6.23.2009
Adriana canibal: uma leitura de uma canção de Adriana Calcanhoto
Apresentado Maritmo, podemos agora partir para a canção objeto da nossa análise: "Vamos comer Caetano".
“Vamos comer Caetano / Vamos desfrutá-lo / Vamos comer Caetano / Vamos começá-lo”
“Vamos Comer Caetano”, título da canção, também serve de verso estruturador da letra da música e faz uma espécie de convite coletivo para “desfrutá-lo”, para usufruir do valor nutritivo e da riqueza cultural dessa fruta rara da música popular brasileira. Em “Vamos começá-lo”, a anfitriã que oferece o prato principal, parece autorizar e estimular que os convidados se sirvam e dêem início à apetitosa refeição.
“Vamos comer Caetano / Vamos devorá-lo / Deglutí-lo, mastigá-lo / Vamos lamber a língua”
Nessa segunda estrofe, fica mais explícito e evidente o caráter canibal e antropofágico que, simbolicamente, devora, mastiga, degluti, enfim, que assimila ao “lamber língua”, o salivar gosto da língua pátria de Caetano, numa clara referência à música Língua, na qual o compositor canta: “gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões.”
A partir desse momento da letra, a ambiguidade de significados potencializa-se, assim como acontece em Caetano, entre o sentido representativo dos usos da língua, enquanto linguagem, e a conotação sexual implícita que a imagem sugere.
“Nós queremos bacalhau / A gente quer Sardinha / O homem do pau-brasil / O homem da Paulinha / Pelado por bacantes / Num espetáculo / Banquete-ê-mo-nos / Ordem e orgia /Na super bacanal / Carne e carnaval”
Nessa terceira parte da letra, o nós reivindica “bacalhau”, peixe cuja carne seca e salgada caracteriza a culinária portuguesa, que reforça o “lamber a língua” anterior e serve para amplificar o duplo sentido da
posterior palavra “Sardinha”, escrita com a letra maiúscula, que remete a um outro peixe e ao bispo D. Pero Fernandes Sardinha que foi devorado, juntamente com 91 náufragos, pelos índios Kaeté em 1554, fato,
cuja alusão, encerra o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, publicado no primeiro número da Revista de Antropofagia, em 01 de maio de 1928. Da mesma forma, “O homem do pau-brasil”, nos sugere três sentidos possíveis: a adaptação do nome de um dos primeiros shows montados por Adriana, o já citado A mulher do pau-brasil, uma referência à brasilidade de Caetano associada à madeira que deu origem ao nome final do nosso país, e mais uma referência a Oswald de Andrade, autor do Manifesto da Poesia Pau3 Brasil, lançado no Correio da Manhã, em 18 de março de 1924. “O homem da Paulinha” faz referência à ex-mulher de Caetano Veloso, na época a esposa Paula Lavigne. Em “Pelado por bacantes num espetáculo”, há uma clara referência a um episódio verídico, que teve ampla repercussão midiática na época do ocorrido. Trata-se da tragédia grega de Eurípedes, As Bacantes, adaptada pelo do polêmico diretor José Celso Martinez e o grupo Oficina em 19964 A tragédia original narra a tentativa de Penteu, rei de Tebas, de reprimir e impor a sua autoridade sobre as bacanais e desordens associadas ao culto de Dionísio, deus do vinho, da fartura, do prazer e também do teatro. Na “tragycomédiaorgya” de Zé Celso, os limites do teatro tradicional foram rompidos e transformados numa celebração orgiástica dos conflitos do Brasil contemporâneo, misturando música brasileira, paixão, religião, rito e Carnaval. No fatídico episódio,Caetano Veloso que foi assistir a uma das apresentações de As Bacantes, é surpreendido pelos atores da peça que o levam para o palco, e, naturalmente com o seu consentimento, começam a tirar as suas roupas deixando-o nu. Esse acontecimento estabelece uma relação direta com os últimos quatro versos da terceira parte, com o adendo e destaque para a erudição sintática de “banquete-ê-mo-nos”, que também pode impelir ao banquete antropofágico, e no verso “na super bacanal”, que remete às bacanais realizadas pelas antigas sacerdotisas de Baco ou Dionísio e também a música Super Bacana, de autoria de Caetano.
