8.10.2009
Shows desta Terça (11)
JANE DUBOC E VICTOR BIGLIONE
A dupla apresenta o Tributo a Ella Fitzgerald, homenagem à artista americana que traz de acordes de Villa-Lobos a elementos do samba e do baião. No programa estão Night and Day, Satin Doll e Bonita. Esta é a segunda atração do festival Rod Digital. 14 anos. Modern Sound (120 lugares). Rua Barata Ribeiro, 502, loja D, Copacabana, 2548-5005, Metrô Siqueira Campos. Terça (11), 19h. Grátis. É necessário fazer reserva. Estac. c/manobr. (R$ 6,00 a primeira hora). www.modernsound.com.br.
LIZ ROSA
A alma feminina é o tema do espetáculo com arranjos do maestro Flavio Goulart de Andrade. Liz canta, entre outras, Maria das Mercedes, de Djavan, Coisa Feita, de João Bosco e Aldir Blanc, O Dia em que Faremos Contato, de Lenine e Bráulio Tavares, e Compositor, de Joyce e Paulo Cesar Pinheiro. 18 anos. Posto 8 (386 pessoas). Avenida Rainha Elizabeth, 769, Ipanema, 2523-1703. Terça (11), 21h30. R$ 30,00. Bilheteria: a partir das 16h (ter.).
LULU SANTOS
O astro do pop nacional sobe ao palco para apresentar músicas do último disco, Longplay, e alguns de seus muito sucessos de carreira. A cenografia tem uma parede de LED onde serão projetados videografismos e clipes. Estão programados os hits De Repente Califórnia, Um Certo Alguém, Tempos Modernos e Assim Caminha a Huminidade. Na banda que acompanha o cantor e guitarrista sobressaem os sopros de Milton Guedes. 18 anos. West Show (5 000 pessoas). Estrada do Monteiro, 111, Campo Grande, 3303-8500. Terça (11), 0h. R$ 15,00 a R$ 30,00. Bilheteria: 10h/17h (seg.); a partir das 10h (ter.). www.westshow.com.br.
PATRIÍCIA MELLODI
A cantora piauiense que conquistou notoriedade no programa Domingão do Faustão apresenta seu trabalho autoral. O show traz as faixas de seu último disco, Pacote Mais que Completo, recheado de influências dos ritmos populares nordestinos. 18 anos. Cinematheque Música Contemporânea (240 lugares). Rua Voluntários da Pátria, 53, Botafogo, 2286-5731, Metrô Botafogo. Terça (11), 20h. R$ 20,00. Cc.: todos. Cd.: todos. www.matrizonline.com.br
RODRIGO VELLOZO
Filho do compositor e pianista Benito de Paula, Rodrigo apresenta seu disco de estreia, Samba de Câmara. A seleção de repertório é um dos fortes do trabalho. Tem Baden Powell, Jards Macalé, Noel Rosa e, como não poderia deixar de ser, uma do pai. É Não Precisa Muita Coisa, parceria de Benito com Adoniran Barbosa. Da lavra autoral, entram duas músicas: Aconteceu e Marcas do Passado. 16 anos. Teatro Rival Petrobras (450 lugares). Rua Álvaro Alvim, 33, Cinelândia, 2240-4469, Metrô Cinelândia. Terça (11), 19h30. R$ 30,00. Bilheteria: 13h30/19h30 (seg); a partir das 13h30 (ter.). TT. www.rivalbr.com.br.
