7.27.2009

O continente negro: No Nelson Rodrigues, um teatro dramático escrito em forma de contraponto


Barbara Heliodora

RIO - No Teatro Nelson Rodrigues está em cartaz "O continente negro", do chileno Marco Antonio de la Parra. Primeira obra do autor montada no Brasil - o texto é objeto de uma brilhante tradução de Silvia Gomez -, a peça do dramaturgo chileno é uma intrigante experimentação, um teatro dramático escrito em forma de contraponto.
Duas atrizes e um ator criam os 12 personagens que se entrelaçam para compor a complexa rede que narra varias histórias, nenhuma delas dominante, todas elas fragmentos de um todo que cobre chegadas e partidas, ilusões e desencantos. Essa estrutura exige de início muita atenção. Porém, uma vez que o espectador identifica o jogo, tudo fica mais fácil e compreensível. Não há preocupação com elaboração de tensões crescentes, pois os vários componentes afloram e desaparecem alternadamente, cumprindo suas missões na composição do todo.
Trilha sonora cria ambientes distintos
A encenação é dominada por um vasto cenário - que, por sua vez, apresenta múltiplas possibilidades, disciplinadas em um todo -, criado por André Cortez, também responsável pelos figurinos que individualizam os vários personagens. A ótima iluminação é de Telma Fernandes, e a trilha sonora, que cria ambientes distintos, é de Dr. Morris.
A direção é de Aderbal Freire-Filho, que manipula com firmeza o desenho físico dos vários componentes da ação e, com igual segurança, estabelece climas e personalidades que dão vida ao complexo espetáculo.
O elenco é composto por Débora Falabella, Yara Novaes e Angelo Antônio que com pequenas mas claras mudanças de postura e tom dão vida a 12 personagens de maior ou menor peso, muito embora não se trate aqui de uma narrativa, como já tem acontecido em outros espetáculos de Aderbal. Há toques de depoimento crítico muito importantes para a natureza do espetáculo.
"O continente negro" é uma fascinante experimentação dramatúrgica.

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'O continente negro'.
Texto: Marco Antonio De La Parra.
Direção: Aderbal Freire-Filho.
Elenco:Débora Falabella, Ângelo Antônio e Yara de Novaes.

O amor platônico, uma mãe ausente e fútil e um marido infiel são temas abordados para retratar a dificuldade dos relacionamentos amorosos.
Teatro Nelson Rodrigues: Caixa Cultural. Av. Chile 230, Centro - 2262-8152. Qui a sáb, às 20h. Dom, às 19h. R$ 20. 60 minutos. Até 2 de agosto.

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