“Pelo óbvio / Pelo incesto / Vamos comer Caetano / Pela frente / Pelo verso /Vamos comê-lo cru”
Pela obviedade da sua qualidade que salta aos olhos e aos ouvidos, pela “não-ilícita” atração e ligação “sexual-artística” de parentesco que vincula Adriana a Caetano, pela frente, por trás, ou pela sua poesia, de todas as formas é recomendável degustar esse manjar, inclusive cru.
“Vamos comer Caetano / Vamos começá-lo / Vamos comer Caetano / Vamos revelarmo-nus /
A última estrofe da letra finaliza retomando e reforçando a primeira estrofe, com exceção do último verso que incita o coletivo a se desnudar, a se desvencilhar das máscaras e das roupas que impedem de visualizar a nossa frágil, mas verdadeira interioridade.
Feita a abordagem do parâmetro poético, podemos agora partir para análise da performance musical da canção. Ao iniciar a audição da música, somos impelidos a consultar a ficha técnica da faixa e verificamos que a canção foi produzida por meio de uma programação de samples realizada por Sacha Amback. Segundo José Miguel Wisnik, “samplers são aparelhos que podem converter qualquer som gravado em matriz de múltiplas transformações operáveis pelo teclado (...) O sampler registra, analisa,transforma e reproduz ondas sonoras de todo tipo, e superou de vez a já velha polêmica inicial entre a música concreta e a eletrônica.” Associando os dois termos, sampler e
sample, pode-se concluir que a base musical sobre a qual Adriana canta a melodia, foi produzida por meio de um sampler que sampleou, ou seja, recortou fragmentos de vinte e três músicas gravadas por Caetano Veloso, e programou, ou em outras palavras, reordenou esses recortes, dando origem a uma nova textura musical. Apesar de ser possível identificar na introdução a presença de harmonia por meio da intervenção de uma guitarra elétrica, quando Adriana começa a cantar a melodia da canção, ouve-se apenas uma base rítmica constituída exclusivamente por instrumentos de percussão que vão sendo sobrepostos no desenvolvimento da canção, podendo classificá-la como uma levada de axé-music. Segundo Luiz Tatit “o primeiro aspecto a levar em conta quando se trata de avaliar a sonoridade brasileira na forma de canção (...) é a oscilação entre o canto e a fala”
É possível identificar na escuta do canto de Adriana Calcanhoto, o princípio entoativo destacado por Tatit, que consiste em uma adequação, em uma perfeita acoplagem, entre a melodia e a letra, ou seja, a melodia mimetiza a entoação da fala respeitando a prosódia e até mesmo a duração do som das palavras na fala, através de uma correspondência quase direta entre sílaba e nota musical. Adriana ajusta a sua voz ao volume da fala cotidiana, entretanto, certos momentos de sofisticação da sua letra não correspondem a uma linguagem coloquial. Uma outra tensão se verifica entre a melodia “alegre” e festiva que gira em torno de uma tonalidade de Si maior e o timbre “triste” e melancólico característico da voz de Adriana, reconhecível nas suas canções passionais de amores distantes.
Antes de concluir, procurarei apresentar uma breve perspectiva da Antropofagia de Oswald de Andrade e do Tropicalismo de Caetano Veloso, de modo a estabelecer um fio condutor que liga e desemboca na obra de Adriana Calcanhoto. Segundo Benedito Nunes em Oswald Canibal, os modernistas brasileiros assumiram uma atitude de diálogo com as vanguardas européias por meio de uma receptividade crítica que rejeita, seleciona e assimila.
O estudo das influências no Modernismo brasileiro não pode ser orientado segundo uma perspectiva unilateral que atribua ao nosso movimento a posição de receptor passivo de empréstimo de fora. Quando os receptores também são agentes, quando a obra que realizam atesta um índice de originalidade irredutível é que o empréstimo gerou uma relação bilateral mais profunda, por obra da qual o devedor também se torna credor.
