luiz Caldas
12. Muito Obrigado, Axé - com Maria Bethânia
13. Dunas - com Rosa Passos
14. Não Precisa Mudar - com Saulo Fernandes
15. Sintonia e Desejo - com Aviões do Forró
16. Amor que Fica - com Zezé Di Camargo & Luciano
17. Tempos Modernos - com Netinho
18. Quanto ao Tempo - com Carlinhos Brown
19. Nosso Sonho/Conquista/Poder - com MC Buchecha

Videoclipe polêmico de M.I.A. é retirado do YouTube

Como era de se esperar, o novo videoclipe da cantora M.I.A. está causando polêmica. O vídeo da música “Born Free” foi lançado nesta segunda-feira, 26, no site oficial da cantora e também no YouTube, mas hoje o site de hospedagens de vídeos retirou o clipe do ar devido ao seu conteúdo.
“Born Free” mostra imagens de soldados vestidos de preto que caçam e prendem garotos ruivos. Esses garotos são levados até um local deserto onde são obrigados a correrem em campo minado. Uma das cenas mostra um garoto sendo assassinado com um tiro na cabeça e outro tendo o corpo destroçado pela explosão de uma mina.
Segundo a BBC, um porta-voz do YouTube alegou que o videoclipe de M.I.A. “viola normas do YouTube, que proíbe conteúdos pornográficos ou de violência gratuita”. O vídeo tem nove minutos de duração e foi dirigido por Romain Gavras. “Born Free” ainda está disponível no site oficial da cantora: www.miauk.com.
A música “Born Free” é uma das faixas que compõem o novo álbum de estúdio de M.I.A., ainda sem nome definido. O disco tem o lançamento previsto para o final de junho.

Em final de semana movimentado Amy Winehouse grava músicas e sofre acidente

O último final de semana parece ter sido movimentado para a cantora Amy Winehouse, com momentos bons e outros nem tanto. A boa notícia é que a cantora teria finalmente voltado aos estúdios acompanhada do produtor Mark Ronson para trabalhar em novas gravações.
Essas gravações, segundo o jornal The Guardian, foram três músicas para um disco-tributo ao músico e produtor Quincy Jones. No ano passado Amy chegou a ser convidada para participar de uma homenagem a Jones com a música “You Don't Own Me”, de Lesley Gore, mas na época não chegou a gravar a canção.
O outro lado dos acontecimentos do final de semana de Amy Winehouse não foi tão positivo. A cantora foi hospitalizada na capital inglesa após ter sofrido uma queda em dua casa. Segundo informou um assessor de Amy, “foi só um acidente doméstico, nada sério. Ela machucou as costelas e teve um corte acima de um olho”.

Lyra e Blanc se ajustam bem ao tempo imperial

MAURO FERREIRA
Resenha de Musical
Título: Era no Tempo do Rei
Texto: Heloísa Seixas e Julia Romeu
Músicas: Carlos Lyra / Letras: Aldir Blanc
Direção: João Fonseca / Direção Musical: Délia Fischer
Elenco: Alice Borges, André Dias, Christian Coelho,
Izabella Bicalho, Leo Jaime, Renan Ribeiro, Soraya
Ravenle, Tadeu Aguiar e outros
Foto: Divulgação / Leonardo Aversa
Cotação: * * *

Em cartaz no Teatro João Caetano (RJ) até 30 de maio de 2010

Alardeado como autêntico musical brasileiro, Era no Tempo do Rei tem seu trunfo na inusitada parceria de Carlos Lyra com Aldir Blanc. São eles os compositores das 19 músicas inéditas que, no palco, ajudam a contar uma história fictícia passada no tempo do Brasil imperial. Com fraco texto adaptado do primeiro homônimo romance de Ruy Castro, Era no Tempo do Rei se escora na já histórica trilha sonora - a ser lançada em CD - e no excelente time de atores convocados para cantar as parcerias de Lyra e Blanc. Ambos se ajustam bem ao tempo musical do Império. Compositor projetado na onda da Bossa Nova, Lyra se revelou de imediato um melodista excepcional cuja música transcendia o universo cool e ensolarado da bossa. Não por acaso, a música mais expressiva da trilha é a melódica valsa Amor e Ódio - defendida por Leo Jaime (sem a verve de outrora no papel de Dom João VI) em dueto com Soraya Ravenle (esplêndida na composição de sua personagem e na interpretação de temas como Soneto de Bárbara Morta e Canção de Bárbara Onça). Por mais que as 19 músicas não se igualem à produção inicial de Lyra como compositor, o repertório do musical é de bom nível - com destaque também para a toada O Rei das Ruas. O autor de Primavera e Minha Namorada transita à vontade por lundus, maxixes, polcas e outros ritmos em voga nos salões do Brasil de 1810. Quanto a Blanc, suas letras se revelam engenhosas e, por vezes, rebuscadas, mas estão dentro do espírito da narrativa. Quem não pegou de todo o espírito da época foi a diretora musical Délia Fischer. Falta mais percussão aos arranjos de temas animados como Lundu do Vidigal e Maxixe das Criadas.

Com um segundo ato superior ao primeiro, o musical destaca o trabalho de vários atores. Intérprete do Fado de Dona Maria, a Louca, Alice Borges extrai humor do texto no tempo exato de comédia (seu número de plateia na abertura do segundo ato é garantia de riso farto). André Dias reina fabuloso como o vilão Calvoso, com caracterização que em nada lembra sua estupenda atuação no musical Avenida Q (2009). Os adolescentes Christian Coelho (Pedro, o príncipe) e Renan Ribeiro (Leonardo, o plebeu) estão vivazes como os dois meninos que conduzem a ação meio farsesca. O gracioso dueto dos garotos no minueto Sois Reis? é o primeiro bom momento musical da encenação conduzida pelo diretor João Fonseca sem sua habitual veia autoral. Ajudado por seu físico, apropriado para o papel de Dom João VI, Leo Jaime explora o lado grotesco de sua personagem, bem evidenciado na interpretação lúdica do vira Senta, João. Já Izabella Bicalho, que compõe uma Carlota Joaquina à moda espanhola, tem seu melhor momento musical no enfrentamento com Soraya Ravenle no tango Verso e Reverso, outro exemplo da sintonia de Carlos Lyra e Aldir Blanc com a música do tempo do Rei. Há bons momentos...