6.06.2009

Eles foram para Petrópolis, de Ivan Lessa e Mario Sergio Conti

Era o início do novo milênio e os amigos Ivan Lessa e Mario Sergio Conti, missivistas de longa data, foram convidados pelo UOL para trocar uma correspondência pública através da internet. Ainda se acreditava que grandes nomes do jornalismo poderiam atrair muita audiência, e patrocínios, logo a ideia era "repiclar" o modelo, de correspondência, com outros autores, se desse certo - mas o projeto durou um ano, apenas. E, agora, quase dez anos depois, é publicado, em livro, pela Companhia das Letras. Além da correspondência oficial, ainda hoje no ar, o volume foi enriquecido com os e-mails, trocados "in private", pelos missivistas, comentando a própria correspondência e outros fatos da vida. Um ato de coragem, na verdade, porque Lessa e Conti não poupam comentários ferinos acerca de empregadores, colegas de trabalho e até amigos. Quanto ao estilo, é uma aula de Ivan Lessa, do começo ao fim, que, apesar do péssimo humor (bastante notório, aliás), tem imaginação de ficcionista e deixa desnorteado mesmo o sóbrio diretor da atualmente impecável Piauí. No fim, o próprio Lessa reconheceria que, fora do Pasquim, nunca tinha tido tamanha liberdade para escrever. Conti tenta se impor pela cultura, e pela capacidade analítica, mas não consegue ser tão divertido, obrigando o leitor, muitas vezes, a pular sua parte da dita correspondência. Diogo Mainardi, num de seus exageros, proclamou, certa vez, que Ivan Lessa era um dos maiores escritores brasileiros vivos. Como em tudo, não dá para levar ao pé da letra, mas Eles foram para Petrópolis, para os cultores da língua, revela-se imperdível - e Luiz Schwarcz vai encontrando maneiras de lançar Ivan Lessa entre capas o máximo possível

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