7.21.2009

Espetáculo 'Hairspray' mantém o tom e o humor exigidos


Barbara Heliodora

RIO - Nos últimos anos, o sucesso do musical "Hairspray" tem sido ligado principalmente ao gimmick de ter um ator (no caso da versão de 2007 para o cinema, por exemplo, o mais que famoso John Travolta) no papel de Edna, mãe da gordinha adolescente que sonha em ser estrela de um show de televisão. Escrito nos anos 1980, no entanto, de início o musical ficava ainda mais americano do que é: tudo se passa no início da década de 1960, em Baltimore, parte integrante do Sul racista, justamente no tempo em que os movimentos e eventos em favor da integração racial estavam atingindo o auge e fazendo suas mais significantes vitórias.
(Elenco e diretor falam sobre adaptação do espetáculo da Broadway)
O preconceito contra a obediência a qualquer exagero da moda (como os casos de fenomenal engenharia capilar sustentada pelo generoso uso do laquê do título), assim como a exclusão do sonhado sucesso social em função da gordura, emprestavam a "Hairspray" uma modesta relevância, hoje perdida. Sobram o puro jogo teatral, a música e a dança, em torno da ideia da luta pelo sucesso em condições adversas. Tudo é levado para o exagero na criação dos personagens, principalmente os cabelos, um exagero alegre e sorridente. Os autores americanos foram muito bem traduzidos e adaptados por Miguel Falabella, o que permite a fluência de espetáculo.
" direção de Miguel Falabella é firmemente voltada para o tom e o humor que "Hairspray" exige e resulta alegre e divertida "
A encenação, em cartaz no Teatro Casa Grande, é fiel ao original, como é indispensável que seja, com Renato Scripilitti criando cenários de fácil mobilidade e clara identificação de locais, o fundo correto para as cores e exageros dos figurinos de Marcelo Pies, tudo buscando evocação de época, com o original por guia. É boa a luz de Maneco Quinderé, mas o desenho de som de Tocko Michelazzo é um tanto exagerado no volume. Da Broadway veio Jeff Whitting, que já era dono da coreografia e obtém ótimo rendimento de todo o elenco. Felipe Senna é o responsável pela direção musical e tem boa execução.
A direção de Miguel Falabella é firmemente voltada para o tom e o humor que "Hairspray" exige e resulta alegre e divertida, mantendo o tom americano, essencial, mas deixando-o simpático aos olhos e ouvidos brasileiros. O elenco está rendendo bem. No grupo central, Edson Celulari e Simone Gutierrez dão boa conta do recado; já Danielle Winits rende menos que Arlete Salles e Jonatas Faro. No numeroso elenco de apoio (que tem ótima atuação de conjunto), Ivana Domenico marca presença em três papéis, Heloisa de Palma cresce para o final, Bené Monteiro é uma revelação, e as três Dinamites, Corina Sabbas, Karin Hils e Bia Martins, são um dos pontos mais altos do espetáculo.
A popularidade dos musicais parece irrecusável, e "Hairspray" é um espetáculo alegre e atraente.


@Oi Casa Grande.
Rua Afrânio de Melo Franco 290, Leblon.
@Tel: 2511-0800.
@Qui e sex, às 21h. @Sáb, às 18h e às 21h30m.@ Dom, às 19h.
@Qui e sex: R$ 40 (balcão setor 3), R$ 80 (balcão setor 2), R$ 100 (plateia setor 1) e R$ 120 (plateia VIP e camarotes). @Sáb e dom: R$ 60 (balcão setor 3), R$ 100 (balcão setor 2), R$ 120 (plateia setor 1) e R$ 150 (plateia VIP e camarotes). 180 minutos (com intervalo).
Até 4 de outubro. Livre.

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