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Enviado por Luiz Antônio Gravatá -
A boite “Au Bon Gourmet” ficava em Copacabana, perto da praça do Lido. Foi ali que Aloysio de Oliveira, há 44 anos, produziu o legendário show que reuniu, pela primeira e única vez num palco, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto e Os Cariocas. Ofereciam ao público, em primeira mão, as obras-primas da MPB “Garota de Ipanema”, “Samba do Avião”, “Samba da Bênção” e “Só danço samba”. Vinicius estreava como cantor, para desespero do Itamaraty.
Esse memorável encontro, considerado por Rui Castro como o maior momento da Bossa-Nova no Brasil, não foi gravado em disco, lamentavam todos. Até que – milagre ! – surge a Santa Internet, que tudo sabe e tudo guarda, colocou o show à disposição dos internautas. Não somente este, mas outros antológicos como o apresentado por Sergio Porto com Aracy de Almeida, Billy Blanco e Roberto Menescal, na boite Zum-Zum, em 1966; um outro, também nessa mesma boite do saudoso e querido Paulinho Soledade (autor de “Estão chegando as flores”), com Dorival Caymmi, Vinícius e o Quarteto em Cy, em 1967. As meninas pisavam num palco pela primeira vez; o show “Discomunal “, em que Millôr Fernandes apresenta, em 1968,Tom Jobim, Baden Powell, conjunto 004, Paulo Moura, Eumir Deodato, Márcia e Chico Buarque, reunidos no palco do Teatro Toneleros, em Copacabana.
Querem mais? o LP de Carlinhos Lyra “Depois do carnaval” (1963), censurado em 64 e o “Saravá”, gravado no México em 1969, já com o cantor no exílio; o primeiro LP de Elis Regina (“Viva a Brotolândia”), gravado quando a cantora tinha apenas 16 anos; o LP de Marisa Gata Mansa e Denise Duran, interpretando canções da irmã Dolores (1960) e os seminais “Chega de Saudades” de João Gilberto (1959) e “Canção de Amor Demais” de Elizeth Cardoso (1958), considerado o primeiro disco de Bossa-Nova. Isto sem falar nos LPs de estréia do Tamba Trio (1962), Marcos Valle (1964), Nana Caymmi (1965), Joyce (1968) e tantos outros. Tudo em MP3, ripados de velhos e raros LPs, com as capas oferecidas em arquivos JPG.
Agora que todo mundo já está com água na boca, como obter essas relíquias? Simples: é só acessar o blog Loronix. Lá tem tudo isso e muito mais. O dono é Zeca Louro, um apaixonado por música e um dos pioneiros do BBB e da Internet no Brasil (vou logo avisando: não revelo a verdadeira identidade dele nem sob tortura). Os downloads no Loronix são de graça, mas Zeca não deixa baixar discos que estão à venda no mercado. O “Bossa de Roberto Menescal” (Elenco, 1963) é um bom exemplo. Relançado em CD, está à venda na Amazon. Nesse caso, há um link para o site daquela empresa. Se o internauta quiser baixar os arquivos com maior velocidade, a história é outra: deve usar progamas como o RapidShare ou o MegaUpload e pagar uma assinatura mensal de 9,9 euros.
Zeca faz um belo e importante trabalho de divulgação de nossa música. Certa ocasião, Nelson Motta nos confidenciou: o ganho com a divulgação na Internet , para muitos artistas, é bem maior do que a restrição de downloads em programas como Napster ou LimeWire. Dizia ele: “o Napster é uma alavanca promocional alucinante. Há um mailing list de 40 milhões, que cresce em progressão geométrica, de um público que adora música. Os artistas não ganham só em disco. Onde eles ganham mesmo é em shows e na divulgação” .
O Lorinix segue essa linha. Escrito em inglês, desperta o interesse de muita gente lá fora. O blog possui, em média, 2.200 visitantes únicos diários e 4.600 páginas carregadas ao dia (page views). Na relação dos 122 paises cadastrados, o que mais tem impressionado é o número de visitantes alemães, cada vez maior, superando até o de japoneses, admiradores tradicionais da nossa MPB. E tem gente interessada até da Bosnia, Oman, Macau e Yemen. Mas o destaque, vai para um único hard user da Cidade do Vaticano. Quem sabe, não é o Santo Papa? Ele é internauta, alemão, e como já se prepara para sua próxima viagem ao Brasil no ano que vem, já deve estar interessado em conhecer nossa gente e nossa música.
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