9.02.2009

Manifestação de vida não é desordem!


Amir Haddad

Amir HaddadO teatro é uma arte pública; não nasceu necessariamente na rua, mas é uma arte de espaços abertos. Levar o teatro para as ruas significa devolvê-lo ao seu lugar de origem, recuperando sua natureza de atividade pública que se realiza nos espaços abertos das cidades. Centro e periferia. Recupera o conceito mesmo de espaços públicos para o encontro da população. Assim a idéia de espaço publico fica muito maior do que a idéia de rua, conforme a concebemos hoje nas cidades modernas.

Quando vamos às ruas para fazer algum trabalho, por menor que ele seja, sabemos muito bem que estamos retrocedendo na história para avançarmos em direção a um novo tempo e a uma maneira muito nova, embora evidentemente muito antiga, de ocupação dos espaços públicos urbanos e de diálogo com seus cidadãos, sem nenhuma espécie de discriminação, a começar pelo custo do ingresso, absolutamente inexistente dada a natureza pública do evento. Pensamos uma outra cidade e portanto um outro futuro. Mas encontramos grandes dificuldades para implantação destas pequenas utopias. As políticas publicas oficiais são extremamente privatizantes e excludentes, e as praças e ruas cada vez mais perdem suas características de lugares públicos para o convívio urbano indiscriminado e se transformam em espaços fechados onde o cidadão não encontra abrigo.

Desde sempre, as manifestações de vida têm sido confundidas com desordem. O que mobiliza imediatamente uma reação contrária, a favor da ordem. Nesta "reação" as cidades e suas ruas vão sendo limpas e saneadas e neste "arrastão" da ordem vai de entulhada tudo o que as ruas ou as cidades poderiam estar produzindo de novo ou surpreendente.

Sonho com uma cidade luminosa, onde a criatividade humana possa se manifestar livremente sem estar submetida aos controles ideológicos, artísticos, morais e administrativos a que hoje estas manifestações estão sujeitas. Santa Catarina tirou os malabaristas dos sinais luminosos; o Ademir Leão, que toca sax nas ruas do Rio, foi proibido de tocar, voltou por exigência popular. Por força de meu ofício, foi grande meu contato com o "povo de rua", de toda espécie. Como diria Galileu Galilei, não foi pouco o que eu aprendi com essa gente. Porém, pelo andar da carruagem, não será esta a cidade que iremos desenvolver, e sim outra "perfeitamente" asseada e saneada, onde qualquer homem branco dominante possa andar sem perigo de ser ameaçado. Conseguiremos essa "perfeição" étnica, política, racial, como queria Hitler?

Se tivéssemos tantos artistas nas ruas como temos desempregados, marginais e polícia, nossa cidade seria melhor. Ou será que achamos que vivemos no melhor dos mundos e que basta limpá-lo para mantê-lo em "ordem"?

Amir Haddad é diretor teatral

HAIR VERSÃO BRASILEIRA


Menos de um ano após a assinatura do Ato Institucional nº 5, que instaurou a fase mais dura do regime militar, com cassações de direitos políticos em massa e prisão e torturas de adversários, estreava em São Paulo a montagem brasileira do musical Hair, no palco do Teatro Aquarius, mais tarde Teatro Zaccaro, no bairro do Bixiga.

A iniciativa, ousada para a época, deveu-se a Ademar Guerra, responsável por várias realizações pioneiras do teatro brasileiro e que vinha de uma temporada exitosa com a polêmica peça Marat/Sade, de Peter Brook.

Ademar e o produtor Altair Lima tiveram que vencer várias dificuldades. Primeiro, a descrença de empresários teatrais de que era possível montar um musical do porte de Hair no Brasil. Depois de vencida esta resistência, veio outro problema: a censura.

A montagem original era repleta de cenas em que os atores apareciam nus, o que desagradou a censura. Seguiu-se uma penosa negociação e, ao final, os censores concordaram em que a nudez dos atores seria mostrada apenas uma única vez na peça, em uma cena com apenas um minuto de duração e na qual os atores deveriam permanecer absolutamente imóveis.

Apesar das restrições, Ademar deu um tratamento requintado à cena, que caiu no gosto do público e da crítica e é lembrada até hoje como um dos grandes momentos do teatro brasileiro.

Hair marcou a estréia de vários jovens atores e atrizes, que depois se tornaram famosos por suas atuações no teatro, cinema e televisão. O elenco inicial era composto por Armando Bogus, Sônia Braga, Maria Helena, Altair Lima, Benê Silva, José França, Neusa Maria, Maria Regina, Marilene Silva, Laerte Morrone, Aracy Balabanian, Gilda Vandenbrande, Bibi Vogel e Acácio Gonçalves.

