Quase toda matéria sobre bandas você é apresentado aos integrantes e aos nomes dos instrumentos que cada um toca, porém nessa vamos mudar um pouco, pois existe uma galera que deixou a bateria, guitarra, e o baixo de lado, para produzir músicas somente com a voz. Esse pessoal, um tanto quanto singular, são os integrantes da Banda de Boca, um quinteto baiano formado por Hiran Monteiro, Fábio Eça, Neto Moura, Poliana Monteiro e Arno Hubner. Com as gargantas afinadas, eles conseguem imitar perfeitamente os sons de vários instrumentos, e utilizam a criatividade para produzir suas músicas, ou para cantar sucessos já conhecidos, como Construção, de Chico Buarque, ou Eu só quero um Xodó, de Dominguinhos.
A banda existe há 10 anos, e tem particularidades interessantes, já que quase todos, com exceção de Neto, são músicos de formação, “Hiran é formado em composição e regência pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), Poliana é formada em canto também pela UFBA. Eu e o Arno também cursamos a faculdade de música”, explica Fábio. Além disso, os cinco já cantaram em corais desde pequenos. E quem juntou essa turma toda foi o maestro Hiran Monteiro, que de acordo com Fábio, sempre teve a idéia de montar a banda “Ele sempre teve grande paixão por harmonias vocais, ouvia grupos como Boca Livre e Take 6. Mas não conhecia nenhum grupo no Brasil, que além de cantar à capela, imitasse sons de instrumentos e tivesse sonoridade de uma banda vocal. Foi justamente essa a sua idéia”. Além das influências citadas pelo maestro, eles também escutam outros músicos do mesmo gênero, como: The Singers Unlimited, The Hi-lo's, Bobby McFerrin, entre outros. Mas não é só a galera com performances vocais que influência a Banda de Boca, pois Tom Jobim, Hermeto Pascoal, Chico Buarque, Dorival Caymmi, Edu Lobo , Lenine e Beatles, também servem de referência ao quinteto. E é pegando as raízes da música tupiniquim que eles se diferenciam dos grupos americanos: “Queremos valorizar os elementos da música brasileira e nordestina. Em vez do beatbox, que até apreciamos, e dos melismas (técnica de alterar a nota (sensação de frequência) de uma sílaba de um texto enquanto ela está a ser cantada) exagerados, priorizamos o som do pandeiro, do zabumba, do canto brasileiro”, elucida Fábio. E parecem que têm obtido sucesso, pois nesta década da estrada, já gravaram dois cd’s homônimos e ganharam o Prêmio Caymmi, de Melhor CD de MPB em 2004, além disso, participaram de discos dos consagrados Caetano Veloso, Daniela Mercury e Carlinhos Brown. Isso sem contar, que já dividiram o palco com; Nando Reis, Tom Zé, Paulinho Moska, Edson Cordeiro e Margareth Menezes e apresentaram-se pra quatro mil pessoas em um show no anfiteatro do Parque da Cidade, em Salvador. Mas como toda banda, eles também já passaram situações constrangedoras: “Crises de risos no meio de uma música acontecem às vezes”, conta Fábio. “Uma vez o Hiran vestiu por engano a calça de uma ex-integrante (ou seja, uma calça feminina) e fez o show todo sem perceber. Neto é o desastrado do grupo, costuma derrubar garrafa d'água no palco, microfone e até na caixa de som. Certa vez, Arno caiu em meio aos bancos que estavam no palco ainda escuro, segundos antes de o show começar”, completa. E como formam uma banda de boca literalmente, eles têm um cuidado todo especial com a voz “Procuramos não forçar a voz, fazemos os aquecimentos vocais antes de cantar e evitamos tomar qualquer coisa gelada no dia em que cantamos”, diz Fábio. Sobre as imitações perfeitas dos instrumentos, ele garante que isso sai naturalmente, observando e ouvindo somente.
Centrada e crente de seu talento, a banda sonha alto, deixa a modéstia de lado e planeja bem o futuro: “Queremos aumentar nosso raio de atuação, desenvolvendo, levando e divulgando nosso trabalho e cantando em todos os lugares possíveis no Brasil e até no exterior”. Finaliza Fábio
Um comentário:
Aprendi muito
Postar um comentário