A consciência de “assimilação produtiva” busca um diálogo entre aspectos primitivos da cultura popular brasileira e a influência moderna das vanguardas européias. Se o manifesto Pau-Brasil propôs uma assimilação espontânea e harmoniosa entre cultura nativa e cultura intelectual, o Antropofágico radicaliza, ao realizar uma crítica agressiva à cultura histórica oficial que justifica a sociedade patriarcal brasileira,herdeira de um passado colonial oligárquico e escravista, apontando para uma utopia civilizatória tropical originalmente brasileira, o “Matriarcado de Pindorama”, a síntese entre os valores matriarcais simbolizados pela liberdade sexual e os valores modernos,representados pela sociedade industrial. Nesse sentido, a consciência da originalidade do primitivismo da cultura brasileira, a assimilação e seletividade das influências estrangeiras, a justaposição e a síntese das contradições brasileiras entre o arcaico e o moderno,constituem características fundamentais da antropofagia oswaldiana, que têm como pano de fundo, as transformações modernizantes do Brasil no início do século XX e a crise da República oligárquica.
O Tropicalismo, por sua vez, situa-se historicamente em um contexto de recrudescimento da ditadura militar e da Guerra Fria, geradora de uma mentalidade maniqueísta que se refletiu no surgimento da própria sigla MPB, que acolhia ou desqualificava uma canção pelo coeficiente ideológico de comprometimento com a causa política das esquerdas. Foi nesse “ambiente de festival”, demarcado por música engajada,
nacionalista, alienada ou ingênua, que emergiu o tropicalismo de Caetano Veloso e Gilberto Gil para implodir esse projeto de patrulhamento e exclusão musical. Por meio de uma apropriação e atualização do procedimento antropofágico oswaldiano, os tropicalistas canibalizaram tudo de novo que fervilhava na década de 60 em um Brasil à beira da ruptura. Nesse sentido, o tropicalismo assimilou na sua “geléia geral”, as vanguardas artísticas, representadas pelo modernismo dos anos 20 e a poesia concreta dos anos 50, as influências da contra-cultura do pop-rock anglo-americano e o iê-iê-iê ingênuo e
descompromissado da Jovem Guarda, mas em diálogo com a tradição musical do morro e do sertão, sem abrir mão da depuração e conquistas cosmopolitas da bossa nova, além de incorporar as temáticas das modernidades científicas, tecnológicas e filosóficas e a questão dos meios de comunicação de massa e a sociedade de consumo. Coincidência ou não, não poderia deixar de destacar que, simultaneamente a emergência do tropicalismo, José Celso Martinez e o Teatro Oficina, exibiam a peça O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, que rompeu com o debate político da época, atacando a direita e desprezando o dogmatismo da esquerda, libertando o teatro brasileiro do ideário nacional-popular.
Para concluir, procurarei identificar a temática da canção, utilizando como chave de interpretação o conceito geral de “assimilação-mistura” extraído das breves perspectivas do Modernismo e do Tropicalismo, em diálogo com a trajetória da cantora e compositora. Vamos comer Caetano, não trata sobre Caetano Veloso, mas sim sobre o procedimento que personifica a sua valiosíssima obra: a antropofagia. Trata-se do gesto essencial de assimilação e mistura que dá origem a um novo híbrido que caracteriza a cultura brasileira como um todo. Em Adriana Calcanhoto, tal gesto pode ser identificado na sua trajetória e na sua obra, no conteúdo e na forma das suas canções. A começar pela sua própria família,da qual herdou o seu gosto pela música e dança. Na adolescência, a influência da música popular brasileira e da literatura modernista, através da reverência aos seus ícones masculinos, mas com a referência de figuras femininas do porte de Tarsila do Amaral, Pagú, Maria Betânia e Elis Regina. Assimila a influência do teatro e das artes plásticas e aprofunda a sua relação com a literatura ao se aproximar e estabelecer parcerias com poetas. Devido ao seu talento, originalidade e iniciativa desenvolve a sua discografia de sucesso e se vê ao lado, em pé de igualdade com os seus ídolos que demonstram reciprocidade na admiração. Toda