BAILE DO SIMONAL
Um dos diretores do documentário Ninguém Sabe o Duro que Dei, o humorista do grupo Casseta & Planeta Claudio Manoel é o mestre de cerimônias da noite em homenagem ao cantor Wilson Simonal. Concebido para a gravação de um DVD, o baile conta com a participação de grandes nomes, entre eles Ed Motta, Os Paralamas do Sucesso, Caetano Veloso e Orquestra Imperial. Com produção musical dos filhos de Simonal, Max de Castro e Wilson Simoninha, o repertório remonta a sucessos estrondosos das décadas de 60 e 70. Não vão faltar Mamãe Passou Açúcar em Mim, Vesti Azul e Sá Marina. 16 anos. Vivo Rio (4?000 lugares). Rua Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo, 2272-2900. Terça (11), 21h. R$ 40,00 a R$ 60,00. Bilheteria: 12h/20h (seg.); a partir das 12h (ter.). Cc.: M e V. Cd.: R e V. IR. Estac. c/manobr. (R$ 12,00). www.vivorio.com.br.
e-mail para esta coluna botecosdovaledocafe@gmail.com
DONA IVONE LARA
Filha de família pobre, passou a infância em um internato e estudou música com Lucila Guimarães, primeira esposa de Villa-Lobos, tendo cantado sob a regência do maestro. Mais tarde aprendeu a tocar cavaquinho e nos anos 40 mudou-se para a Mangueira, onde conheceu outros sambistas e freqüentou rodas de samba.
É longa a lista de sambistas que só vieram a gravar no fim da vida. Aos 87 anos, a consagrada cantora e compositora da Serrinha parte para o seu primeiro DVD. Primeira mulher integrante da ala de compositores do Império Serrano, Dona Ivone é autora de, entre outros clássicos, Sonho Meu. Em grande estilo, a gravação vai ter direção musical de Paulão 7 Cordas, além das presenças de Arlindo Cruz, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e da Velha Guarda do Império.
Canecão. Avenida Venceslau Brás, 215, Botafogo, 2105-2000. Terça (11), 20h30. R$ 50,00 a R$ 100,00. Bilheteria: 12h/21h20 (seg.); a partir das 12h (ter.). www.canecao.com.br.
Vídeos do Programa Sarau :50 ANOS DE BOSSA NOVA
A Globonews fez uma série especial de programas para festejar os 50 anos da bossa nova. Neste Sarau, o cenário do bate-papo sobre o ritmo que ganhou o mundo é o Rio de Janeiro. O Botecos do Vale do Café vai publicar um programa por dia.Imperdivel!!
1º PROGRAMA _ISTO É BOSSA NOVA
1º PROGRAMA _ISTO É BOSSA NOVA
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Mágoa é tomar veneno e esperar que o outro morra. Shakespeare
Hoje quero falar sobre a mágoa, um sentimento que corroi nossas emoções e nosso corpo, que congela nossa capacidade de crescimento.
As definições ajudam a mostrar o quanto ela é perigosa para nossa saúde.
Mágoa = desgosto, pesar, amargura, tristeza. Do latim macula. Macula = mancha, nódoa, desdouro, infâmia. Ressentimento = Ato ou efeito de ressentir = magoar-se fundamente, sentir os efeitos ou conseqüências; mostrar-se ofendido.
Quando enfrentamos a frustração de nossas expectativas, principalmente no caso da infidelidade, da traição de acordos, da falta de reconhecimento por um gesto de amor, o gosto amargo da mágoa aparece. A mágoa e o ressentimento se voltam contra o causador do desconforto e é muito comum o desenvolvimento de sentimentos de vingança. Muitas pessoas ficam presas nesta teia do ressentimento e só conseguem seguir em frente “bolando” uma maneira de “dar o troco”. Ocupam um tempo enorme de suas funções mentais e emocionais na direção da vingança.
Se você enxergar sua mente como sua casa poderá avaliar quanto espaço está usando para suas dores e feridas emocionais. Está ocupando os cômodos principais ou apenas um “quartinho nos fundos”?
Pode escolher que tipo de acomodações quer dar para tudo o lhe causou e causa sofrimento. Esta é uma postura absolutamente individual, ninguém pode expurgar suas dores ou “exorcizar” seus fantasmas e medos. Tudo só é possível a partir do seu desejo. Compartilhar, buscar ajuda, pode ser um bom caminho, mas não é garantia da sua “libertação”, você tem a chave da sua prisão.
