9.22.2009
Diretores da mostra Novos Rumos falam das expectativas de seus filmes no festival
André Miranda
RIO - Oito filmes, oito propostas de pensar o futuro do cinema brasileiro. O Festival do Rio criou para esta edição, que começa na quinta-feira, uma mostra chamada Novos Rumos, apenas com filmes de cineastas dando seus primeiros passos na realização de longas-metragens.
Não é exagero imaginar que, daqui a alguns anos, os diretores presentes na Novos Rumos poderão ser selecionados para a competição da Première Brasil, a mostra que apresenta anualmente o que há de melhor no cinema brasileiro.
A coluna Liquidificador, da revista Megazine, fez três perguntas para estes cineastas. As respostas estão abaixo.
1. Quais ingredientes você juntou para fazer seu filme?
2. Se você tivesse que escolher uma das opções, qual seria: sucesso comercial ou reconhecimento crítico? Por quê?
3. Seu filme já tem distribuição garantida?
A FALTA QUE NOS MOVE, de Christiane Jatahy
1. Cinco anos de pesquisa de linguagem. Dez procedimentos para a filmagem. Cinco excelentes atores. Três câmeras na mão. Uma única locação. Uma mistura instigante de documentário e ficção. E muitos parceiros de primeira trabalhando juntos para realizar um filme inovador e contundente.
2. Podem ser as duas coisas? Reconhecimento crítico e reflexivo sobre o trabalho e público entusiasmado lotando a sala do cinema. Por que não?
3. Ainda não mostramos para um distribuidor, mas estamos confiantes.
FLUIDOS, de Alexandre Carvalho
1. Paixão, suor e saliva para convencer a todos que era possível fazer um filme de ficção ao vivo, com os atores encenando, a equipe captando as imagens, eu editando, tudo isso no mesmo momento em que o filme está sendo projetado na tela do cinema.
2. Os filmes são feitos para serem vistos. Não há nada mais gratificante do que uma sala lotada, com o público refletindo com seu filme.
3. Ainda não. Procuro distribuidoras que se interessem em levar essa experiência inédita de um longa feito ao vivo para mais espectadores.
INVERSÃO, de Edu Felistoque
1. Primeiro colhi fatos enquanto filmava meu documentário (inédito) "Território 9ponto8". Depois, adicionei pitadas de ficção para chegar a um roteiro "popular". Cobri com uma camada de drama psicológico e suspense e levei ao "forno", dando a "forma" final... meio "cabeça", meio "popular".
2. Com todo respeito aos críticos, gosto muito de falar com o público. Mas uma coisa pode caminhar junto com a outra. Foi pensando assim que tentei fazer um filme "híbrido" que atenda aos dois lados.
3. Sim, a distribuição será pela Califórnia Filmes.
O PARAÍBA, de Samir Abujamra
1. Arrumei uma pequena câmera semiprofissional (dessas que todo mundo tem), entrevistei meu pai e minha mãe e me mandei para a Paraíba com uma vaga noção do que iria fazer lá, sem nenhum tipo de produção, sem saber nem mesmo para onde ir depois que o avião pousasse.
2. Nenhuma das duas opções. O único reconhecimento que importa é o do espectador.
3. A única coisa que podemos garantir é que, além da exibição no Festival do Rio, o filme terá uma sessão popular na Feira de São Cristóvão.
INTRUSO, de Paulo de Moraes Fontenelle
1. Os ingredientes que utilizamos para realizar o "Intruso" foram muita criatividade, bastante trabalho em equipe e uma grande vontade de realizar um sonho.
2. Eu escolho o sucesso comercial, porque isso é sinônimo de um grande público. O mais importante, para mim, é que o maior número de espectadores tenha a possibilidade de assistir e se emocionar com o filme.
3. Não.
SEM FIO, de Tiaraju Aronovich
1. Se fôssemos julgar pelo filme, os ingredientes seriam sangue, cocaína e porrada! Brincadeiras à parte, acredito que os principais ingredientes foram vontade e determinação, além de fé e ousadia.
2. Se "sucesso comercial" significar sucesso junto ao público, não tenha dúvida de que eu ficaria com essa opção. A gente faz arte para agradar ao público e, é claro, a nós mesmos. Se a crítica curtir a obra, melhor ainda.
3. Eu poderia dizer que sim, pois já recebemos algumas propostas. Só não menciono nomes, pois ainda não batemos o martelo.
VIDA DE BALCONISTA, de Cavi Borges e Pedro Monteiro
1. Os ingredientes foram: muita vontade de filmar e produzir, uma turma com interesses cinematográficos iguais e uma boa ideia.
2. Sempre quis o reconhecimento crítico mas para viver de cinema e ser um cineasta de profissão o sucesso comercial é muito importante. Tentar conciliar as duas coisas seria o ideal.
3. Já distribuímos uma parte do material nos celulares, outra na internet, agora estamos indo para os cinemas e por fim para o DVD. O filme faz parte de um projeto multimídia objetivando o aproveitamento de todas as mídias.
MORGUE STORY - SANGUE, BAIACU E QUADRINHOS, de Paulo Biscaia Filho
1. Ué? Os ingredientes estão no próprio título: sangue, baiacu e quadrinhos. E também tem uma tremenda paixão da equipe e do elenco.
2. Olha, um pouco de sucesso comercial seria bom, pois já gastei uma boa grana do próprio bolso para fazer o filme. O "Morgue Story" parece uma amante: dá prazer, mas também dá trabalho e custa caro.
3. Não. A distribuição é justamente o Santo Graal do cinema.
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