6.19.2009

João Donato fala sobre sua relação com o tempo em depoimento no MIS

'Idade é só número'

Leonardo Lichote

RIO - Ao longo de quatro horas na tarde de quarta-feira, no Museu da Imagem e do Som, João Donato lembrou fatos marcantes de sua vida e carreira, além de expor como funciona seu processo de criação. Para conduzir a entrevista - parte da série "Depoimentos para posteridade", do MIS - estavam presentes o jornalista Antônio Carlos Miguel (O Globo), o produtor Humberto Braga, a compositora e cantora Joyce, a documentarista Tetê Moraes e Rosa Maria Araujo, presidente do museu.
Donato completa este ano seis décadas de carreira - o marco, lembrado no depoimento, foi a contratação pela Rádio Guanabara, em 1949. Mas sua relação com a música, ele contou, começou ainda na infância no Acre. Seu primeiro instrumento foi o cavaquinho, influenciado pelo "mestre Antônio", mestre de obras.
- Perguntei como fazia para tocar, ele disse: "Toca com as cordas soltas que já é um acorde". Gostei - recordou Donato. - Minha primeira música foi para uma amor que descobri, Nini. Era uma menina de oito anos, eu tinha sete. Encontrei-a recentemente e ela está igualzinha, só mudaram os números. Porque a idade é só um número.
A relação de Donato com o tempo foi um tema ao qual ele voltou de forma recorrente ao longo do depoimento ("O relógio para mim é como um círculo sem números, que gira em torno de si mesmo, como a Terra, o sol"). Com essa percepção em mente, ele falou com proximidade de fatos ocorridos há décadas. Contou da viagem do Acre para o Rio - já na embarcação que veio, um dos famosos "Ita", ele se apresentava tocando acordeom. Depois, passou pela descoberta do jazz, a ida aos Estados Unidos, a aproximação com músicos cubanos, o estouro da bossa nova (da qual foi um dos precursores), o namoro com o funk nos anos 70 (com seu disco "A bad Donato"), a profusão de CDs, DVDs e prêmios nos últimos e a relação com músicos mais jovens.

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