Coisas ruins acontecem o tempo todo, e influenciam com maior ou menor intensidade o nosso equilíbrio dependendo do grau de envolvimento na situação e de como elaboramos e refletimos sobre os fatos. A base de qualquer mágoa é algo doloroso que aconteceu e não existiu a habilidade necessária para diluir a dor.
Responda às perguntas e pense (ou repense) como tem encarado suas decepções e mágoas.
v Você tem uma mágoa?
v Pensa na situação que causou a mágoa mais do que pensa nas coisas boas da sua vida?
v Fica muito incomodado (a) ou perturbado (a) emocionalmente relembrando o fato?
v Tem sempre os mesmos pensamentos sobre a situação?
v Se pega contando repetidas vezes a história sobre o que aconteceu na sua mente?
v Acha que seus problemas são mais interessantes do que suas bênçãos?
Após esta avaliação a única saída para as mágoas e os ressentimentos é a prática do Perdão, não como uma prática religiosa ou sobrenatural, mas como uma atitude significadora para mudar a história sobre a mágoa.
No próximo encontro conversamos sobre o perdão.
Reciprocidade
O discípulo abeirou-se do orientador e queixou-se magoado: Instrutor amigo, o pior de tudo em meu aprendizado é adquirir a ciência do relacionamento.
Creio estar lutando inutilmente contra a animosidade alheia... Auxilie-me, por favor. De que modo agir para viver com a intolerância e com o azedume dos outros? O mentor refletiu, por alguns momentos, e esclareceu:
-Sim a indagação é justa. Mas para que tenhamos uma resposta clara, é importante considerar que os outros, igualmente, precisam viver contigo. Francisco Cândido Xavier
Um abraço.
Márcia Modesto (Psicóloga/ Psicanalista/ Terapeuta Familiar Sistêmica) conversandocomvocebotecos@gmail.com
Os indecorosos
De Janio de Freitas:
Renan exerce chefia e induz chefiados a condutas abjetas; Collor é o chefiado a transitar entre um ridículo e outro
Mesmo os que depositaram na renúncia do senador José Sarney a solução para o Senado têm, agora ou outra vez, a evidência irrefutável do fator de desordem que é Renan Calheiros.
Chefe das milícias que se sucedem no Congresso com a sucessão dos governos, sob a denominação camarada de tropas de choque, Renan Calheiros é um marginal da vida parlamentar, que a faz a poder de ameaças aos adversários e a aliados recalcitrantes; de golpes da esperteza sinônimo de malandragem, e de mentiras como moral e cafajestices como ética.
Renan Calheiros e Fernando Collor no Senado são indecorosos por si mesmos. Ambos adeptos das mesmas táticas, por métodos diferentes. Com outra diferença, esta nos efeitos.
Renan Calheiros exerce chefia (não confundível com liderança) e induz chefiados a condutas abjetas, ao passo que Collor é um chefiado a transitar entre um ridículo e outro, sempre figurando um adolescente que, de terno e gravata pela primeira vez, faz cara e pose de homenzinho.
O impasse badernoso que imobiliza o Senado, desde o princípio do ano legislativo, tem Renan Calheiros como artífice. O golpe em que está transformado o Conselho de Ética, com os seus poderes de presidência entregues ao suplente de suplente Paulo Duque, vale como síntese da ação de Calheiros.
O cinismo debochado com que Paulo Duque presidiu a sessão do conselho para seus primeiros pareceres sobre Sarney -"Querem que eu leia, querem? Hein? Não, é melhor publicar primeiro, aí vocês leem. Ah, querem que eu leia? Eu estou rouco", e por aí foi, como um animador ordinário de auditório- é uma falta de decoro que, em Senado de razoável decência, resultaria na imediata destituição e posterior cassação de Paulo Duque. Mas estava tudo combinado e de impunidade garantida pela milícia.
Palavrão no exercício da senatória é falta de decoro grave. Justifica representação ao Conselho de Ética e, daí, perda do mandato. O xingamento feito por Renan Calheiros foi retirado da ata da sessão de quinta-feira.
