4.06.2009



5 perguntas para ...

Hérica Marmo


A admiração pelo grupo Titãs marcou a parceria entre os jornalistas Hérica Marmo e Luiz André Alzer, com a produção do livro "A vida até parece uma festa - Toda a história dos Titãs", pela Editora Record, em 2002. Mais uma vez voltada para a música, a atual editora de cultura do jornal Extra escreveu, em 2006, "A canção do Mago - A trajetória musical de Paulo Coelho", pela Editora Futuro. Sem considerar-se uma escritora e sim uma jornalista que escreve livros, Hérica admite que sua maior alegria na carreira literária é contribuir com suas pesquisas para o registro da música brasileira. Ela estimula quem quer escrever a batalhar em busca desse sonho.

Foto: Marcelo TheobaldHérica no Instituto Paulo Coelho, vasculhando os álbuns do escritor à procura de histórias da música

1 - Quando e como teve início sua carreira de escritora?

Nada foi planejado. O fato de eu, desde os 12 anos colecionar tudo o que saia sobre os Titãs, chamou a atenção do meu amigo Luiz André Alzer, que é muito mais empreendedor e visionário do que eu. Foi dele a ideia de escrever a biografia do grupo. Bolamos uma estratégia para chegar até a banda e convencê-los do projeto. Depois de muitas noites sem dormir e da dupla jornada em frente ao computador, ficamos muito felizes com o resultado final. Peguei o gostinho da coisa e, quatro anos depois, encontrei um novo tema para, dessa vez, mergulhar sozinha. Decidida a escrever sempre sobre música, pesquisei sobre a carreira de compositor do Paulo Coelho. O fato de ter publicado dois livros sobre o tema que mais me motiva a pesquisar, porém, não faz me sentir uma escritora. Sou uma jornalista que escreve livros.


2 - Em seus livros você aborda a vida de pessoas reais e conhecidas do público. Como é lidar com esses temas?

Tratar da vida de pessoas reais e famosas é saboroso porque você lida com um tema que desperta a curiosidade de um maior número de pessoas. Mas, ao mesmo tempo, também é bastante delicado porque há o compromisso com a fidelidade dos fatos e, consequentemente, o grande o risco de ferir suscetibilidades. Em ambos os casos, contei com a colaboração dos personagens - no primeiro livro mais efetivamente do que no segundo -, mas sempre deixando claro que o valor do livro estaria em contar a verdade e não apenas o lado bonito da história. Se não houvesse esse acordo, desistiria dos projetos.

3 – Escrever livros certamente lhe traz muitas alegrias, mas qual você destaca?

A maior alegria que os meus livros me trazem, e o que me estimula a encarar a maratona que é escrever um livro e ao mesmo tempo trabalhar em redação, é a possibilidade de contribuir para a documentação da música brasileira. Ver o seu trabalho reconhecido por ídolos da profissão e elogiado pelos leitores em geral é outra satisfação que faz valer qualquer sacrifício.

4 - O que a atrai como autora? E o que não a atrai? Pretende publicar outros trabalhos?

O prazer de descobrir uma história inédita, que poderia ficar perdida para sempre, caso ninguém se interesse em mergulhar com profundidade no tema específico, é algo que me atrai no processo de escrever um livro. Junte-se a isso a gana de ir atrás de outros detalhes para montar o quebra-cabeça e transformar tudo num texto agradável de se ler. O que não me atrai, no momento, é me transformar numa escritora profissional, que lida com encomendas, e correr o risco de fazer isso não por paixão mas apenas para pagar as minhas contas. Sim, pretendo publicar outros trabalhos. Assim que me encantar por um novo tema, volto à maratona.

5 – Se tivesse que orientar novos autores, o que diria a eles?

Escrevam sobre o que despertar prazer, se entreguem ao projeto com paixão, sejam obcecados pela melhor frase e foquem na realização pessoal. O foco no sucesso comercial é um passo para a frustração.


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