Yes mostra em SP seu rock 'progressivo-jazz-sinfônico'

Foto: Paulo Noviello/Terra

O baixista Chris Squire é o único remanescente da formação original do grupo britânico

O grupo britânico Yes, apesar de não ter se tornado tão conhecido quanto seus contemporâneos do Pink Floyd, tem uma legião de fãs fiéis, apaixonados pelo seu rock grandioso, com elementos da música clássica, da improvisação do jazz e da música folclórica filtrados pelo tal "progressivo". Os fãs paulistanos da banda mostraram a lealdade e lotaram o HSBC Brasil, na noite deste domingo (28), para ver o grupo do baixista Chris Squire, único remanescente da formação original, acompanhado de Steve Howe (guitarra) e Alan White (bateria), que estão no grupo há décadas, e os jovens recém chegados Benoit David, que substitui Jon Anderson, e Oliver Wakeman, filho do lendário tecladista Rick Wakeman.
O show começou com um atraso de quase uma hora e meia, provocado pelos cancelamentos de vôos da companhia aérea TAM, que fez os músicos, que tocaram no sábado em Florianópolis, passar boa parte do dia no aeroporto. O público ansioso, formado por muitas famílias de diversas gerações de roqueiros, nem ligou, e foi ao delírio quando a Firebird Suite, balé do compositor erudito Igor Stravinski, que tradicionalmente abre os shows do Yes, começou a tocar. O quinteto entrou tocando Siberian Khatru, que fecha o disco Close to the Edge, de 1972. Em seguida, outro clássico, I've Seen Good People, de 1971, com a psicodelia hippie característica dos primeiros trabalhos do Yes.
O clima "viajante" continuou com Tempus Fugit, de 1980 e Astral Traveller, de 1970, encerrada com o tradicional solo de bateria de Alan White. And You and I, outra de Close to the Edge, veio na sequência. "Agora vamos mudar um pouco o clima, o Sr. Steve Howe vai fazer um solo com violão acústico", anunciou Squire. O guitarrista de longos cabelos brancos empunhou a viola e fez uma alusão às Bachianas Brasileiras, de Villa Lobos em meio ao solo com temas folclóricos de sabor celta.
Com o público aplaudindo muito, o resto da banda voltou e eles tocaram o hit Owner of a Lonely Heart, que só empolgou menos que a emblemática Roundabout, em que Squire faz uma das linhas de baixo mais memoráveis do rock, a que mais agitou o público, que bateu palmas, cantou junto e se levantou das cadeiras. Ovacionados, eles voltaram para o bis com Starship Trooper, fechando um show recheado de clássicos que embalam "viagens" há mais de trinta anos. Todos esbanjaram seu virtuosismo, com Squire como "maestro", e o joven Oliver Wakeman mostrando que aprendeu direitinho com o pai. O canadense Benoit David também segurou bem a responsabilidade de reproduzir os vocais agudos de Jon Anderson, e os devotos do Yes deixaram o HSBC Brasil, já passando da meia-noite, em estado de graça.

Confira o setlist do show
Firebird Suite
Siberian Khatru
I've Seen Good People
Tempus Fugit
Astral Traveller
Solo Alan White
And You and I
Solo Steve Howe
Owner of a Lonely Heart
Heart of the Sunrise
Roundabout
Bis
Starship Trooper