10.17.2009



Juarez Becoza
careca, barrigudo e colunista de boteco

De volta, direto de Salvador: Recanto da Tia Célia

Caro leitor:
Depois de um mês de merecidíssimas férias, volto a escrevinhar nesse espaço com algumas novidades botequeiras muito interessantes pra partilhar. E como a vontade de fazer isso é grande, que seja sem mais delongas. Ocorre o seguinte: passei boa parte de meus dias de folga em Salvador. O leitor desconfiado tardará a acreditar, mas foi por pura coincidência que lá estivesse ocorrendo, justo no mesmo período, a segunda edição do Festival Comida di Buteco da cidade.
Não precisa dizer o quão oportuna foi tal coincidência... Entre um banho de mar e outro no Porto da Barra, dá-lhe boteco novo para conhecer. Figueiredo, meu combalido assistente etílico interno, não gostou nem um pouco. Acho que minha santa mãezinha, que Deus a tenha, também teria puxado meus lóbulos.... Mas fazer o quê? E a você, leitor, que nada tem a ver com meus remorsos morais e orgânicos, vamos a eles, os mais sensacionais botecos soteropolitanos que este velho boêmio teve a chance de visitar!
Começo, neste pôste, falando do melhor de todos. Talvez não em estrutura, ou mesmo em variedade. Mas em personalidade. Para começar, porque não é um bar, nem uma loja, muito menos um restaurante. É uma casa, caro leitor. Uma casa simples, pequena e pobre do bairro do Garcia, no centro de Salvador. E por isso mesmo, um lugar do tamanho do mundo. É o Recanto da Tia Célia, este aí das fotos.
O Recanto da Tia Célia é, basicamente, o quintal - ou melhor, o corredor lateral - da casa dessa baiana de 65 anos que cozinha absurdamente bem. Como é comum em bairros simples como este, Célia divide a moradia com parentes, que também a ajudam a tocar o negócio. E que negócio gostoso...
Na cozinha microscópica, gigantescos panelões produzem todos os dias uma indescritível maniçoba - prato típico da Região Norte, mas que a Bahia sabe fazer com maestria. A melhor maniçoba que já comi na vida, diga-se. Mas que, ali, é só o aperitivo para outras delícias. Como a patanisca de bacalhau, feita ao melhor estilo lisboeta, que Célia batizou de medalhão de bacalhau e com ele concorre ao prêmio de melhor prato do festival. Que, aliás, sai hoje à noite...
Amanhã digo quem levou, e falo de outros bares da cidade

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