9.02.2009


HAIR VERSÃO BRASILEIRA


Menos de um ano após a assinatura do Ato Institucional nº 5, que instaurou a fase mais dura do regime militar, com cassações de direitos políticos em massa e prisão e torturas de adversários, estreava em São Paulo a montagem brasileira do musical Hair, no palco do Teatro Aquarius, mais tarde Teatro Zaccaro, no bairro do Bixiga.

A iniciativa, ousada para a época, deveu-se a Ademar Guerra, responsável por várias realizações pioneiras do teatro brasileiro e que vinha de uma temporada exitosa com a polêmica peça Marat/Sade, de Peter Brook.

Ademar e o produtor Altair Lima tiveram que vencer várias dificuldades. Primeiro, a descrença de empresários teatrais de que era possível montar um musical do porte de Hair no Brasil. Depois de vencida esta resistência, veio outro problema: a censura.

A montagem original era repleta de cenas em que os atores apareciam nus, o que desagradou a censura. Seguiu-se uma penosa negociação e, ao final, os censores concordaram em que a nudez dos atores seria mostrada apenas uma única vez na peça, em uma cena com apenas um minuto de duração e na qual os atores deveriam permanecer absolutamente imóveis.

Apesar das restrições, Ademar deu um tratamento requintado à cena, que caiu no gosto do público e da crítica e é lembrada até hoje como um dos grandes momentos do teatro brasileiro.

Hair marcou a estréia de vários jovens atores e atrizes, que depois se tornaram famosos por suas atuações no teatro, cinema e televisão. O elenco inicial era composto por Armando Bogus, Sônia Braga, Maria Helena, Altair Lima, Benê Silva, José França, Neusa Maria, Maria Regina, Marilene Silva, Laerte Morrone, Aracy Balabanian, Gilda Vandenbrande, Bibi Vogel e Acácio Gonçalves.

Sônia Braga, então com 18 anos, foi a grande estrela da peça, mas quase ficou de fora do elenco, pois não contava com a simpatia do diretor Ademar Guerra e só foi aceita por conta da insistência de Altair Lima. Entre os que se encantaram com Sônia, estava Caetano Veloso que compôs Tigresa em sua homenagem. Sônia era a tigresa de unhas negras e íris cor de mel, que trabalhou no Hair.

Ao longo da carreira da peça, que se estendeu até 1972, entraram as atrizes Ariclê Perez e Edyr Duqui (que depois faria parte do grupo musical As Frenéticas) e os atores Antonio Fagundes, Nuno Leal Maia, Ney Latorraca, Denis Carvalho, Buza Ferraz e Wolf Maia.

A direção musical da peça foi de Cláudio Petraglia, a coreografia, de Márika Gidali e a tradução das músicas para o português, de Renata Pallotini.

01. Aquarius
02. Donna
03. Ás de Espadas
04. Manchester Inglaterra
05. Sou Preto, Não Tenho
06. Ar
07. Tenho Vida
08. Hair
09. Minha Convicção
10. Fácil Dizer Não
11. Pra Onde Vou
12. Hare Krishna
13. Frank Mills
14. Crioulos
15. Olhos Abertos
16. Que Obra de Arte o Homem é
17. Bom Dia Estrela
18. Deixe o Sol Entrar

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