7.24.2009

Em boca fechada não entra mosca

Villas Bôas Corrêa


A impressão, a cada dia mais nítida, de que o presidente Lula intimida os amigos, não gosta de críticas e escancara o riso solto com os elogios, salta da ampla cobertura política do escândalo do Senado, com repique na Câmara e o impacto das fotos às gargalhada, o abraço ao risonho senador Fernando Collor ou recostado na cadeira, de paletó aberto, ao lado do sisudo senador Renan Calheiros, que passa a impressão de constrangimento com a efusão do recente aliado.
Com a mania de distribuir conselhos a quem não pediu e no tom de iluminado que sabe tudo, Lula passou da conta e esbarra no exagero. Na entrevista à Rádio Globo, diante da atração irresistível dos microfones, Lula falou como profeta diante da platéia invisível. E o mestre-escola ensinou aos alunos do primeiro ano primário, as noções elementares sobre o que lhe veio à cabeça. As eternas verdades rejuvenescem nas lições da fluência presidencial: “Uma coisa é você matar, outra coisa é você roubar, outra coisa é você pedir um emprego, outra é a relação de influências, outra coisa é o lobby”. Para o retardado que não entendeu a preleção, o reforço explicitou que “nem todos os crimes são para a pena de morte, é preciso saber o tamanho do crime.”
Todo este relambório para encaminhar a defesa do presidente José Sarney, que teve gravada uma conversa telefônica com o filho Fernando Sarney sobre a urgência de um emprego no Senado para o namorado da neta. O namorado já está nomeado, empossado, trabalhando e recebendo os vencimentos, sob o fogo cerrado da oposição.
Lula não recua da solidariedade ao aliado: “O Sarney pediu para a Fundação Getúlio Vargas fazer uma nova estruturação para o Senado; o Sarney pediu que a Polícia Federal investigasse a questão do emprego para o seu neto.” E, na mesma linha, foi mais longe ao reafirmar que Sarney não deve renunciar sob pressão a presidência do Senado: “Não posso entender que cada pessoa que tem uma denúncia tem que renunciar ao seu cargo.”
Mexer em caixa de marimbondos sempre rende ferroadas que doem e incham.Num dia que esbanjou generosidade, Lula tirou da cova o escândalo do caixa dois do PT, que coletou milhões para a eleição de candidatos do partido. E que seria secundado pelo mensalão, para a recompensa aos que aderissem à base parlamentar do governo. A pesquisa relembrou a sentença de discutível moralidade: “O que o PT fez, do ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente”. Neste ponto, tem toda a razão. As fraudes eleitorais mais grosseiras elegeram mais senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e ate governadores do que as muambas do caixa dois.
Fui convocado à revelia para mesário na apuração dos votos da eleição de Getúlio Vargas, em 1950, para o mandato da desforra com a derrota do candidato do presidente Dutra e que, com a posse em 31 de janeiro de 1951, terminaria com o suicídio em 24 de agosto de l954. As cédulas eram impressas pelos partidos e candidatos em todos os formatos e tamanhos, com um irresistível convite à fraude: da violação de urnas as trampas da apuração, da contagem dos pacotes de cédulas e em todo o processo lento e tedioso.
Os candidatos que se despediam das esperanças do mandato, abandonavam a apuração, dissolvendo o esquema de controle de votos. Do meio para o fim, na estafa da madrugada, as mágicas no mapeamento, transferindo votos dos que bateram em retirada para os que precisavam desesperadamente de alguns votinhos para o desempate com o concorrente elegeram dezenas, centenas, talvez milhares de candidatos pelo interior do Brasil dominado pelos coronéis de araque.
Mas, os coronéis seriam superados nos 21 anos da ditadura militar do rodízio dos cinco generais-presidente. Nunca se fraudou tanto na marra, às escancaras, o processo eleitoral e a democracia com os recessos do Congresso, os atos adicionais, com destaque para o AI-5, a punga do mandato do vice-presidente Pedro Aleixo para a ocupação do governo pela Junta Militar, das prisões, torturas, mortes nas masmorras dos Doi-Codi.
Daí para cá, a ilusão da eleição indireta pelo Colégio Eleitoral do presidente Tancredo Neves, que não chegou a tomar posse; do governo do vice José Sarney, que tomou posse para cinco anos de mandato e a rotina da esperanças e frustrações com a eleição de Fernando Collor de Mello, que renunciou para não ser cassado, o correto e honrado governo do vice Itamar Franco, os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso e os dois mandatos de Lula da Silva, que terminam em 31 de dezembro de 2015, reacenderam esperanças que duraram pouco. E hoje arriscam a última ficha a reforma política.
Se ela não morrer na praia. Na forma do costume.

http://www.vbcorrea.com.br/

AQUARELA DO BRASIL

Parece um coral brasileiro, mas eles são da longínqua e fria ESLOVÊNIA!!!.Só assistindo ao vídeo para acreditar e reconhecer o esforço que esses meninos fizeram para falar corretamente a nossa língua.



