5.25.2009
Johnny Alf comemora no palco seus 80 anos
Márcia Abos
SÃO PAULO - Um encontro de velhos amigos. Este foi o clima do ensaio de Johnny Alf, Alaíde Costa e Emílio Santiango no Sesc Pinheiros em São Paulo na tarde desta sexta-feira. O trio se preparava para os shows deste fim de semana no mesmo teatro em comemoração aos 80 anos de vida de Johnny, completados em 19 de maio.
A emoção deu o tom do ensaio, abrilhantado pela recuperação de Johnny, que tocou piano, cantou e se locomeveu sem cadeira de rodas, com o apoio carinhoso de Emílio, que ao chegar no ensaio abraçou e beijou o amigo. É o segundo show que o pianista, cantor e compositor faz desde sua recuperação. O primeiro foi em janeiro, também na companhia de Alaíde Costa e de Leny Andrade. Johnny passou dois anos recluso, tratando-se de um câncer de próstata.
" A mudança da música brasileira não começou na bossa nova, começou com Johnny Alf "
- Estava louco para ver ele voltar. Acompanhei-o no reestabelecimento. Conheço Johnny desde que comecei a cantar nos anos 70. Ele é um irmão mais velho que eu, Alaíne e Leny temos. A volta dele é como se a gente tivesse também se recuperando - declarou Emílio Santiago, deixando rolar uma lágrima.
Johnny estava entusiasmado, mas poupou forças para o show. Brincou com Alaíde Costa e Emílio Santiago, ameaçando mudar na hora o repertório previsto, que inclui "Eu e a brisa", "Rapaz de bem", "Olhos negros", "Ilusão à toa" e "Céu de estrelas".
- Músicos da noite não têm essa, eles conseguem acompanhar qualquer coisa - disse Johnny, que para se aquecer no ensaio tocou no piano "Ligia" (Tom Jobim/Chico Buarque), canção que não está no repertório.
Disse que faria Alaíde cantar todas a músicas que gravou de Vinicius de Moraes.
- De repente ele muda todo o roteiro previsto. A gente combina um repertório, na hora ele faz a introdução e só olha pra mim. Ele gosta de inventar - diz Alaíde.
Emílio Santiago respondeu, zombeteiro:
- Desse jeito, vamos fazer um show de três horas.
Alaíde lembrou que foi uma das primeiras cantoras a cantar as composições de Johnny.
- Fui a segunda cantora a cantar Johnny. A primeira foi Mary Gonçalves. Tinha uns 16 anos, cantava ainda em programas de calouros, quando tomei conhecimento das canções de Johnny Alf. Fiquei apaixonada. Ele já fazia uma música completamente diferente de tudo que existia na época e isso era tudo o que eu queria pra mim. Ao longo da minha carreira, da minha vida, ele esteve presente sempre - lembrou Alaíde.
Junto com Johnny, uma das canções que Alaíde vai cantar é "Meu sonho".
- Um dia Johnny chegou com uma letra em um papelzinho dobrado e pôs na minha mão. Eu abri, li, e falei: "Johnny, que linda!". Aí ele falou: "É para você musicar". Respondi: "eu musicar pra você?". Não tinha título e eu chamei de "Meu sonho" - contou com orgulho a cantora.
Johnny Alf foi esquecido pelas comemorações dos 80 anos da bossa nova. Emílio Santiago espera que seja feita justiça à importância do compositor para música brasileira.
- A mudança da música brasileira não começou na bossa nova, começou com Johnny Alf em Copacabana, na boate Plaza, onde ele cantava suas músicas e onde todos iam chupar um pouco das harmonias e composições dele. Aí foram para o Carnegie Hall e esqueceram ele aí. Johnny tem uma obra belíssima, que vamos cantar até morrer - conclui Emílio.
Johnny Alf, Alaíde Costa e Emílio Santiago
Sábado 21h, e domingo 18h,
Sesc Pinheiros.
Rua Paes Leme, 195, Pinheiros.
Tel: 11 3095-9400 .
INGRESSO:R$ 30
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