2.02.2010

A cantora que mais partiu corações na MPB

Por RUY CASTRO, de Washington

SIMPLESMENTE COOL

Antes da bossa, Doris Monteiro cansou de partir corações masculinos

Ela já era "cool" antes que as pessoas por aqui sequer soubessem o que era isso –ponha aí comecinho dos anos 1950. Fazer vibrato com a voz, à maneira de Dalva ou Elizeth, nem que quisesse –não conseguiria. E seu estilo, desde sempre, passava uma segurança adulta, uma "sagesse", que já despertava maus pensamentos em quem só a conhecia de ouvi-la no disco ou no rádio.
Um estilo que se conta por alguns dos grandes sambas que ela apresentou ao mundo: "Mocinho Bonito", de Billy Blanco; "Graças a Deus", "Joga a Rede no Mar" e "Dó Ré Mi", de Fernando César; " Palhaçada", de Luiz Reis e Haroldo Barbosa (sim, antes de Miltinho!); " O Que Eu Gosto de Você", de Silvio César; " Mudando de Conversa", de Mauricio Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho; " Alô, Fevereiro" e " É Isso Aí", de Sidney Miller. No meio disso, veio a bossa nova e descobriu que Doris já cantava " daquele jeito". Daí que algumas bossas mais complexas caíram no seu colo, como se só estivessem esperando por ela para ficar eternas: " Tristeza de Nós Dois", de Durval Ferreira, Mauricio Einhorn e Bebeto Castilho; " Samba de Verão", de Marcos e Paulo Sergio Valle; " Baiãozinho", de Eumir Deodato; " Sambou... Sambou", de João Donato.
E, numa fase posterior da música, Doris se apossou de temas que, depois dela, outros tiveram dificuldade de encarar, como " De Noite na Cama", de Caetano Veloso, ou " Viagem", de João de Aquino e Paulo César Pinheiro.
E há a sua beleza. Num filme de 1957, a chanchada "De Vento em Popa", deu-se a epifania. Todos sabiam que Doris era bonita, mas ninguém imaginava promovê-la a deusa até vê-la cantando " Dó Ré Mi" para o galã Cyll Farney, numa sequência que nem parecia de filme brasileiro. (..SERAFINA)
Mais sobre Doris Monteiro
Dóris Monteiro é uma das mais talentosas cantoras do Brasil. Estreou na carreira muito jovem, em 1952 como atriz no filme "Tudo é Música" (dir. Luiz de Barros). Com carisma e uma bela plástica, Dóris chamava muita atenção. Em 1953, por sua excelente atuação no filme "Agulha no Palheiro" foi homenageada com o Prêmio de Melhor Atriz.
Dóris durante esses primeiros anos de carreira, dividia-se como cantora e atriz. No Rádio era um sucesso, chegando a ser coroada Rainha do Rádio.
Seu estilo musical voltado para samba-canções e músicas românticas foi alterado com a chegada da Bossa Nova. Dóris se identificou plenamente com o movimento musical, e o gênero encontrou na cantora uma de suas maiores intérpretes.
Em 1976, Dóris foi tema do especial "Documento" da Rede Bandeirantes. Além de entrevistada, cantou três sucessos: "Dó-Ré-Mi", "Mocinho Bonito" e "Palhaçada

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