Enviado por Juarez Becoza -
Caro leitor: Saiu ontem, numa festa bacana realizada no Centro Cultural Carioca, Centro do Rio, o resultado da segunda edição do Festival Comida di Buteco na cidade.
Com 25 mil votos (25% a mais do que no ano passado), o festival deu a honra de levantar o prato-troféu com a inscrição de melhor petisco do Rio de Janeiro para a Academia da Cachaça da Barra, que concorreu com uma empadinha de queijo coalho com alecrim literalmente campeã.O segundo lugar ficou para o Original do Brás, de Brás de Pina, e seu "doce refúgio" de lombinho folhado com molho de tamarindo. O terceiro prêmio foi para as batatas recheadas com linguiça artesanal, a "linguiça croc" do Enchendo Linguiça, do Grajaú. No quarto posto tivemos a vaca atolada do Bar Varnhagem, da Tijuca. E em quinto lugar, o caldinho de feijão do Pavão Azul, de Copacabana.Fora da "zona de premiação", a classificação oficial seguiu com:
- A costela no bafo do Cachambeer, do Cachambi, em sexto;
- O croquelete do Petit Paulete, da Praça da Bandeira, em sétimo;- O bolinho de camarão com catupiry do Bar Rebouças, do Jardim Botânico, em oitavo;- O caldinho de siri do Copão de Ouro, de Ramos, em nono;
- O bolinho de arroz de brócolis com bacalhau do Pontapé, da Ilha do Governador, em décimo.Fiz questão de destacar a localização de cada um dos bares mais bem colocados na contenda justamente por achar que essa foi uma das caracterísitcas mais interesantes do festival este ano: sua amplitude geográfica. Teve bar de todas as áreas da cidade nas primeiras posições, sem privilégio para nenhuma região: O vencedor saiu da Barra, o segundo colocado veio lá do subúrbio; o terceiro e o quarto lugares foram para a Zona Norte e o quinto ficou com a Zona Sul. E do sexto ao décimo lugares houve espaço, de novo, para subúrbio, Zona Norte e Zona Sul. Uma distribuição que mostra que estamos bem servidos de bons botecos, em qualquer lugar do Rio.
Sobre a premiação em si, quem acompanhou o festival de longe - ou de perto demais... - pode ter ficado surpreso com a vitória da empadinha de queijo coalho da Academia da Cachaça. Eu confesso que não esperava. Mas surpreso não fiquei não... Afinal, caro leitor, a empada é de fato uma maravilha. Derrete na boca como poucas, e tem um sabor que agrada a qualquer paladar, até mesmo quem não é muito chegado em comida de boteco. E isso, numa votação popular em que literalmente qualquer pessoa tem direito de dar sua opiniáo, é muito importante.
Haverá quem diga que a Academia da Cachaça não é botecco. De fato nao é. É uma empresa bem estruturada, com duas filiais e administração para lá de profissional. Trata-se de um ponto relevante esse, mas que deve ser debatido fora do contexto da premiação. Depois que o jogo começou, todos os concorrentes estavam em pé de igualdade, e ganhou quem fez mais bonito, merecidamente, independente de definições prévias.
Ainda assim, cabe aqui uma historinha interessante sobre o vencedor, que mostra que mesmo lá, na acadêmica Academia, o imponderável ainda faz muita diferença: Leonardo Rangel, um dos administradores do bar, que estava em estado de graça pela vitória, contou-me sem esconder a satisfação que nenhum dos sócios da casa acreditava na empada. Queriam concorrer com o sanduíche de pernil. A inscrição do petisco só ocorreu por insistência dele próprio, que sempre teve especial predileção pela empada. "Banquei a empada mesmo, contra tudo e contra todos, e já estava feliz só de termos aumentado muito a venda dela durante esse mês do festival. Quando veio o prêmio, então, foi um sonho. Ainda nem caiu a ficha", dizia, em êxtase, após a premiação.
Cadinha, um dos sócios do Original do Brás, campeão do ano passado e segundo este ano, também se emocionou. Mesmo sem conseguir o bi, ficou feliz em voltar ao "pódium" com um petisco que, notoriamente, não foi tão unânime quanto o "Rolé pelo subúrbio", o bife rolê que foi o grande vencedor de 2008.
Mas emocionante mesmo, para este blogueiro, foi ver três matriarcas dos botecos cariocas subirem merecidamente ao palco para receber seus prêmios. Dona Natalina, aos 77 anos de idade comandando com maestria o Bar Varnhagem, mereceu mais do que ninguém a honra de ter seu petisco agraciado com o quarto lugar. E as queridas Beth e Vera, donas do Pavão Azul, mostraram que a "teimosia" de apostar no caldinho de feijão - algo aparentemente simples para um bar tão cheio de trunfos como o Pavão - deu mais do que certo.
A essas três mãezonas da boemia carioca, meus parabéns!!!
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