essa trajetória de assimilação e mistura de influências parece culminar em Maritmo, no qual Vamos comer Caetano, pode ser considerada a canção-conceito do disco. Nela, Adriana canibal come,mastiga, degluti, enfim devora o antropófago Caetano Veloso, que por sua vez, constitui uma presa privilegiada que sintetiza uma constelação de influências descritas anteriormente. Caetano não é o inimigo,o adversário cuja virtude pretende assimilar; também não é o pai no qual ela busca uma filiação de submissão musical e artística. Ao digerir Caetano, Adriana torna-se autora de uma obra cuja originalidade estabelece uma relação de mão dupla que a torna também credora do seu devedor. Nesse sentido, Adriana se irmana com Caetano, através da sua capacidade de nos induzir a olhar não para ele, mas com ele na direção apontada por ela. No conteúdo da canção podemos identificar a assimilação, seletividade e mistura do cardápio – o canibalismo dos ameríndios brasileiros, a produção musical de Caetano, os manifestos
literários de Oswald, o teatro dionisíaco de Zé Celso, o rito do Carnaval, a poligamia às avessas – que Adriana nos oferece no seu banquete antropofágico. Na forma da canção, podemos perceber a modernidade
tecnológica do sampler, que canibaliza a percussividade primitiva da música brasileira, para oferecer uma base na qual a perfeita sincronia da letra e melodia do canto de Adriana pode sobrevoar um desenho simples e belo.
Adriana Calcanhoto pode ser classificada como uma neotropicalista que se vincula a uma linhagem de artistas surgida nos anos 60, que busca aproximar e misturar de uma forma orgânica, a chamada cultura de “alto repertório” (poesia de vanguarda, música experimental, teatro, artes plásticas) com a cultura popular de massas, considerada de “baixo repertório” (música comercial para tocar no rádio e nas novelas
televisivas). Apesar da sua reconhecida timidez e aparente fragilidade, é Adriana que cria as suas canções, define interpretações, colabora nos arranjos e se responsabiliza pelos projetos gráficos dos cds e da direção dos seus shows. Tentei nesse texto comer Adriana. Chegando ao final, espero ter decifrado o enigma para não ser devorado por ela: Adriana Calcanhoto é a personificação da mulher do pau-brasil que nos alimenta e liberta com a utopia do Matriarcado de Pindorama.
Caixa Cultural promove debate sobre fotografia e direitos humanos
RIO - A Caixa Cultural promove nesta quarta-feira (24.06) um debate sobre fotografia, direitos humanos e inclusão visual. O evento é parte da programação da mostra "Imagens humanas", do fotógrafo carioca João Roberto Ripper, que expõe no local o resultado de seus 35 anos de carreira. O debate vai reunir, além de Ripper, a pesquisadora Raquel Willadino e o fotógrafo, antropólogo e diretor do FotoRio Milton Guran.
Na sua primeira mostra individual, Ripper exibe o trabalho realizado em suas passagens por diversos cantos do país, desde quando deixou o trabalho em jornais de grande circulação na década de 1980 para atuar em agências, e aliou sua arte à militância social. Com curadoria de Dante Gastaldoni, a exposição retrata a seca, o cotidiano de povos indígenas, o trabalho infantil, a disputa pela terra, o amor pelo futebol, além de outros temas.
"Imagens humanas" faz parte da programação do FotoRio 2009, que promove exposições, oficinas, mesas-redondas, e outros eventos em diversos pontos da cidade. Em dezembro deste ano, será lançado um livro com o mesmo nome da mostra, como parte das comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Mais notícias no site do Rio Show. Confira
'Imagens humanas' - Caixa Cultural - Grande Galeria. AV. República do Chile 230, (anexo), Centro. Tel: 22625483. Debate: 24.06, às 19h. Entrada franca.
Exposição: ter a sex, das 10h às 18h. Sáb, dom e feriados, das 14h às 18h. Entrada franca
Fonte O Globo
São Paulo Fashion Week 2009/10.Malana estreou na passarela da semana de moda paulistana no penúltimo dia, durante o desfile da Neon. Segundo o site Chic - Glória Kalil, alguns segundos depois de passar pela frente de apenas um dos convidados, começou uma série de reações em cadeia como inquietação, sorrisos, bocas abertas e muitas palmas.