E para quem gosta dos Bee Gees, vale a pena dar uma olhadinha nesse vídeo também

Morrissey homenageia em show o brasileiro Jean Charles de Menezes


RIO - O eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, morto durante falha operação da polícia britânica em 22 julho de 2005, foi homenageado Morrissey, ex-líder da banda The Smiths, durante show em Londres na quarta-feira.
De acordo com o semanário "New Musical Express", o cantor citou o brasileiro antes de tocar a canção "Irish blood, english heart".
"Jean Charles de Menezes, nós nunca esqueceremos, nós nunca esqueceremos", comentou o astro pop na O2 Brixton Academy.

Moraes Moreira comemora 40 anos de sucesso e a conquista de fãs de todas as idades, no Circo


José Raphael Berrêdo

RIO - Quando se apresentou na Feira de São Cristóvão para a gravação do DVD "A história dos Novos Baianos e outros versos", em junho do ano passado, o baiano Moraes Moreira se sentiu em casa, com nordestinos e cariocas cantando em coro a maioria das 17 músicas tocadas. Neste sábado (25.07), o show é praticamente o mesmo, com a inclusão apenas do parceiro Pepeu Gomes como mais uma participação especial, além de Davi Moraes, filho do músico. O público do Circo Voador, no entanto, é bem mais jovem, numa prova de que os 40 anos de carreira do artista não se perderam no tempo.

- É uma experiência maravilhosa ver jovens de 20 anos cantando "Preta pretinha", lançada em 1971. A plateia do Circo é mais garotada, mas está muito ligada nos Novos Baianos e no meu trabalho - comemora o cantor, compositor, poeta e instrumentista.
CAPA DO DVD
A viagem por essas quatro décadas foi registrada no DVD, que mescla músicas desde o primeiro disco dos Novos Baianos, "Acabou chorare", de 1979, até o último trabalho antes de "A história...", o álbum "De Repente" (2005). Entre uma canção e outra, o artista declama poesia de cordel com histórias marcantes e bem-humoradas da carreira. Numa delas, ao lembrar do apartamento no qual viveu em Botafogo, questiona: "Não me lembro bem (...) quem foi o louco do proprietário que topou alugar, para aquele bando de cabeludos, uma bela cobertura no bairro de Botafogo. Ali, instalamos a nossa comunidade". Em outra, narra episódio em que João Gilberto, alinhado como sempre, foi confundido com um policial por Dadi (baixista da banda A Cor do Som) quando tocou a campainha do "apê".

- É como uma prestação de contas de tudo o que eu fiz nesse período. Foram 40 discos, quase 500 músicas gravadas, inclusive por feras como Nana Caymmi, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Gal Costa, Marisa Monte, Cássia Eller... Estou festejando. Faço um balanço bem positivo, até dos desacertos - avalia.
A escolha pela Feira de São Cristóvão para a gravação do DVD foi ideia própria, imediatamente aprovada pelo diretor do show e do DVD, João Falcão. Aos 62 anos, baiano de Ituaçu, Moraes achou, com razão que se sentiria em casa na feira que compara a um "parque temático".

Moraes (à direita) considera o filho Davi, com quem toca neste sábado, 'uma benção' /

- Queria um público que não tivesse cara de convidado e lá a coisa é super espontânea, com um astral maravilhoso - explica, orgulhoso em poder compartilhar o palco e a carreira com o filho. - Queria passar a minha visão sobre os Novos Baianos e o Davi nasceu no sítio onde vivíamos. Desde 3 ou 4 anos subia no palco, brincava com a música. Depois começou a tocar mesmo. Com 40 anos de carreira, achei que seria bacana este encontro das duas gerações.
A julgar pela animação na Feira de São Cristóvão, o público pode se preparar para muita empolgação. O show começa com "Ferro na boneca", canção do primeiro disco e segue com outras 16 músicas. Da autoria de Moraes são: "Acabou chorare", "Pombo correio", "Preta pretinha" e "Festa do interior", e por aí vai. Entre as homenagens, estão "Brasil pandeiro" (Assis Valente), "Respeita Januário" (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira) e "Vassourinhas" (Matias da Rocha/Joana Batista Ramos).

@@@Moraes Moreira
@ Circo Voador.
@@@@ Show do DVD "As histórias dos Novos Baianos e outros versos",
@@@com participação de Pepeu Gomes e Davi Moraes. Abertura: Vulgo Qinho e Os Cara. Rua dos Arcos s/nº, Lapa - 2533-0354. Sábado, às 22h. R$ 40