6.29.2009

Conheça Fernando Grostein Andrade, diretor de documentário intimista sobre Caetano Veloso

Karla Monteiro


RIO - Caetano nu fazendo a barba no banheiro de um hotel. Caetano andando pelas ruas de Nova York contando como se sentiu um subdesenvolvido ao dar uma entrevista em inglês mal falado. Caetano fazendo troça num templo budista no Japão, diante de um doce cor-de-rosa. Caetano discorrendo sobre o cinema de Michelangelo Antonioni. Caetano contando piada. Caetano gargalhando. Caetano dando uma de Caê. O filme "Coração vagabundo", que estreia no dia 24 de julho em circuito nacional, é isso: documentado e documentarista trocando uma ideia, na maior intimidade. O documentado dispensa apresentação. O cara é o cara, um dos nossos maiores artistas, reconhecido e respeitado aqui e lá fora. O documentarista é um menino paulistano de 28 anos, com rostinho e corpinho de 15, chamado Fernando Grostein Andrade, filho do jornalista Mário de Andrade, editor da revista "Playboy" nos anos 80, e meio-irmão de Luciano Huck. Como o menino chegou a Caê? Aí é uma outra história.
Encontramos o Fê, como o próprio se apresenta, na sede da sua recém-inaugurada produtora de publicidade e cinema, a Spray Filmes, localizada em um prédio moderno no bairro do Itaim-Bibi, em São Paulo. O rapazote parece ocupado, uma reunião atrás da outra, uma série de projetos rolando, clientes estrelados como Natura, Santander, Volkswagen, GreenPeace, Governo do Estado de São Paulo batendo à sua porta. Fê conta que sua trajetória com Caetano Veloso começou numa festa, onde foi apresentado por um amigo a Paula Lavigne, ex-mulher e empresária do cantor e compositor baiano. O primeiro encontro foi rápido. Na época, início dos anos 2000, Fê estava terminando administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas e paquerava o cinema. Nas férias, ele se mandava para os Estados Unidos para fazer cursos na área e seu projeto de conclusão da faculdade era sobre direção e produção de um curta-metragem. Quando o curta - "De morango", segundo ele o primeiro feito em digital no Brasil, com Fernanda Rodrigues e Daniel Dantas - ficou pronto, Fê resolveu mandar uma cópia do DVD para várias pessoas. Entre elas, Paula Lavigne.
- A Paula foi uma das poucas pessoas que me responderam. Ela disse que achou engraçado, que tinha dado muita risada assistindo ao filme - lembra. - Então ela me chamou para dirigir o clipe de "Lisbela e o prisioneiro". Foi uma puta oportunidade. Era o Caetano cantando, com roteiro do Guel Arraes. Meus dois ídolos.
Fê mandou bem, tanto que, em 2003, Paula o convocou novamente. Dessa vez para fazer o DVD "A foreign sound". A missão era filmar dois shows de Caetano no bar Baretto, em São Paulo.
O menino era inexperiente, mas não era burro. Percebeu nesse momento a disponibilidade de Paula e Caetano no sentido de permitir que sua câmera chegasse bem perto. Daí em diante, Fê acompanhou o ídolo numa temporada de shows no Carnegie Hall, em Nova York, e, depois, numa turnê no Japão. Ao todo, foram 57 horas de material bruto. Nos Estados Unidos, o inesperado ajudou novamente. O Sindicato dos Trabalhadores do Carnegie Hall estava cobrando US$ 10 mil por minuto filmado. Sem patrocínio, o projeto de filmar os shows ficou inviável. Como não poderia registrar Caetano no palco, Fê passou a filmar suas conversas com ele.

Vídeo:
Trailer do documentário Coração Vagabundo de Fernando Grostein Andrade, produzido por Paula Lavigne e Raul Dórea. O filme mostra a intimidade do cantor e compositor Caetano Veloso durante turnê do disco "A Foreing Sound", quando o cantor fazia shows por São Paulo, Nova York, Tokyo e Kyoto.

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