1.21.2010

`Nunca houve uma mulher como Gilda`

por André Ventura da Cunha Vale A publicidade da época anunciava: `Nunca houve uma mulher como Gilda`. É fácil entender o porquê: basta colocar os olhos na deslumbrante Rita Hayworth, logo em sua primeira aparição no filme, quando seu marido lhe pergunta `Gilda, are you decent?` e ela sacode a cabeleira ruiva, mostrando o rosto expressivo: `Me?`. Simplesmente inesquecível. Luis Fernando Verissimo escreveu certa vez: `sei de sessentôes que dividem sua vida antes e depois da primeira aparição da Gilda em Gilda, e ainda suspiram com a lembrança.` Por aí você pode ter uma idéia do que o espera. Rita Hayworth, a dama da Columbia, é uma das atrizes mais belas de todas as épocas. Mas não apenas isso. Era talentosa como poucas: convincente e sedutora, com olhares expressivos e sorrisos sugestivos. Exímia dançarina (contracenou com Fred Astaire e com Gene Kelly em outros musicais). Bela voz como cantora. Não se fazem mais atrizes como antigamente, assim tão completas e com tamanho magnetismo. Falar do filme sem falar dela é impossível, não apenas por ser a protagonista, mas porque o filme é dela: Rita é a grande estrela. O seu objeto de amor e ódio é Johnny Farrel (Glenn Ford), com quem tem química e empatia, o que conquistou o público. A dupla fez tanto sucesso que o diretor Charles Vidor não quis parar por aí. Dois anos depois do sucesso de Gilda, fez uma nova tentativa com o par e dirigiu `Os Amores de Carmem`, no qual Rita é também uma mulher sensual e de personalidade forte. Mas a história de `Amores de Carmem` não tem metade do encantamento de Gilda, nem da magia. Em 1952, Glenn Ford e Rita Hayworth voltaram a se encontrar em `Uma Viúva em Trindade`. Apesar de estar também belíssima, e de haver entre eles o mesmo clima de amor proibido prestes a entrar em erupção, o sucesso de Gilda não se repetiu novamente. O jogo de esconde-esconde, o quer e não quer, o ama e odeia, sensações misturadas e opostas, contraditórias e incoerentes... tudo isso faz de Gilda um filme sedutor e instigante. Sei que alguns poderão dizer que é apenas uma comédia romântica da década de 40, com todas as limitações cinematográficas (os efeitos especiais são precários perto do que temos hoje, claro). isso é fato. Mas é uma comédia romântica dos anos 40 absolutamente deliciosa e divertida. Os diálogos são inteligentes e afiados. As músicas, sobretudo as interpretadas por Rita, caem como uma luva para o filme. E por falar em luva... não poderia deixar de mencionar a clássica cena do streap tease da luva. Rita consegue enfeitiçar o telespectador e todos os homens do filme enquanto tira apenas uma luva... você só entenderá o que significa ao ver a cena e ouvi-la, fabulosa, cantando `Put the Blame on Mame`. Se esta crítica parece por demais empolgada, tenho que confessar que se trata de um dos meus filmes preferidos. Foi quando descobri Rita Hayworth e me apaixonei por ela. E você, homem ou mulher, acabará se apaixonando também. Afinal, como já foi dito (e muito bem dito): nunca houve uma mulher como Gilda.

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