5.31.2009

Para além de polêmicas, Luana Piovani arranca suspiros e elogios como 'A mulher invisível'

Rodrigo Fonseca


RIO - Para alguém que a partir de sexta-feira será conhecida por todo o cinema brasileiro como "A mulher invisível", à frente da comédia mais esperada desta temporada, a cidadã mais ilustre de Jabocatibal, São Paulo, chama bastante atenção. Só que, às vésperas da estreia do longa-metragem de Claudio Torres, o "chamar atenção" de Luana Piovani não envolve polêmicas afetivas (leia-se Dado Dolabella, seu ex-namorado) ou entreveros com fotógrafos, repórteres e afins. Na pele abstrata de Amanda, beldade que só existe na cabeça e no coração partido do controlador de tráfego Pedro (Selton Mello), a loura de 32 anos tem feito a crítica aplaudir e o público (masculino e feminino) das pré-estreias gargalhar. E suspirar.

- Minha entrega ao cinema é intensa, embora minha presença nele não seja muito frequente. Como Selton, que aparece em dois, três filmes por ano, e sempre bem, só o Selton - diz Luana, que, há 16 anos, passou de modelo a atriz.
Filme vendeu 8 mil ingressos em dois dias de pré-estreia
Em dois dias de pré-estreias abertas a pagantes, realizadas entre os dias 22 e 23, "A mulher invisível" levou 8 mil pessoas aos cinemas. No Odeon, os espectadores se surpreenderam com seu desempenho.
- Na tela, Luana sabe ser a mulher que toda mulher gostaria de ser e a mulher que todo homem gostaria de ter - diz a estudante de relações públicas Priscila Mendes, que assistiu ao filme no Odeon, com o marido, Diogo. - Em "O pequeno príncipe", que interpretou no teatro, ela já mostrava que não é uma atriz qualquer. Aqui então...
- Em "A mulher invisível", Luana apagou a imagem da loura encrenqueira, chave de cadeia em um trabalho notável. O filme é dela - elogia o publicitário Paulo Peres, crítico de cinema do site "Blue Bus". - Boa parte do sucesso que o longa certamente fará deve ser atribuído a ela.
Revelada pela TV em 1993 na minissérie "Sex appeal", aos 16 anos - "Eu considero minha estreia profissional mesmo a peça 'Nó de gravata', que fiz com 19 anos. Teatro, tem uma mágica única", diz-, Luana fez sua primeira aparição em tela grande em 1995, no esquecido longa infantil "Super Colosso". Só voltaria aos cinemas em 2003, dirigida por Jorge Furtado em "O homem que copiava" fazendo o personagem de Pedro Cardoso (e o público) babar de desejo no papel que lhe valeu uma aula de estética do cineasta gaúcho.
- O grande ensinamento do Jorge foi não ter preconceito de ser a gostosa. "Luana, existem gostosas e gostosas", ele disse - lembra atriz, que interpretou Elke Maravilha em "Zuzu Angel" (2006), de Sérgio Rezende. - Sérgio e Jorge são diretores de filmes de grande público mas com marca autoral. Claudio (Torres) é desses também. Em "A mulher invisível", ele me deixou fazer um tipo que é meio Pinóquio: alguém que não existe, mas quer existir.

Inspiração de Caetano na canção "Um sonho"

Convidada para atuar no terceiro longa da franquia "Tainá", Luana será vista ainda na co-produção entre Brasil e Argentina "Insônia", de Beto Souza, e em na comédia "A família Vende Tudo", de Alain Fresnot. Para o teatro-infantil, seara onde milita com constância, ela promete encenar "O soldadinho e a bailarina" até 2010.
- Lembro que, ainda criança, em Jaboticabal, eu ia para a janela ver o circo chegar. Criança é um espectador sincero que, se não gosta, não faz média. Chora, mostra a língua - diz.
Filme a filme, a atriz, que serviu de inspiração para a canção "Um sonho", de Caetano Veloso gravou no CD "Cê", aprende a contornar os percalços da condição de musa.
- Não é um problema ser musa. Problema são as invenções, as especulações e o fato de fazerem da minha vida uma novela. Se eu vou até a esquina comprar sabonete tem paparazzi me seguindo. Se vou ao salão fazer a unha, tem um paparazzo no caminho. Outro dia, li "Luana foi ao teatro de vestido". Queriam eu fosse como? Pelada? Se eu for de calça jeans vão escrever também? Chato é ver que transformam sua vida em episódios - avalia a atriz. - Sou muito real, apesar de, nesse momento, ser "A mulher invisível". Faço supermercado, vou à praia, uso camiseta com furo. Talvez o que me faça musa é o fato de estar próxima da realidade das pessoas.