Ela vestia um escandaloso maiô da coleção, que nada mais nada menos era um fio dental duplo em fios fluorescentes, o assunto mais comentado do dia.
Palestra de Comunicação Empresarial
O curso de Administração do UBM promove na próxima quinta-feira (25), às 20h no Salão Nobre Professor Jayme Dantas no UBM - Campus Barra Mansa, uma palestra com o coordenador de Comunicação Interna de RH da PSA Peugeot Citroën do Brasil, Fábio Di Renzo, com o tema "Desvendando a Comunicação Empresarial".
A palestra é gratuita e aberta a todos os interessados.
"Pássaro da Noite" em Volta Redonda
Luana Piovani, depois de se dedicar ao teatro infantil e ao cinema, volta aos palcos no monólogo ‘Pássaro da Noite', de José Antônio de Souza, com direção de Marcus Alvisi. A montagem será apresentada apenas no dia 24 (quarta-feira), às 20h30min no Teatro Gacems. ‘Pássaro da Noite' conta a história de uma mulher em solidão, ao fim de uma noite de festa. A direção é assinada por Marcus Alvisi, filho de um dos fundadores do Teatro Gacems.
Os ingressos estão à venda na secretaria do teatro e custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Mais informações pelo telefone: (24) 3343.177
The Fevers em Volta Redonda
Projeto Cultura para Todos, traz Show da banda The Fevers, que se apresenta dia 23, no palco do Cine 9 de Abril, às 19h e às 21h.
Para retirada dos ingressos gratuitos precisa apresentar a carteira de identidade. A Secretaria Municipal de Cultura pede também a colaboração espontânea com um litro de leite em caixinha. O material arrecadado será doado para entidades beneficentes do município.Corra lá, pois a distribuição já começou e segue até terça-feira, ou até enquanto durarem os ingressos.
Você tem inveja? Existe inveja boa?
A psicóloga Márcia Modesto, irmã do jornalista Marcus Modesto, esteve no programa "Sem Censura", do dia 19/06 e falou sobre o tema acima.
Assisti ao programa e vou tentar resumir o que entendi das palavras da psicóloga. Segundo Márcia, os invejosos geralmente tem baixa autoestima e invejam no outro aquilo que eles gostariam de "ser" ou "ter" e que sabem que não tem capacidade de realizar. A inveja "boa" seria quando ao invés de tentar destruir o outro, a pessoa canalizasse seus sentimentos para realizar seus objetivos pessoais.
Cinema - Barra MansaDivã - Mercedes é uma mulher casada e com dois filhos que, aos 40 anos, tem a vida estabilizada. Um dia ela resolve, por curiosidade, procurar um analista. Aos poucos ela descobre facetas que desconhecia, tendo que contar com o marido Gustavo e a amiga Mônica para ajudá-la.
Elenco:
Lília Cabral, José Mayer, Reynaldo Gianecchini, Cauã Reymond, Alexandra Richter
Diretor: José Alvarenga Jr. - Gênero: ComédiaCine Show - Veja programação para outras cidades em:http://www.cineshownet.com.br/page/index.aspFotos: reprodução
Lula e Sarney, um mesmo "combate"
Mas, afinal, o que pode haver de surpreendente na última canalhice explicitada pela divulgação dos atos secretos promovidos por Sarney, Renan e companhia bela na presidência desse abastardado "Senado da República"? O surpreendente é que tenham vindo a público. O que só ocorreu por conta das denúncias que os oligarcas guardam, uns contra os outros, para uso em momentos em que seus interesses próprios são contraditados.
O que está ocorrendo naquele vetusto plenário é apenas conseqüência dos estilhaços resultantes da última disputa da presidência da Casa; do controle de suas pantagruélicas verbas e de seus incontáveis cargos em comissão. Não fora isso, e ainda estaríamos com o "imortal" Sarney nos importunando tranquilamente com aquela pena de escriba sem jaça e aquela voz de Drácula do serrado, cuja oportunidade de expressão a mídia conservadora e reacionária generosamente lhe concede.
Portanto não há o que comentar quanto à hipocrisia e às aleivosias escarradas naquele inqualificável discurso de ameaças aos "pares", que a população se obrigou a ver, ouvir ou ler, em todos os meios de comunicação, e com raros comentários críticos.