O poder final de retirar e de mantê-lo, na transcrição em ata, é do presidente do Senado. José Sarney pode desfazer todas as acusações de que é alvo, mas nada o absolverá caso mantenha a retirada hipócrita e fraudulenta, e impeça a representação ao Conselho de Ética contra Renan Calheiros.
Essa atitude seria a negação de tudo o que disse na sua defesa, e em tantas ocasiões, sobre a grandeza que identifica no Senado e que afirma justificar sua presença ali e seus propósitos na presidência. Renan Calheiros conduz a defesa de José Sarney, mas o levou agora a um julgamento em que só o próprio José Sarney se absolverá ou se condenará.
Refeita a associação de quando se faziam notórios, agora Renan Calheiros como chefe, também Fernando Collor tem a que responder no Conselho Ética, pelas ameaças físicas dirigidas ao senador Pedro Simon apenas por citar seu nome, sem qualificação ou imputação alguma.
A arrogância desnorteada de Collor não depende dos seus esgares e mímicas mecânicas, é um estado. A tanta arrogância, tão vazia de fundos e tão cheia de agressividade, responde uma conhecida lembrança bíblica: "do pó vieste e ao pó voltarás".
Renan exerce chefia e induz chefiados a condutas abjetas; Collor é o chefiado a transitar entre um ridículo e outro
Mesmo os que depositaram na renúncia do senador José Sarney a solução para o Senado têm, agora ou outra vez, a evidência irrefutável do fator de desordem que é Renan Calheiros.
Chefe das milícias que se sucedem no Congresso com a sucessão dos governos, sob a denominação camarada de tropas de choque, Renan Calheiros é um marginal da vida parlamentar, que a faz a poder de ameaças aos adversários e a aliados recalcitrantes; de golpes da esperteza sinônimo de malandragem, e de mentiras como moral e cafajestices como ética.
Renan Calheiros e Fernando Collor no Senado são indecorosos por si mesmos. Ambos adeptos das mesmas táticas, por métodos diferentes. Com outra diferença, esta nos efeitos.
Renan Calheiros exerce chefia (não confundível com liderança) e induz chefiados a condutas abjetas, ao passo que Collor é um chefiado a transitar entre um ridículo e outro, sempre figurando um adolescente que, de terno e gravata pela primeira vez, faz cara e pose de homenzinho.
O impasse badernoso que imobiliza o Senado, desde o princípio do ano legislativo, tem Renan Calheiros como artífice. O golpe em que está transformado o Conselho de Ética, com os seus poderes de presidência entregues ao suplente de suplente Paulo Duque, vale como síntese da ação de Calheiros.
O cinismo debochado com que Paulo Duque presidiu a sessão do conselho para seus primeiros pareceres sobre Sarney -"Querem que eu leia, querem? Hein? Não, é melhor publicar primeiro, aí vocês leem. Ah, querem que eu leia? Eu estou rouco", e por aí foi, como um animador ordinário de auditório- é uma falta de decoro que, em Senado de razoável decência, resultaria na imediata destituição e posterior cassação de Paulo Duque. Mas estava tudo combinado e de impunidade garantida pela milícia.
Palavrão no exercício da senatória é falta de decoro grave. Justifica representação ao Conselho de Ética e, daí, perda do mandato. O xingamento feito por Renan Calheiros foi retirado da ata da sessão de quinta-feira.
O poder final de retirar e de mantê-lo, na transcrição em ata, é do presidente do Senado. José Sarney pode desfazer todas as acusações de que é alvo, mas nada o absolverá caso mantenha a retirada hipócrita e fraudulenta, e impeça a representação ao Conselho de Ética contra Renan Calheiros.
Essa atitude seria a negação de tudo o que disse na sua defesa, e em tantas ocasiões, sobre a grandeza que identifica no Senado e que afirma justificar sua presença ali e seus propósitos na presidência. Renan Calheiros conduz a defesa de José Sarney, mas o levou agora a um julgamento em que só o próprio José Sarney se absolverá ou se condenará.
