Se lembrarmos do último álbum e turnê de Ney Matogrosso - “Inclassificáveis” - e em seguida ouvirmos este novo disco, teremos a certeza que nenhum artista brasileiro assume e encarna tão bem em sua obra o espírito camaleônico e mutante.
“Beijo Bandido” não é uma continuação sonora do trabalho anterior. Enquanto “Inclassificáveis” trazia canções e interpretações pop e ao vivo, às vezes, até esbarrando no Rock, o novo álbum é mais sereno e o trabalho da banda - ainda que excelente - fica ao fundo, dando apóio à bela voz de Ney.
O novo álbum traz uma mistura de estilos que dialogam bem, cada um em seu espaço. Bolero, Valsa, Tango e até Choro.
O Chorinho aparece numa ótima releitura para “Bicho de Sete Cabeças II”, de Geraldo Azevedo. Mais uma bela versão para essa ótima música, ainda que não seja tão inspirada quanto a versão geralmente apresentada ao vivo por Zeca Baleiro, Fernando Nunes e Tuco Marcondes. Mas esta é uma das melhores do disco.
“Tango para Teresa”, que ficou conhecida nos anos 70 na voz de Ângela Maria, é a faixa que abre o álbum com mais uma ótima interpretação de Ney. Além de músicas retiradas do baú da MPB, também há composições mais recentes, como “A Cor do Desejo”, de Junior Almeida e Ricardo Guima. O instrumental traz algo de ibérico, principalmente pela percussão é o violino.
O gaúcho Vitor Ramil é o compositor de “Invento”, faixa que também merece destaque na interpretação de Ney e de onde o cantor tirou o título do álbum. Também há momentos destinados ao Pop, como em “Nada Por Mim” (Paula Toller / Herbert Vianna) e “Mulher Sem Razão (Dé Palmeira / Bebel Gilberto / Cazuza).
Além das interpretações marcantes de Ney, ainda há o mérito da escolha dos músicos que o ajudaram a construir esse ótimo álbum: Leandro Braga (piano), Lui Coimbra (violoncelo, violão), Ricardo Amado (violino) e Felipe Roseno (percussão).
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