O que há a comentar, e mais uma vez lamentar, é a cumplicidade explícita revelada na anacrônica solidariedade prestada por Lula, quase de bate-pronto.
Lula e o PT, como se sabe, construíram sua história política numa oposição radical, ao longo de duas décadas, a tudo o que Sarney e seus parceiros macabros na representação parlamentar das classes dominantes praticaram - Renan, Jader, Jucá, Gedel, Michel Lully (Temer é seu penúltimo sobrenome, nada tendo de familiar com o escriba destas mal traçadas), apenas para citar os mais "expressivos". Contra Sarney, particularmente, o mínimo que disse, lá nos longínquos anos 80, é que se tratava de um grileiro. Para os outros, bastava o "300 picaretas".
O que o levou, então, a forjar o bordão - não para condenar, mas para louvar - de que "Sarney não é uma pessoa comum"e que não pode ser vitima de "denuncismo" por conta de sua "história política"?
É isso que pensam alguns nomes, outrora membros de uma esquerda, se não revolucionária, digna e combativa, que ainda se inscrevem nas fileiras do PT? Membros de uma resistência torturada ou com parentes e amigos próximos assassinados pelo regime ditatorial do qual Sarney foi pontífice durante todo o tempo? Um regime ao qual Sarney passou a apoiar tão logo proclamou sua traição ao governo João Goulart - a quem nunca fez oposição por conta das benesses que tal comportamento lhe permitia -, e que só abandonou quando já era irreversível o fim do seu ciclo?
Espero que não. Pois não posso imaginar que a "disputa por dentro", alegada pelas razões mais diversas, os leve a tal ponto.
O que Lula comete com a solidariedade atual a Sarney é apenas a confissão definitiva de sua opção política e ideológica atual. De sua traição sem volta aos ideais que mobilizaram corações e mentes de várias gerações na esperança frustrada de transformações radicais na realidade social brasileira. E, por favor, não me venham com as compensações bolsistas para alegar que "nunca neste pais se fez tanto pelos mais pobres". Esmolas pródigas podem matar a fome, mas não abrem horizontes de esperanças e vida alternativa para ninguém. Principalmente quando elas não passam de alternativa desmobilizante contra o incontestável "outro lado da moeda", na defesa dos interesses das classes dominantes: a manutenção das linhas-mestras da política macroeconômica impostas pelos governos neoliberais de Collor (hoje, aliado de Lula) e FHC, com as consequentes isenções tributárias gigantescas ao grande capital; os benefícios e prioridades fornecidos ao predatório agronegócio e a irresistível vocação de fazer o Brasil retornar aos anos 30, pelos privilégios à exportação de produtos primários e à crescente importação de manufaturados.
O episódio Sarney, e seus podres, não deve ser motivo de maior interpretação pois é apenas mais uma confirmação das práticas das classes sociais que ele representa no Legislativo, e das quais faz parte na vida quotidiana. O que deve ser interpretado, e severamente condenado, é a reação de Lula, confirmando-se na condição de capataz das classes que oprimiram e oprimem seus iguais em origem, e às quais ele se oferece como garoto-propaganda.
Milton Temer é jornalista e presidente da Fundação Lauro Campos
Região se prepara para Festival Vale do Café
O Sul do Estado está na expectativa para o 7ª Festival Vale do Café. O evento, que já reuniu mais de 450 mil pessoas, valoriza o patrimônio histórico e imaterial das mais belas cidades da região, que possuem legados da Era do Café. A festa será entre os dias 17 e 26 de julho (sexta-feira a domingo), em Vassouras, Valença, Rio das Flores, Paty do Alferes, Miguel Pereira, Engenheiro Paulo de Frontin, Paracambi, Mendes, Barra do Piraí, Piraí, Pinheiral, Volta Redonda e Barra Mansa.
