6.06.2009

Eles foram para Petrópolis, de Ivan Lessa e Mario Sergio Conti

Era o início do novo milênio e os amigos Ivan Lessa e Mario Sergio Conti, missivistas de longa data, foram convidados pelo UOL para trocar uma correspondência pública através da internet. Ainda se acreditava que grandes nomes do jornalismo poderiam atrair muita audiência, e patrocínios, logo a ideia era "repiclar" o modelo, de correspondência, com outros autores, se desse certo - mas o projeto durou um ano, apenas. E, agora, quase dez anos depois, é publicado, em livro, pela Companhia das Letras. Além da correspondência oficial, ainda hoje no ar, o volume foi enriquecido com os e-mails, trocados "in private", pelos missivistas, comentando a própria correspondência e outros fatos da vida. Um ato de coragem, na verdade, porque Lessa e Conti não poupam comentários ferinos acerca de empregadores, colegas de trabalho e até amigos. Quanto ao estilo, é uma aula de Ivan Lessa, do começo ao fim, que, apesar do péssimo humor (bastante notório, aliás), tem imaginação de ficcionista e deixa desnorteado mesmo o sóbrio diretor da atualmente impecável Piauí. No fim, o próprio Lessa reconheceria que, fora do Pasquim, nunca tinha tido tamanha liberdade para escrever. Conti tenta se impor pela cultura, e pela capacidade analítica, mas não consegue ser tão divertido, obrigando o leitor, muitas vezes, a pular sua parte da dita correspondência. Diogo Mainardi, num de seus exageros, proclamou, certa vez, que Ivan Lessa era um dos maiores escritores brasileiros vivos. Como em tudo, não dá para levar ao pé da letra, mas Eles foram para Petrópolis, para os cultores da língua, revela-se imperdível - e Luiz Schwarcz vai encontrando maneiras de lançar Ivan Lessa entre capas o máximo possível
Colaboração Angela Chaloub


Gravação ao vivo do CD "Casa da Bossa" (Universal -- 1997)
Especial Multishow TV

Johny Alf e Fafá de Belém(vocais)
Cesar Camargo Mariano (piano)
Nico Assumpção (baixo)
Romero Lubambo (violão)
Téo Lima (bateria)

Ilusão à toa
Composição: Johnny Alf

Eu acho engraçado
Quando um certo alguém
Se aproxima de mim
Trazendo exuberância
Que me extasia

Meus olhos sentem
Minhas mãos transpiram
É um amor que eu guardo há muito
Dentro em mim
E é a voz do coração que canta assim
Assim

Olha, somente um dia
Longe dos teus olhos
Trouxe a saudade do amor tão perto
E o mundo inteiro fez-se tão tristonho

Mas embora agora eu tenha perto
Eu acho graça do meu pensamento
A conduzir o nosso amor discreto
Sim, amor discreto pra uma só pessoa
Pois nem de leve sabes que eu te quero
E me apraz essa ilusão à toa

O maestro Silvio Barbato

Por Andreas Kisser, colunista do Yahoo! Brasil

O acidente com o avião da Air France que ocorreu nesta semana foi chocante, aliás sempre um acidente aéreo é muito chocante, principalmente porque muita gente utiliza o transporte aéreo hoje em dia. Mas um nome confirmado na lista de passageiros do voo 447 me deixou em choque, era um conhecido, uma recente e crescente amizade: o maestro Silvio Barbato.