Sônia Braga, então com 18 anos, foi a grande estrela da peça, mas quase ficou de fora do elenco, pois não contava com a simpatia do diretor Ademar Guerra e só foi aceita por conta da insistência de Altair Lima. Entre os que se encantaram com Sônia, estava Caetano Veloso que compôs Tigresa em sua homenagem. Sônia era a tigresa de unhas negras e íris cor de mel, que trabalhou no Hair.

Ao longo da carreira da peça, que se estendeu até 1972, entraram as atrizes Ariclê Perez e Edyr Duqui (que depois faria parte do grupo musical As Frenéticas) e os atores Antonio Fagundes, Nuno Leal Maia, Ney Latorraca, Denis Carvalho, Buza Ferraz e Wolf Maia.

A direção musical da peça foi de Cláudio Petraglia, a coreografia, de Márika Gidali e a tradução das músicas para o português, de Renata Pallotini.

01. Aquarius
02. Donna
03. Ás de Espadas
04. Manchester Inglaterra
05. Sou Preto, Não Tenho
06. Ar
07. Tenho Vida
08. Hair
09. Minha Convicção
10. Fácil Dizer Não
11. Pra Onde Vou
12. Hare Krishna
13. Frank Mills
14. Crioulos
15. Olhos Abertos
16. Que Obra de Arte o Homem é
17. Bom Dia Estrela
18. Deixe o Sol Entrar

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Estão abertas as inscrições para o Bandas Megazine, que vai premiar cinco grupos com a gravação de CD

Lauro Neto

RIO - Chegou a hora de botar seu bloco - ops!, sua banda - na rua. Começam nesta terça-feira as inscrições para o festival Bandas Megazine, com patrocínio do Oi Novo Som, que dará a cinco novos grupos a chance de dividir um CD pela Som Livre e o palco do Teatro Odisseia, na Lapa. Os finalistas serão escolhidos por voto popular, com a ajuda de um júri técnico. Do show, em 2 de dezembro, sairá o grande vencedor, que ganhará vários prêmios. Você pode se inscrever pelo site oglobo.com.br/bandasmegazine até 25 de setembro. Aí, é só acionar a galera para votar.
Saiba como participar do concurso Bandas Megazine
Confira a lista de prêmios do concurso
O festival surge numa era em que a circulação maciça de informação pela internet torna difícil pôr a cabeça para fora e acima da manada. Daí, segundo especialistas, a importância de um evento que chancele quem tem algo a dizer.
- Um festival garante atenção para as bandas inscritas e amplifica o público de parte delas. Ele coloca os que mais se destacarem no palco, para uma plateia nova, disposta a espalhar boas novidades. Já o CD funciona como um retrato do que acontecer de mais interessante musicalmente - pondera o jurado Marcelo Soares, gerente de novos negócios da Som Livre.
Bruno Vieira, representante da Oi Novo Som no concurso, ressalta a importância da criatividade para chamar a atenção em meio a tanta gente:
" Um festival garante atenção para as bandas inscritas e amplifica o público de parte delas "
- Quando aparece um festival como este, que terá um público qualificado e pessoas da indústria fonográfica para avaliar os trabalhos, é uma oportunidade que não se pode perder. Saindo da rede para o mundo real, vejo que o problema comum a todas as bandas é haver um local para elas tocarem e atraírem um público que tope ir a uma casa, pagar um ingresso e conhecer uma nova banda.
Quem pensa parecido é Bruno Levinson, que foi um dos criadores dos festivais CEP 20.000 e do Humaitá Pra Peixe, além de ter ajudado a revelar bandas como Planet Hemp e Pedro Luís e A Parede:
- O festival aglutina pessoas e chama a atenção de público, artistas, mídia e mercado. Recentemente, festivais revelaram ótimas bandas como Macaco Bong e Vanguart.
Hélio Flanders, vocalista do Vanguart, sabe disso:
- Acho muito importante a troca entre produtores e bandas. Quando uma banda desconhecida sobe ao palco, tudo pode mudar. Se ela for muito boa, o produtor e a galera vão sacar. Os festivais são uma vitrine.
" Recentemente, festivais revelaram ótimas bandas como Macaco Bong e Vanguart "
E aí, tá esperando o que para se mostrar? Corra lá e se inscreva. Depois, bote uma pilha na galera para votar na sua banda até 13 de outubro, pelo site ou por SMS - para quem for cliente da Oi. Neste caso, basta enviar a mensagem para 939 com o texto 939 seguido da banda.
Os 15 grupos mais votados pela galera passam à segunda fase, assim como os 15 escolhidos pelo júri técnico, composto pelos representantes da Som Livre, da Oi FM e do Oi Novo Som, por dois jornalistas do GLOBO e por um músico. Na etapa seguinte, as 30 bandas serão reduzidas às cinco finalistas - duas escolhidas pelo voto popular e três, pelos jurados. Elas tocarão num show no Odisseia, onde será eleito o vencedor.