Moradores e turistas de todo o país participarão de palestras, cursos, manifestações populares, shows em praças públicas, concertos, roda de causos e o Cortejo das Tradições, no dia 25 (sábado). E ainda, podem voltar no tempo através da arquitetura das igrejas, casarões, praças e fazendas históricas. Além de tudo, os amantes da gastronomia poderão degustar as delícias dos pratos típicos do interior. Nesta edição, artistas nacionais vão abrilhantar o festival, em concertos nas fazendas históricas do Vale do Café. Os ingressos custam R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia). A classificação é livre.
A Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e os Museus Castro Maia (MCM) promovem a série de palestras Museu de Ideias. A série, com entrada franca, acontece na última terça-feira do mês e tem como objetivo ampliar e divulgar pesquisas em educação não formal além de fomentar o debate sobre ações educativas em museus entre profissionais que atuam em diferentes espaços museólogicos.
O próximo encontro será no dia 30 de junho, das 14 às 16 horas, no auditório da FCRB com o seguinte tema:
:: A Pesquisa e o campo da educação em museu
Palestrantes:
Rafael Zamorano Bezerra – Historiador do Museu Histórico Nacional. Possui experiência em História e Ciência Política, com ênfase em História do Brasil Contemporâneo, atuando principalmente nos seguintes temas: museus de história, Estado Novo, mídia, internet e radiodifusão.
Aline Montenegro Magalhães - Doutoranda no Programa de Pós-graduação em História Social da UFRJ, Assistente Técnico I (Museu Histórico Nacional/IPHAN) e professora de história (Secretaria de Estado de Educação). Possui experiência na área de História, com ênfase em Escrita da História, Museus e Patrimônio, atuando principalmente nos seguintes temas: colecionismo, museus, patrimônio nacional, educação, História e trajetória individual.
História e culturas urbanas
A Fundação Casa de Rui Barbosa, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, promove a série História e culturas urbanas. Neste ano, o sexto da parceria, as palestras se focam no tema “Planejamento e gestão das cidades: o caso do Rio de Janeiro”.
No dia 30 de junho, às 18h, será apresentada a palestra Do lado de lá: o ‘outro’ da administração pública e do planejamento, ministrada pela pesquisadora Ana Clara Torres Ribeiro do Ippur da UFRJ. A entrada é franca.
A exposição tratará da relação entre sociedade e governo, por meio da valorização do habitante em suas diferentes figuras sociais: trabalhador, estudante, idoso, morador de áreas submetidas a violência, usuário de serviços públicos. Serão destacadas formas de organização política, reivindicações, protestos e conflitos que construíram a dinâmica do espaço público do Rio de Janeiro no período 2000-2007, além das formas assumidas pela ação social e características dos lugares de sua ocorrência.
Juventude e televisão
Apresentação de pesquisa realizada pela jornalista e antropóloga Isabel Travancas (FCRB) sobre como se dá a recepção do Jornal Nacional entre estudantes universitários do Rio de Janeiro. Com uma abordagem inovadora, a pesquisadora revela o profundo enraizamento do JN na sociedade brasileira, bem como os prós e os contras de sua centralidade no universo da imprensa.
A palestra acontece no dia 28 de junho, quinta-feira, às 15 horas, na sala de cursos da FCRB.
Na mesma data, às 20 horas, Isabel Travancas lança livro com o mesmo título da palestra na livraria da Travessa (Rua Rua Visconde de Pirajá, 572 – Ipanema – RJ)
VEJAM O VÍDEO DO ENSAIO DO BEBOSSA COM ROBERTO MENESCAL E WANDA SÁ!!!!
Dia 03 de julho, sexta-feira às 19:30h.
IMPERDÍVEL!!!!!!
Abertas as inscrições para o festival Curta Cinema 2009
A competição é entre filmes realizados em 35mm, 16mm e mídias digitais. Esta é a 19ª edição do festival anual, que tem a direção de Ailton Franco Jr e será realizado entre 29 de outubro e 8 de novembro.
Além de exibir a recente produção de curtas nacionais e internacionais, o festival apresentará retrospectivas, programas especiais e diversas atividades paralelas.
Fonte O Globo
Choro bandido
Composição: Edu Lobo e Chico Buarque
Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa, são bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas e os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim: você nasceu para mim, você nasceu para mim
Mesmo que você feche os ouvidos e as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim: me leve até o fim, me leve até o fim
Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa, são bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes seus amores serão bons