6.25.2009

Michael Jackson sofre parada cardíaca e morre em Los Angeles aos 50 anos


O cantor e compositor Michael Jackson, 50, morreu na tarde desta quinta-feira (25), após sofrer uma parada cardíaca em sua casa, em Los Angeles. Segundo o jornal "Los Angeles Times", os médicos do hospital da Universidade da Califórnia confirmaram a morte do cantor, que teria chegado ao local em coma profundo.

De acordo com o jornal, Jackson não estava respirando quando os paramédicos chegaram a sua residência, em Holmby Hills, por volta das 12h20 (horário local). Michael recebeu uma massagem cardiopulmonar ainda na ambulância e seguiu direto ao hospital da Universidade da Califórnia, que fica a dois minutos da casa do cantor. O cantor estava preparando sua volta aos palcos para uma série de 50 shows em Londres, a partir do dia 13 de julho, com ingressos esgotados.

Michael Joseph Jackson nasceu em 29 de agosto de 1958 em Gary, Indiana. Quinto filho do metalúrgico Joe Jackson, Michael mostrou seu talento para a música e para a dança muito cedo. Ele começou sua carreira nos anos 60, aos cinco anos, com o grupo Jackson 5, formado também pelos seus quatro irmãos mais velhos. Desde a pré-adolescência, quando a banda lançou os primeiros discos, o cantor se tornou uma das figuras mais conhecidas e adoradas da música norte-americana.

O estouro solo veio em 1979, com o quinto disco dele, "Off The Wall", que, graças a uma empolgante e original mistura de disco, funk e pop, abriu caminho para o que o cantor viria a se transformar nos anos seguintes.

Na década de 1980 lançou dois de seus melhores discos, "Thriller", de 1982, e "Bad", de 1987, e consolidou a posição de superastro. Foi aí também que surgiu a imagem de um artista de hábitos e atitudes cada vez mais estranhos. É o exemplo perfeito de criança-prodígio que, cada vez mais famosa e idolatrada, acaba por criar um mundo próprio distante da realidade.

Ao mesmo tempo em que batia recordes de vendas com "Thriller" --que segundo o livro "Guiness" vendeu entre 55 milhões (segundo a gravadora Sony e a associação de gravadoras dos EUA) e mais de 100 milhões de cópias (de acordo com empresários do cantor)--, colocava sucesso atrás de sucesso nos primeiros lugares das paradas e lançava moda entre os adolescentes de todo o mundo com suas roupas e coreografias, em especial o "moonwalk".

Mas Michael era motivo de especulações pela sua postura infantilóide, modificações profundas em seu rosto e branqueamento de sua pele. Nos anos 80, dizia-se até que o cantor dormia em uma câmara hiperbárica para retardar o envelhecimento.

A partir do início dos anos 90, os fatos sobre sua vida particular já chamavam muito mais atenção do que sua música --que, diga-se, nunca mais repetiu a genialidade da trilogia "Off The Wall", Thriller" e "Bad". Por mais que lançasse discos de modo superlativo, como o fez com "Dangerous", em 1991, o que atraía o público eram as histórias sobre o megalômano rancho Neverland, na Califórnia, e a preferência do cantor por estar sempre acompanhado de crianças, entre elas o então ator mirim Macaulay Culkin, astro do filme "Esqueceram de Mim".

Foi na década de 90 que surgiu o caso que abalaria a carreira e a vida de Jackson. Em 1993, o cantor foi acusado de ter molestado sexualmente um menor de idade. Segundo relatos da época, Jackson fez um acordo milionário com a família da suposta vítima fora dos tribunais em 1995. Nos anos seguintes, se casaria com a filha de Elvis Presley, Lisa Marie, e com a enfermeira Debbie Rowe, mãe de dois de seus três filhos. O cantor se apresentou ao vivo no Brasil em 1993 e voltou ao país em 1996 para gravar o clipe da canção "They Don't Care About Us" no Rio de Janeiro e na Bahia com o grupo Olodum.