Conheci o maestro há mais ou menos três anos, quando fui convidado a participar de um evento no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Vários músicos estava no evento, que apoiava, principalmente, a inclusão da música no currículo escolar. O maestro Barbato regeu uma orquestra de jovens pobres de diferentes partes mais do Brasil, escolhidos pelo próprio maestro, uma preocupação social e um projeto que ele tinha um grande prazer em organizar.
Nós fizemos um tema do compositor Heitor Villa-Lobos, "O Trenzinho do Caipira", uma das obras mais conhecidas do grande mestre da nossa música erudita, com a guitarra fazendo a melodia principal e a orquestra acompanhando. Foi magistral, eu lembro da empolgação do Silvio com aquela junção da guitarra distorcida e pesada com os intrumentos de uma orquestra. Foi uma sensação fantástica.
Eu comecei a admirar muito o maestro por sua postura em relação à música. Geralmente, grandes maestros não são favoráveis à junção da música erudita com outros estilos. Na verdade, existe um grande preconceito por parte deles, muitos desprezam outras maneiras de expressão musical. O Silvio não. Ele era muito aberto a novos experimentos, mantendo a classe e a técnica da música erudita, mas sempre buscando novos caminhos. Ele me deixou muito à vontade e, apesar de ter sido a primeira vez que eu tocava com uma orquestra, estava muito confiante. Foi uma experiência inesquecível!
Depois deste concerto, tocamos novamente em Brasília, durante comemoração de 200 anos do jornal Correio Brazilense, que foi também uma homenagem ao tenor Luciano Pavarotti. Foi uma grande noite, além do tema do Villa-Lobos, tocamos também "Ave Maria" de Shubert, tema que Pavarotti cantava como ninguém.
Eu e o maestro Sílvio Barabato estávamos preparando um concerto, com guitarra e orquestra, que seria isnpirado na floresta amazônica, tema sempre muito atual e brasileiro. Desde o ano passado, ja escrevíamos algumas ideias e procurávamos patrocínio para a empreitada.
A última vez que vi o maestro foi na sexta-feira, dias antes do acidente, no show que o Sepultura fez no Canecão, no Rio de Janeiro. Ele estava muito animado porque tinha encontrado pessoas que poderiam patrocinar o nosso projeto. Nos falamos depois do show nos camarins e ele partiu para se preparar para a sua viagem, corriqueira, à Europa.
Fica a saudade e o exemplo de um homem da música a serviço da música. Foi um privilégio conhecê-lo e poder ter trabalhado junto com este grande maestro.

Deixo também algumas informações sobre o maestro Silvio Barbato.
- Diretor Musical e Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro em Brasília e Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Silvio Barbato estudou composição e regência com Claudio Santoro.
- No Conservatório Giuseppe Verdi, em Milão, recebeu o Diploma de Alta Composição na classe de Azio Corghi. Ainda na Itália freqüentou a classe de Franco Ferrara, colaborando com o maestro Romano Gandolfi no Teatro Alla Scala. Em Chicago, realizou seu PhD em Ópera Italiana sob a orientação de Philip Gossett.
- No Teatro Nacional Claudio Santoro está na sua nona temporada como Diretor Musical. Com a Orquestra do Teatro regeu concertos em Roma (Piazza Navona), Lisboa (Mosteiro dos Jerônimos), nos Teatros Municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro e em diversas capitais brasileiras. Suas gravações com a Orquestra incluem as Sinfonias Brasil - 500 Anos e os Clássicos do Samba, com Jamelão, Ivone Lara e Martinho da Vila.
- Entre seus trabalhos com artistas internacionais, destacam-se: Aprile Millo, Montserrat Caballé, e Roberto Alagna e Angela Gheorghiu.
No centenário de Carlos Gomes, a convite de Placido Domingo, foi o curador da ópera "O Guarani", que abriu a temporada da Washington Opera.
- Diretor musical do filme "Villa Lobos, Uma Vida de Paixão", foi premiado com o "Grande Prêmio Brasil de Cinema 2001", na categoria de melhor trilha musical. Em 2003 compôs o balé "Terra Brasilis" que se apresentará, ainda em 2004, na Itália.
- Pelo trabalho que vem realizando na área cultural, Silvio Barbato recebeu inúmeras condecorações do governo brasileiro, tendo sido promovido ao grau de Comendador da Ordem do Rio Branco, além de ter recebido a Medalha do Mérito Cultural da Presidência da República.
- O maestro ainda se apresenta regularmente como regente convidado de diversas orquestras européias e americanas. Neste ano, era presença garantida no Festival de Spoletto (EUA) com uma nova produção de Capuleti e Montecchi, de Bellini. Em julho, estaria no Festival Europeu de Roma regendo o Requiem de Verdi.
Abraço
Andreas Kisser

Andreas Kisser, casado, três filhos, músico, guitarrista do grupo Sepultura. Espera debater e, principalmente instigar novas idéias e caminhos usando a música como inspiração para a busca de entendimento e tolerância.