9.29.2009

Cinco anos após estourar, Céu volta à cena e defende 'o silêncio para enxergar as coisas'

Renato Lemos


Bubuia, segundo o idioma do povo do Norte do país, é a mesma coisa que borbulha, aquela espuminha que fica boiando por cima da água quando a onda passa. Céu gostou da palavra. Mais que isso, gostou da imagem que ela lhe proporcionou. Na quarta faixa de seu novo CD, "Vagarosa", ela - ao lado de Thalma de Freitas e Anelis Assumpção - canta as delícias da sua descoberta. A música ("Eu vou/ na bubuia eu vou", cantada num ritmo beeem lento) serve de senha para entender o que anda se passando na cabeça da cantora. Céu agora vai na bubuia.

- É uma espécie de "Deixa a vida me levar", é o jeito que ando vendo a vida.

Isso pode ser comprovado pelo tempo que demorou para lançar seu segundo disco: cinco anos. Entre um trabalho e outro, deu para a cantora fazer shows por todo o Brasil, ser indicada ao Grammy (perdeu para Angélique Kidjo, do Benin), ter a filha Rosa (homenageada no CD com uma versão de "Menina Rosa", de Benjor), cantar "Wave" na abertura do Pan 2007, emplacar três músicas em novelas, alcançar a melhor posição de um artista brasileiro no ranking da "Billboard" desde Astrud Gilberto com "Garota de Ipanema", em 1963, compor minuciosamente o novo repertório e, claro, descansar um bocado. O disco - como tudo em torno da cantora - pode ser visto assim: calmo, desacelerado, quase preguiçoso.

- Não sei se gosto muito do rótulo de preguiçosa, mas nos últimos tempos eu tenho valorizado cada vez mais o silêncio e a calma para enxergar as coisas. Acho que a gente tem que se virar sempre para as raízes, recuperar aquela história do menos é mais. Isso vale pra tudo - diz a cantora, que aproveitou o nascimento da filha, há um ano e três meses, para desacelerar de vez. - As pessoas estão sempre pensando no que pode acontecer e desvalorizam o momento em que vivem. Claro que é importante ganhar dinheiro, mas tem que saber pra quê, né? Não entro nessa. Olha só o trânsito. Isso é um inferno!

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