Sem lançar disco desde 2001, quando gravou "Invincible", nos últimos anos Jackson foi notícia graças ao julgamento pelo qual passou entre 2004 e 2005, também acusado de ter molestado um menor em 2003. Absolvido das dez acusações, logo após o julgamento o cantor passou por uma temporada de exílio no Barein, como convidado da família real do país. Em reconhecimento a sua carreira, em 2002 foi eleito o artista do século pela premiação American Music Awards.

Michael reeditou em 2008 o clássico "Thriller", que traz a participações de nomes atuais como Will.i.am e Akon, e colocou uma nova compilação nas lojas, "King of Pop". Em março de 2009, anunciou sua volta aos palcos com uma temporada de 50 shows em Londres, que começaria em 13 de julho e seguiria até fevereiro de 2010.

A demanda pelos shows foi tão grande que dezenas de apresentações extras foram acrescentadas, ao mesmo tempo em que centenas de ingressos surgiram em sites de leilão online como o eBay, em meio a críticas à maneira como as vendas estão sendo feitas. Segundo cálculos da Billboard, o cantor poderia levar para casa mais de 50 milhões de dólares com os shows.

Em maio deste ano, surgiu também um boato de que Jackson estaria sofrendo câncer de pele. Segundo o The Sun, os médicos haviam diagnosticado sinais da doença em seu corpo e células que poderiam provocar câncer de pele no rosto, mas a notícia foi desmentida logo em seguida.

Uma produtora de shows norte-americana queria proibir que Michael Jackson voltasse aos palcos e ameaçava seu retorno. A AllGood Entertainment Inc, de Nova Jersey, alegava que tinha contrato com o cantor para que ele não se apresentasse até 2010. Os assessores do artista, no entanto, não se preocuparam com a possibilidade de uma ação judicial que criasse obstáculos aos shows.

Jackson ainda é o "Rei do Pop" para sua legião de fãs, apesar de seu comportamento e de sua aparência por vezes bizarros nos últimos anos. Ele já vendeu em torno de 750 milhões de discos, ganhou 13 Grammy e é visto como um dos maiores artistas pop de todos os tempos.

TRAJETOS NA FAZENDA DA POSSE



Criar fronteiras entre razão e imaginação, entre dedução e intuição...




Josiélio de Paula Nascimento, 27 anos, deficiente auditivo, é de Piraí, trabalha na firma “Cobra Tecnologia” em meio expediente e completa carga horária em seu atelier no Condomínio da Arte, onde desenvolve suas esculturas.

Dono de uma sensibilidade enorme, jamais ouviu um único som e, da mesma forma, jamais alguém ouviu sequer um balbucio de sua boca.

Comunica-se pelo olhar, da mais absoluta expressividade, e pelo sorriso contagiante. Suas mãos falam por ele. Suas figuras esculpidas com naturalidade e destreza, remetem ao sagrado e/ou ao que nos transcende.

Estudou na APAE de Piraí, onde aprendeu a ler e escrever, embora se comunique dessa forma, com alguma dificuldade. Hoje é aluno da 7ª série da Escola Municipal Lúcio de Mendonça.

Sua energia mental mantém o alto estado de concentração e sua deficiência o move para outras questões ligadas também à inclusão social.

É autor da série “Contemplação” com participação em duas exposições coletivas em Piraí.

Ultrapassar seu conflito existencial e investir na criação de esculturas representativas, tiradas da imaginação mas decalcadas na realidade, todo um conjunto de personagens atormentadas e sublimes, em número infinito, como ocorre na vida nossa de todo dia.

É no Condomínio da Arte que se sente feliz e em seu atelier, com as mãos no barro, ele nos revela que para a ARTE não existe deficiência ou eficiência...

“A ARTE SIMPLESMENTE É.

Abertura: 26 de junho de 2009 às 20h
Duração: 27 de junho a 26 de julho de 2009
Visitação: de 4ª a domingo, de 11h às 17h


Centro de Cultura Fazenda da Posse
R. Dário Aragão nº 02 – Centro – Barra Mansa – RJ


O Centro de Cultura Fazenda da Posse: funciona de Quarta a Domingo, das 11h às 17h, exceto feriados.