O Bem Amado


Sinopse: O Bem Amado conta a história de Odorico Paraguaçu (Marco Nanini), prefeito corrupto de Sucupira, uma pequena cidade perdida no meio do nada. Seu grande projeto é a inauguração de um cemitério.
O problema é que ninguém morre na cidade. Com o auxílio de seu secretário Dirceu Borboleta (Matheus Nachtergaele), o prefeito arma diversos planos macabros para que alguém bata as botas, mas nenhum é bem-sucedido. Nem mesmo a chegada do matador Zeca Diabo (José Wilker) à Sucupira proporcionam a Odorico Paraguaçu a realização de seu sonho.
Curiosidades:
» A Produtora Paula Lavigne almeja cerca de 2,5 milhões de espectadores para "O Bem Amado" e vê melhores condições para a existência de boas bilheterias nacionais. "Só espero que não venha nos reprimindo a neurose contra as pessoas que querem fazer filmes comerciais", diz.
» O texto original de Dias Gomes foi adaptado por Guel Arraes.
» Exibida em 1973, O Bem Amado é um dos marcos da televisão brasileira. Foi o primeiro folhetim a mostrar personagens e histórias genuinamente brasileiras, a primeira novela nacional em cores, a primeira produção da Globo exibida no exterior e o primeiro trabalho de Lima Duarte como ator da emissora. Em razão do grande sucesso, O Bem Amado deu origem a uma série homônima, que foi ao ar entre 1980 e 1984, com 220 episódios.
» O Orçamento do filme foi de R$ 9,8 milhões

Trlha sonora:
O Bem Amado terá música de Caetano na trilha

A trilha sonora da obra contará com a participação de Zélia Duncan e Caetano Veloso, que já compôs para o longa uma canção provisoriamente chamada de A Vida é Ruim

Elenco: Marco Nanini, Matheus Nachtergaele, José Wilker, Caio Blat, Maria Flor.
Direção: Guel Arraes
Gênero: Comédia
Duração: --- min.
Distribuidora: Disney
Estreia: 1º de Janeiro de 2010

Inscrições abertas para o 10º Salão de Humor de Caratinga

As inscrições para o 10º Salão de Humor de Caratinga já estão abertas desde maio e podem ser feitas até o dia 10 de setembro. A seleção dos trabalhos será no dia 19 de setembro e a exposição acontecerá na Casa Ziraldo Arte e Cultura do dia 21 a 30 de setembro.

Podem ser inscritos trabalhos de charge, cartum e caricatura com tema livre e caricaturas de Agnaldo Timóteo (cantor e vereador da cidade de São Paulo), que é o homenageado da edição, trazendo a principal novidade, a Caricatura Temática.

Cada candidato poderá participar com três trabalhos (30 x 40 cm) por categoria que não tenha vencido nenhum outro salão. Os trabalhos, inéditos, deverão ser originais. Não será aceito fotocópias ou reprodução em computador.

Será um total de R$ 20 mil reais em prêmios assim divididos:

Três prêmios de 1º lugar no valor de R$ 3.000,00 por cada categoria
Três prêmios de 2º lugar no valor de R$ 2.000,00 por cada categoria
Três prêmios de 3º lugar no valor de R$ 1.000,00 por cada categoria
Um prêmio de 1º Lugar Voto Popular no valor de R$ 1.000,00 entre as categorias.
Um prêmio de 1º lugar na Categoria Temática no valor de R$ 2.000,00

Todos os finalistas especificados acima receberão também, além do prêmio em dinheiro, o Troféu Pererê, ofertados pela Câmara Municipal de Caratinga.

Os trabalhos deverão ser enviados para o seguinte endereço:
10º Salão Internacional de Humor de Caratinga
Rua Geraldo Alves Pinto, 238 – Centro – Caratinga – MG. CEP. 35.300-049
No verso de cada trabalho deverão constar as seguintes informações:

Mais informações:
www.salaodehumordecaratinga.blogspot.com

'Só na Canção' realça letras de Ana de Hollanda

Mauro Ferreira

Irmã menos conhecida do clã - feminino - de Chico Buarque, Ana de Hollanda lança CD, Só na Canção, em que enfatiza seu trabalho como letrista - a rigor, iniciado em seu disco anterior. Ana é a autora dos versos de músicas assinadas com Helvius Vilela (Que me Tira o Juízo, Estrada da Vida e Eu e Você), Novelli (Novo Amigo e Beija-Flor, Colibri), Jards Macalé (Balada e Canção para Aninha), Lucina (Jogos de Azar) e Nivaldo Ornellas (Alegria de Ser, Por si Só e Minha Criança), entre outros nomes. Ana assina sozinha Choro por um Silêncio. Produzido por Maurício Carrilho, o álbum Só na Canção está sendo editado com o selo CPC-Umes.