5.16.2009

Olhar Direto

A fotografia digital vulgarizou a fotografia; assim como os processadores de texto vulgarizaram a escrita; assim como o MP3 vulgarizou a música... Vulgarizar não no sentido de tornar vulgar, mas no sentido de tornar acessível ao vulgo, ao “homem comum”. Assim como adolescentes disparam canções de seus quartos, escrevinhadores metralham dos teclados para seus blogs, turistas em tempo integral miram seus celulares e distribuem imagens a todo instante. Isso é bom? Isso é ruim? É como é; e pronto. O fato é que a fotografia – que, pela repetição, pode até, acidentalmente, se tornar interessante (mesmo num fotógrafo amador) – às vezes precisa nos lembrar de que é, igualmente, arte. E, inclusive, foi num momento de transição, como este nosso, do século XIX para o XX, que os primeiros artistas-fotógrafos se revelaram. Como os primeiros cineastas, que se apoiaram nos grandes relatos da tradição escrita, esses primeiros artistas da máquina fotográfica dialogavam com a pintura, a arte em sua definição mais ampla. Suas fotos, mais que o registro (do momento), como que fazemos hoje (disparando quase a esmo), guardam um desejo de composição, de subversão da estética dominante, de, como dizem, educação do olhar. É o caso de Paul Strand, fotógrafo norte-americano, dos mais influentes do século passado, que mereceu exposição do Centro Cultural IMS do Rio (e que chega a São Paulo em fins de julho). Seu catálogo, Olhar Direto, parte da Nova York das primeiras décadas, onde Strand se revelou, até suas viagens pelo resto do mundo, num último instantâneo de 1964, em Gana. Seu estilo “brutalmente direto”, de acordo com Alfred Steiglitz, nos é “familiar” hoje, conforme aponta o material de divulgação. É verdade. A fotografia se “brutalizou”. Quem sabe não se vulgarize, neste novo milênio, para virar arte, de novo?

Três histórias à procura de um personagem

Por Celso Unzelte

O futebol é pródigo em histórias à procura de um personagem, como as que você lerá a seguir. Uns dirão que o protagonista era o goleiro Manga. Outros, que era Garrincha, ou mesmo Dadá Maravilha. O mais importante é que elas estão no folclore para sempre.

O jogador de futebol deu carona ao companheiro de time. Juntos, entraram em um posto de gasolina e, enquanto o frentista enchia o tanque, o que dirigia tirou um cigarro, acendeu e jogou o fósforo no chão.
“Você está louco?”, perguntou o carona, assustado. “Onde já se viu riscar fósforo em posto de gasolina?” “Desculpe, desculpe”, apressou-se
em responder o outro. “Eu não sabia que você era supersticioso...”

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O jogador de futebol estava fazendo exame para tirar a carteira de motorista. Sentado a seu lado, o instrutor anota em um papel as primeiras observações. Depois, pede: “Agora, o senhor pode sair, bem devagarzinho”.
Para a surpresa do instrutor, o jogador, em vez de dar a partida, resolve abrir a porta do carro. Levanta-se e começa a sair do veículo. Pé ante pé...

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No avião de volta de uma excursão, o comandante anuncia:
— Neste momento, já estamos voando sobre o território brasileiro, a 11 mil metros de altura. O jogador de futebol, então, comenta com o outro:
— Puxa, eu sabia que o Brasil era grande, mas não sabia que era tão alto...