Começa temporada de festivais de inverno nas cidades serranas


Eduardo Fradkin

RIO - Atemporada cultural da estação mais fria do ano começa, nas cidades serranas, nesta sexta-feira (26.06), com a abertura do 9º Festival de Inverno de Petrópolis, realizado pela Dell'Arte. O evento inaugural será uma missa de ação de graças na Catedral São Pedro de Alcântara, em Petrópolis, às 8h. No dia seguinte, às 20h, no mesmo local, o maestro Carlos Prazeres regerá o oratório "O messias", de Händel, obra favorita de seu falecido pai, Armando Prazeres, fundador da Orquestra Petrobras Sinfônica. Um conjunto chamado Sinfonieta Dell'Arte será formado para esse concerto.
Entre os demais 37 eventos do festival, os destaques serão um recital de Chopin do pianista Arthur Moreira Lima, no dia 2 de julho, e uma tradicional série de recitais à luz de velas no Museu Imperial, dias 3, 4 e 11. Haverá ainda shows de música popular - Byafra, Flávio Venturini, Golden Boys e outros estão escalados - e de dança e exibição de filmes. A programação vai até o dia 12.
Em Friburgo, a mesma produtora fará, entre 16 e 26 de julho, seu 8º festival de inverno na cidade. Muitas atrações serão compartilhadas com o de Petrópolis, como "O messias" e Arthur Moreira Lima. Em negociação, estão as cantoras Maria Rita e Vanessa da Mata, embora nenhuma das duas esteja confirmada ainda. Nessa seara, de música popular, Jorge Aragão é uma certeza, no dia 24. Na área clássica, um destaque será a cantata "Carmina burana", de Carl Orff, dia 19, com a orquestra e o coro do Teatro Municipal do Rio.
Shlomo Mintz sola concerto em Campos do Jordão
No mesmo dia em que começará a programação da Dell'Arte em Friburgo, a rede Sesc dará início à oitava edição de seu festival de inverno em Petrópolis e Teresópolis. A extensa programação incluirá 11 peças teatrais de sucesso - como "Ensina-me a viver" (com Glória Menezes), dias 18 e 19, e "O estrangeiro", dias 28 e 29 -, quatro musicais - entre eles, "Piaf", com Bibi Ferreira, dias 17 e 26 -, dez apresentações de música popular - com nomes como Alcione, dias 16 e 17, Toni Garrido com Thalma de Freitas, dias 16 e 26, e Marisa Orth, dias 24 e 25 -, seis espetáculos de dança - o "4 por 4" da Cia. Deborah Colker, dias 13 (pré-abertura do festival) e 23, e "As quatro estações", com Ana Botafogo e a pianista Lilian Barreto, dias 28 e 29, são os principais -, seis palestras literárias, 11 peças infantis, exposições (de Franz Weissmann, Oscar Niemeyer, Ziraldo e fotos da MPB) e oficinas.
Do dia 17 ao 26, o Festival Vale do Café levará 12 apresentações de música clássica e popular a fazendas históricas de Valença, Vassouras e arredores. A visitação a esses locais é um atrativo à parte.
Os aficionados por música clássica têm no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão um bom motivo para pegar a estrada. Vai do dia 4 ao 26, com ênfase em música francesa. A abertura ficará a cargo da Osesp, regida por Victor Pablo Pérez. Entre os nomes de peso, aparecem Nelson Freire, em recital dia 17, e o violinista israelense Shlomo Mintz, que solará o concerto de Beethoven com a Filarmônica de Minas Gerais, dia 11

Escutatória

Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro:
Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.
É preciso também que haja silêncio dentro da alma.
Daí a dificuldade:
A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor...
Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração...
E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade.
No fundo, somos os mais bonitos....
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.
Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala.
Há um longo, longo silêncio.
Vejam a semelhança...
Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio...
Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas.
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala.
Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos...
Pensamentos que ele julgava essenciais.
São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades.
Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza..
Na verdade, não ouvi o que você falou.
Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala.
Falo como se você não tivesse falado.
Segunda: Ouvi o que você falou.. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo.
É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.
E, assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.
E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência...
E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos.
Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia...
Que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.