Maria Bethânia e Paulinho da Viola são entrevistados para o Documentário Francês de 1969 "Saravah", de Pierre Barouh.
Eles cantam "Rosa Maria" de Eden Silva e Anibal Silva, "Tudo é Ilusão" (canção de Eden Silva e Tufy Lauar ) e "Pecadora" (Jair do Cavaquinho e Joãozinho).
Bethânia nesse trecho faz referências ao disco "Tempo de amor" de Dalva de Oliveira, lançado naquele ano com a faixa "Tudo é Ilusão" além de "Tem Mais Samba" de Chico Buarque de Hollanda.
Documentário de 1969 com Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Pixinguinha, João da Baiana e Baden Powell, entre outros.
Foi no mês de fevereiro de 1969 que o diretor de cinema francês Pierre Barouh desembarcou no Rio de Janeiro disposto a registrar em película momentos de uma música que, embora conhecesse pouco, o fascinava intensamente. O olhar do estrangeiro, de coração aberto para a música brasileira, capturou imagens que durante 36 anos permaneceram desconhecidas no país.
Foi lançado agora, em DVD, o filme Saravah, resultado das sessões de filmagem de Barouh com os ancestrais Pixinguinha e João da Baiana, então octagenários, os jovens Maria Bethânia (aos 21 anos) e Paulinho da Viola, tendo Baden Powell como elo de ligação entre gerações tão distantes e fundamentais da arte brasileira.
A nova missão artística francesa empreendida por Barouh se inicia no desfile da Mangueira no carnaval daquele ano. Do glamour da avenida, a ação se desloca para um bar do subúrbio carioca, na rua Pixinguinha, registrando o encontro entre o genial maestro e Baden Powell, intermediado pelo cineasta. Pixinguinha lembra a viagem dos Oito Batutas a Paris, na década de 20, e chega a cantarolar a música tema do grupo com o qual se apresentou durante oito meses na capital francesa.
Interessado nas intervenções culturais e religiosas da presença da África no Brasil, Barouh entrevista João da Baiana que, acompanhado por Baden ao violão, sapateia e toca prato e faca, enquanto entoa Okekerê, de sua autoria, e Yaô, de Pixinguinha. Um momento em que a história atemporal do Brasil é materializada em imagens pelas lentes de Barouh.
História esta que se manifestava espontaneamente diante do diretor europeu. A seqüência que mostra Maria Bethânia quase menina ao lado do também muito jovem Paulinho da Viola é para figurar em qualquer antologia da música brasileira. A ação se passa numa mesa de bar, ao ar livre, com a presença de vários amigos e uma atmosfera que combinava descontração e reverência.
Bethânia e Paulinho interpretam sambas de Jair do Cavaquinho (Pecadora), Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito (Pranto de Poeta), além de criações do próprio Paulinho, como Coração Vulgar e Coisas do Mundo minha Nega. Paulinho teoriza sobre o universo das escolas-de-samba e suas influências, diante da cumplicidade e contemplação de Bethânia e de um diretor em êxtase.
A seqüência seguinte mostra uma jam session de Bethânia, ao lado de músicos como o trombonista Raul de Souza e o pianista Luis Carlos Vinhas, interpretando canções de Caetano Veloso – Baby e Tropicália – então exilado em Londres. Da Bahia cosmopolita para um Pernambuco nostálgico, Bethânia recria o Frevo número 1 do Recife, de Antonio Maria, e Pra Dizer Adeus, de Edu Lobo e Torquato Neto, em imagens raríssimas onde a própria cantora se acompanha ao violão, executando a harmonia intrincada de Lobo.
É a hora do encontro entre Baden e Pixinguinha, lá no começo do filme, desdobrar-se inevitavelmente em música, através de uma acachapante versão de Lamentos, de Pixinguinha, com o maestro estabelecendo contrapontos em seu saxofone para o violão de Baden. Quando o espectador já não tem mais fôlego para tanto impacto visual e sonoro, entra a seqüência do Baden Powell Quarteto, com a participação da cantora Márcia, interpretando a mesma Lamentos, agora com a letra de Vinicius de Moraes, parceiro de Baden nas canções que se seguem: Formosa e Tempo de Amor. Para finalizar, o próprio Barouh entoa Samba Saravah, versão em francês do Samba da Bênção, de Baden e Vinicius, também com Baden ao violão.
Nos extras, uma visita de Barouh ao morro do Cantagalo, no Rio, em 2003, acompanhado do cineasta Walter Salles Junior, na casa do compositor Adão Xalebarada, e a gravação da cantora Bia, acompanhada por Sivuca, de La Nuit de mon Amour, versão de A Noite do meu Bem, clássico de Dolores Duran, vertida para o francês por Pierre Barouh.
O que era privilégio de franceses e japoneses (que tiveram anteriormente acesso a edições em DVD), passa a patrimônio brasileiro, com o lançamento de Saravah. Se o som direto às vezes pode deixar a desejar para o espectador mais exigente, o valor documental impõe a obra como um dos mais impactantes lançamentos da música brasileira na era do DVD.
Gênero: Documentário
Diretor: Pierre Barouh
Duração: 62 minutos
Ano de Lançamento: 1969
País de Origem: Brasil
Idioma do Áudio: Português/Francês
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Tamanho: 700 Mb
Legendas: No torrent
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