Refeita a associação de quando se faziam notórios, agora Renan Calheiros como chefe, também Fernando Collor tem a que responder no Conselho Ética, pelas ameaças físicas dirigidas ao senador Pedro Simon apenas por citar seu nome, sem qualificação ou imputação alguma.
A arrogância desnorteada de Collor não depende dos seus esgares e mímicas mecânicas, é um estado. A tanta arrogância, tão vazia de fundos e tão cheia de agressividade, responde uma conhecida lembrança bíblica: "do pó vieste e ao pó voltarás".
Confira os locais em que o público escolhe o quanto pagar por peça, shows, refeição ou festa
Eduardo Maia e Lívia Breves
RIO - "Qua...Quanto vale o show?", perguntava Sílvio Santos para seus jurados e telespectadores. Não se lembra? Achava muito mercantilista? Pois a questão banal nas noites de domingo ecoa cada vez mais na cabeça (e no bolso) dos cariocas. É que a moda por aqui agora é deixar ao gosto do freguês quanto determinada atração deve custar. Seja na bilheteria de uma peça, num restaurante ou numa feira nordestina, a liberdade de escolher o quão magra a carteira vai ficar ainda é um alívio em tempos de crise.
Não faz muito tempo, em outubro de 2007, foi um susto danado quando a banda Radiohead lançou seu último disco, "In rainbows", no esquema "é liberado, pague o quanto quiser pelas novas criações de Tom Yorke", trazendo à tona o bafafá em torno do valor que a música deve ter. Inspirado pela ideia da banda, o produtor Bruno Levinson decidiu incluir na programação do festival Humaitá Pra Peixe (HPP) uma noite em que o público decidia quanto desembolsar na entrada. De lá para cá, já se foram duas edições em formato tá liberado, tá tudo liberado.
- A iniciativa vale por tirar o público de um situação de conforto e fazê-lo pensar. No caso do HPP, evento para novos artistas, eu pergunto: Quanto vale a sua curiosidade? Quanto você paga para conhecer um novo artista? - explica Levinson, que arrecada menos nessa noite sem preço fixo.
O roteiro de programas sem preço fixo começa a ganhar corpo na cidade. E já é bem variado. Aproveite os próximos dias para decidir o quanto pagar por shows, um almoço, uma peça ou uma festa. Você decide.
Aos 72 anos, com marido (e empresário) de 26, Elza Soares prepara dois novos CDs e show
Antônio Carlos Miguel
A sala do apartamento de Elza Soares, na Avenida Atlântica, está coalhada de gente atarefada. Num sofá, o violonista e arranjador João de Aquino ensaia com o filho, Gabriel (de 19 anos, e que já segue os grandes passos do pai nas seis cordas), e o percussionista Felipe Santos ("Que é neto de Donga", comenta Aquino); em outro canto, o produtor Bruno Lucide, 26 anos, novo companheiro da cantora e seu empresário, está concentrado num laptop e, volta e meia, esclarece alguma dúvida que surge; o mesmo faz a assistente de produção Sabrina, também conectada à internet; enquanto isso, o maquiador de Elza entra e sai do corredor que leva às demais dependências. Após apresentar o repórter e o fotógrafo a todos, Geraldo Rocha, outro dos produtores de Elza, avisa que em breve ela estará pronta.
Minutos depois a diva aparece, num vestido de malha amarelo colado ao corpo cheio de curvas, maquiagem carregada, que ameniza os repuxados das plásticas. Mas, antes da conversa, pede para passar com os músicos "Camisa amarela", clássico de Ary Barroso que incluirá em seu novo show. Show particular terminado, pede licença para tomar uma injeção e retorna com um esparadrapo no ombro direito. "Está tudo bem", garante ao voltar. E logo ficamos sabendo que aquela que, em 2000, foi eleita pela BBC uma das 12 cantoras do milênio não quer saber do passado. Algo que tem provado no século XXI, ousando em CDs como "Do cóccix até o pescoço" (2002), "Vivo feliz" (2004), "Beba-me ao vivo" (2007).
