8.22.2009

Estado do Rio se firma na produção de boa cachaça

Chico Junior

O ranking 2009 das melhores cachaças do Brasil, de acordo com a revista Playboy, mostra duas coisas bem interessantes.

A primeira é óbvia: as melhores cachaças do Brasil continuam sendo produzidas em Minas Gerais. Das 20, Minas emplacou oito, incluindo a primeira, a excepcional Anísio Santiago/Havana, vice-campeã no ranking de 2007. E a segunda: Vale Verde, campeã de 2007. E a terceira: Claudionor. E a quarta: Germana.
Mas em quinto vem uma agradável surpresa, a Magnífica, do meu amigo João Luiz Coutinho (foto), produzida na Fazenda do Anil, em Miguel Pereira. No último ranking, feito em 2007, estava em nono, ou seja, subiu quatro posições. Mais que isso, é a melhor colocada além das mineiras.

Há anos acompanho o trabalho do João Luis, a sua permanente busca da melhoria do seu produto, no cuidado com o controle de qualidade.

E o quinto lugar da Magnífica não é um fato isolado, quando falamos de produção de boa cachaça no Estado do Rio. Além dela, emplacamos mais três: Maria Izabel, de Paraty (7ª), Nêga Fulô, de Nova Friburgo (11ª) e Rochinha 12 Anos, de Barra Mansa (20ª).

Então, com quatro cachaças entre as 20 melhores do país, o Estado do Rio é o segundo produtor nacional de cachaça de qualidade.

Confira o Ranking Playboy 2009 das melhores cachaças nacionais.

1.Anísio Santiago / Havana (Salinas, MG)
2.Vale Verde (Betim, MG)
3.Claudionor (Januária, MG)
4.Germana (Nova União, MG)
5.Magnífica (Miguel Pereira, RJ)
6.Canarinha (Salinas, MG)
7.Maria Izabel (Paraty, RJ)
8.Cachaça da Tulha (Mococa, SP)
9.Casa Bucco Ouro (Bento Gonçalves, RS)
10.Volúpia (Alagoa Grande, PB)
11.Nêga Fulô (Nova Friburgo, RJ)
12.Armazém Vieira Ônix (Florianópolis, SC)
13.Armazém Vieira Tradicional (Florianópolis, SC)
14.Tabaroa (Bichinho, MG)
15.Santo Grau Coronel Xavier Chaves (Cel. Xavier Chaves, MG)
16.Sapucaia Velha (Pindamonhangaba, SP)
17.Weber Haus Reserva Especial (Ivoti, RS)
18.Dona Beja (Araxá, MG)
19.Serra Preta (Alagoa Nova, PB)
20.Rochinha 12 Anos (Barra Mansa, RJ)

Nos 20 anos da morte de Raul Seixas, surgem música censurada e imagens inéditas


João Pimentel
RIO - Mesmo após 20 anos de sua morte, o baú de Raul Seixas parece tão grande quanto o interesse das novas gerações pelo artista. Uma passeata em São Paulo, esta sexta-feira, promovida pelo fã-clube oficial do roqueiro; livros; e um documentário, "Raul Seixas, o início, o fim e o meio", dirigido por Walter Carvalho e Evaldo Mocarzel, previsto para estrear nos cinemas em dezembro, estão no pacote da efeméride. Mas um lançamento em especial, que chega às lojas esta sexta, aniversário da morte do cantor, traz boas novidades. Produzido por Marco Mazzola, "20 anos sem Raul Seixas" traz uma reedição, em DVD, do documentário "Raul Seixas também é documento", lançado em 1998, e o relançamento de um CD que traz, como bônus, uma canção inédita, "Gospel" (ouça aqui) , censurada durante a ditadura militar.
Assista a trecho do DVD, em que o músico passeia na Disney com Paulo Coelho
Qual a música mais marcante da carreira de Raul Seixas?
A música proibida integraria a trilha sonora da novela "O rebu", encomendada a Raul e Paulo Coelho pela Rede Globo, em 1974. Ganhou um novo nome, "Por quê?" (ouça aqui) , e uma letra mais amena - apesar de não ter nada demais, além das questões filosóficas e existenciais clássicas das letras da dupla. No disco, a música foi gravada pela cantora Sônia Santos e não passa perto de sucessos como "Eu nasci há dez mil anos atrás", "Gita", "Eu também vou reclamar", "Medo da chuva" e "Al Capone".
O curioso da censura é que o disco da trilha original tem como abertura "Como vovó já dizia", que parece um deboche com a própria ditadura: "Quem não tem visão bate a cara contra o muro". Outra música da trilha, "Um som para Laio", só de Raul, também não parece mais amena que a censurada: "O que você tem pra dizer ouvi há cem anos atrás/ O que eu faço agora você não sabe mais".
Há uma explicação para o baú de Raul Seixas ser tão profícuo. O roqueiro doidão, sem papas na língua, que idealizou a Sociedade Alternativa e "pulava o muro no fundo do quintal da escola" era muito organizado com sua obra, como se tivesse a certeza da "imortalidade". Por isso, apesar de ter morrido jovem, aos 44 anos, de pancreatite aguda, causada pelo excesso de bebida, ele deixou um acervo enorme que, explorado de tempos em tempos, sempre apresenta novidades.
Pois, quando aconteceu o episódio da censura, ele não se fez de rogado e, sabendo que aquele não seria o estado permanente das coisas, gravou uma fita, apenas com voz e violão, com a letra original. Esse material, guardado por 35 anos, foi encontrado por Mazzola em 1998, quando remexia em seus arquivos para produzir "Documento", um álbum com músicas de Raul vertidas para o inglês pelo próprio compositor.
- As gravações foram feitas em 4 e 8 canais. Retirei, na época, a voz e o violão originais de Raul para um tratamento técnico, devido às más condições das fitas. Chamei os músicos que tocavam com ele na época. Transferi tudo para 48 canais, e o Jota Moraes transcreveu os arranjos originais - conta Mazzola.
Mas o disco, na época, foi lançado sem "Gospel", pois não daria tempo para Mazzola resolver as questões autorais com as três filhas do cantor, suas herdeiras. Ou seja, o CD que chega agora com o kit que inclui o documentário é o relançamento do de 1998, com as versões feitas por Raul, como "Fool's gold" ("Ouro de tolo"), "Orange juice" ("SOS") e "Morning train" ("Trem das sete"); leituras raras das suas "Check up", "Rockixe", além de "Faça, fuce, force", inédita até a feitura do projeto. Há também uma versão para "Asa branca", clássico de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, "White wings".
Para refazer "Gospel", Mazzola juntou à voz e ao violão de Raul a guitarra de Frejat, o banjo/dobro de Chris Oyens, a bateria de Marcelo da Costa, o piano de Maurício Barros, o baixo de Bruno Migliari e o clarinete de Dirceu Leite, além de um coro gospel.
Hoje também chega às bancas de jornal o livro "Metamorfose Ambulante - Vida, alguma coisa acontece; morte, alguma coisa pode acontecer", de Mário Lucena, Laura Kohan e Igor Zinza, abordando a morte na vida e na obra de Raul Seixas. O livro trará como brinde o CD da cantora portuguesa Carina Freitas, com a música "Alquimia", uma homenagem ao roqueiro que se tornou tema de novela em Portugal.