7.02.2009

Prêmio da Música Brasileira é marcado pela colaboração entre os artistas


Christina Fuscaldo

RIO - Depois de ter sua realização ameaçada pela falta de patrocínio, a 22ª edição do Prêmio da Música Brasileira, que aconteceu na noite de quarta-feira no Canecão, ficará marcada pelo espírito de colaboração entre os artistas. Eles atenderam ao chamado de José Maurício Machline, idealizador e condutor do evento, que tratou de agradecer à classe ao fim da cerimônia. Os principais vencedores da noite foram Zeca Pagodinho e Chico César, que receberam três prêmios cada.
- Queria agradecer a presença de todos vocês nesta noite muito especial. Sem o apoio dessas pessoas não seria possível a realização do prêmio este ano, em que tivemos recorde de trabalhos inscritos - disse. Este ano, o Prêmio da Música Brasileira recebeu inscrições de 809 CDs e 137 DVDs participantes. Destes, foram selecionados 103, divididos em 16 categorias.
Enquanto Machline falava, diversos nomes eram exibidos num telão. Entre eles os do titã Charles Gavin, da cantora Fabiana Cozza e do pianista Cristovão Bastos, jurados do prêmio, da atriz Fernanda Montenegro, apresentadora da noite ao lado de Marcello Antony e Aloísio de Abreu, roteirista da cerimônia, e do cenógrafo Gringo Cardia (diretor de arte do evento). Machline ressaltou que o prêmio é, em si, um grande tributo à música brasileira.

- Nosso objetivo é buscar qualidade tanto através de artistas consagrados como de artistas desconhecidos. Este ano trouxemos Zabé da Loca, que não teria chance de aparecer se nao fosse o prêmio.
A tocadora de pífano Zabé da Loca, uma pernambucana de 85 anos, 27 dos quais passados numa gruta (ou loca) na Paraíba, foi a vencedora na categoria revelação. Durante as cerca de duas horas do evento, o Prêmio da Música Brasileira consagrou tanto artistas conhecidos, como Milton Nascimento (dois prêmios na categoria MPB) e Zeca Pagodinho (três troféus na categoria Samba) como músicos que lançaram trabalhos independentes, caso de Renata Rosa, melhor cantora na categoria Regional com o álbum 'Manto dos sonhos', ou DJ Dolores, vencedor na categoria Eletrônico pelo disco "1 real".
O paraibano Chico César viu seu 'Francisco forró y frevo' ser premiado como Projeto Visual e melhor disco Regional. Ele também foi escolhido melhor cantor Regional e saiu do Canecão como um dos grandes vencedores da noite.

- Acho que esse prêmio é raçudo. Foi trocando de patrocinador, depois perdeu e mesmo assim continuou. E tem que continuar independentemente de tudo, porque a música também continua - disse ele.
- Só de o prêmio existir já está bom. Está difícil no mundo inteiro o negócio da música. Ainda bem que o Zé Maurício não deixou o prêmio morrer - completou Milton Nascimento.
Paula Toller, vencedora na categoria melhor cantora de Pop/ Rock, estava especialmente realizada.
- Eu ganhei o prêmio de Revelação em 1998, quando lancei meu primeiro CD solo. E agora é muito legal estar aqui, com o meu segundo disco solo. É um reconhecimento ao trabalho dos artistas, que às vezes é muito chato nos bastidores. Mas tudo vale a pena, porque quando a gente sobe no palco vai para outro planeta.
Durante a cerimônia, diversos artistas subiram ao palco do Canecão para homenagear a cantora Clara Nunes. Entre eles Maria Bethânia, que interpretou "Conto de areia", e Lenine, que dividiu com o filho João Cavalcanti uma releitura de "O mar serenou".
Ao fim, um emocionado Machline abriu o coração para a plateia.
- Eu amo este prêmio.

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