- Detesto o passado, vivo eternamente o presente, sempre no presente - frisa ela, que, no presente, prepara-se para um show no Rio, dia 12, no Posto 8, no qual mostrará o repertório do disco de voz e violão "Arrepios", que gravou com João de Aquino e lançará até o fim do ano. - Fizemos há dez anos, mas tivemos problemas com o produtor e já nem me lembrava dele. Até Bruno, que conheci há um ano, em Belo Horizonte, onde trabalha como produtor de TV, descobrir o disco e cuidar de tudo para lançá-lo.
" Está tudo muito igual na música brasileira, cheio dessas cantoras certinhas, que não me interessam "
Valeu o empenho. A simbiose da voz rascante com o violão de sotaque afro é perfeita, num repertório que passa por "Drão" (Gil), "Como uma onda" (Lulu Santos e Nelson Motta), "Canário da terra" (João de Aquino e Aldir Blanc), "Juventude transviada" (Luiz Melodia) e "Devagar com a louça" (Luiz Reis e Haroldo Barbosa). Aquino, que, em 1980, produzira um clássico na discografia da cantora, "Elza negra, negra Elza", acertou de novo, contendo o scat singing, às vezes caricato, da cantora que jazzificou o samba como ninguém, de uma forma que impressionou até a Louis Armstrong.
Aos 72 anos, completados em junho, Elza tem muitos outros planos. Já gravou quatro faixas de outro projeto, um disco de standards jazzísticos, que remete a algumas de suas maiores paixões musicais:
- Nina Simone, Chet Baker, Billie, Louis Armstrong. Mas, ultimamente, devido aos jovens que me cercam, ouço Amy Winehouse, que adoro. Sim, estou ligada, pareço uma antena - se autodefine Elza, para em seguida voltar à neopunk inglesa. - Só lamento Amy estar tão detonada. Por isso digo: "Vocês devem copiar Elza". Eu me cuido, com boa alimentação, preparo físico. E acredito em Papai do Céu.
Vida e carreira revisadas em dois documentários
Nada mau para a carioca de Padre Miguel que saiu do Morro da Água Santa para ganhar um concurso de calouros de Ary Barroso, graças ao seu dom musical e ao raciocínio rápido. A história é velha, do passado, mas merece ser mais uma vez lembrada. Ao ver a menina magrela, perdida no grande vestido que pegara emprestado, Barroso perguntou: "De que planeta você veio?". "Do Planeta Fome!", respondeu ela, na lata, e depois provou cantando que chegara para ficar.
Cinco décadas após esse episódio, com muitos altos e baixos na vida e na carreira, hoje, a sobrevivente pode ser entendida como um Michael Jackson que deu certo. Ou seja, não foi engolida pela máquina do showbiz.
- Posso errar, mas não aceito que me imponham nada. Está tudo muito igual na música brasileira, cheio dessas cantoras certinhas, que não me interessam. Mas gosto muito daquela menina... Céu.
O disco de voz e violão, "Arrepios", que esperou tanto tempo, sairá no fim do ano, inaugurando o selo Pívetz, criado por Elza e seu novo companheiro. O de standards, para o qual já gravou "All the way", "Strange fruit" e "Summertime" com um time de primeira - incluindo Jessé Sadoc, Jorge Helder, Jurim Moreira, Itamar Assiere -, ficará para o ano que vem. Além dos CDs, dois documentários estão em produção: um dirigido pela carioca Isabel Jaguaribe e outro, misturando realidade e ficção, pela mineira Elizabete Martins, que há um ano segue os passos da cantora.
- Ela filmou muita coisa aqui no Rio, mas tenho passado muito tempo em Minas. E meu apartamento em Copacabana virou um consulado mineiro. Sou meio mineira, meus pais eram de lá, e agora esse moço me conquistou - diz, apontando para o jovem mineiro que a acompanha, sempre no presente