7.25.2009

Trio 3-63, de Andrea Ernest, Marcos Suzano e Paulo Braga

Assim como aprendemos a evitar os discos ruins, fugindo de artistas com trajetórias duvidosas, aprendemos a detectar as obras de indiscutível valor, pelos seus participantes, e pelo seu histórico de realizações importantes. Num tempo em que o rádio se prendeu à decaída indústria fonográfica e os meios de comunicação se renderam a press-releases e modismos forjados, vamos aprendendo a navegar no mar de lançamentos por conta própria, uma vez que as antigas referências foram por água abaixo e as novas, paulatinamente, se formam. Logo, seguindo o raciocínio, o que esperar de um álbum com Marcus Suzano, Andrea Ernest e Paulo Braga senão o melhor possível? Esperar de Suzano, porque tem um faro invejável para obras de envergadura, desde os primeiros de Lenine e Marcos Sacramento até os melhores momentos de artistas consagrados, como Gilberto Gil, em seu Acústico. De Andrea, porque tem o rigor de todo o grande instrumentista, não se deixando seduzir pelo que é fácil e desovando produções com selos de qualidade, como os da gravadora Biscoito Fino. E de Paulo Braga, especialmente, por se revelar um compositor ambicioso, neste Trio 3-63, ao lado de grandes como Joaquim Callado, Guerra-Peixe e Pixinguinha. Andrea (flauta), Suzano (percussão) e Braga (piano) abrem com Tom Jobim (a não-óbvia "Radamés e Pelé"), corajosamente encaram uma bela suíte de Luiz D'Anunciação, passam por Callado ("Lundu característico"), por um surpreendente Roberto Victorio ("Chronos II"), encerrando com Pixinguinha e Gastão Vianna ("Yaô/ Benguelê"), sem contar, claro, os já mencionados Guerra-Peixe ("A inúbia do caboclinho") e o próprio Braga ("Nhonhô da botica"). Trio 3-63 é interessante do começo ao fim, como um grande disco deve ser; sujeito a muitas audições, como um grande disco também deve ser. Ou seja, valeu a pena confiar em Andrea, Suzano e Braga. Podemos nos fiar neles

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