Enviado por Lívia Brandão -
Um dos quadrinistas mais aclamados da atualidade no Brasil, o gaúcho Allan Sieber, de 37 anos, lança seu novo livro "É tudo mais ou menos verdade - O jornalismo investigativo, tendencioso e ficcional de Allan Sieber", pelo menos informalmente, na Bienal do Livro. Informalmente porque no dia 24 de setembro ele e a editora Desiderata preparam um evento como o controverso autor gosta: regado a chopes e com a participação de belas moças em trajes sumários.
O livro compila em 128 páginas (muitas delas coloridas, em papel couché) os trabalhos mais realísticos do autor publicados em veículos como as revistas "Trip", "Playboy" e o próprio jornal O GLOBO, além de publicações independentes e estrangeiras.
- Selecionei trabalhos biográficos, auto-biográficos, reportagens, coberturas, histórias que tivessem alguma conexão com a realidade. São fatos ou personagens que aconteceram, que existiram"
Estes personagens vão desde Papai Noel em uma sincera entrevista, passando por Paulo Maluf na cadeia chegando ao ditador alemão Adolf Hitler vivendo incólume no Leblon em pleno século XXI. O neo-Hitler de Sieber frequenta rodas de samba na Lapa, joga futevôlei na praia e toma açaí em uma das muitas casas de suco da Zona Sul, claro, sem deixar de destilar o preconceito ariano.
Averso ao tipo de programa que teria conquistado o ditador, é de se estranhar que o autor consiga retratar tão bem certos detalhes do cotidiano carioca.
- Não saio muito. Fui a uma roda de samba na Lapa uma vez, vi como era e por isso nunca mais voltei - brinca ele, que é fã de jazz e clássicos do rock'n'roll. - Falo sobre o que eu vejo por aí, presto atenção à minha volta, não passo o tempo todo com um fone enfiado no ouvido. Eu ouço.
No campo jornalístico, Sieber parece ser uma espécie de setorista de roubadas. O escritor já foi mandado para uma visita guiada à favela da Rocinha, passou uma noite observando a "fauna" do camarote de uma grande cervejaria na Marquês de Sapucaí e encarou o mundinho da moda, que tanto critica, em uma edição do Fashion Rio. Não à toa o livro é dedicado a Fausto Wolff, morto há um ano
- Ele se jogava nas pautas, botava o dele na reta, foi o brasileiro que chegou mais perto do gonzojornalismo.
Além de suas peripécias em coberturas de eventos, Allan não poupa seus leitores de histórias escabrosas contadas por amigos. Todos os nomes são preservados, claro: "não exponho ninguém".
Suas histórias pessoais dão sabor todo especial ao livro. A HQ publicada na revista "Piauí" em que conta sua esquisitíssima relação com a religião adventista faz companhia aos seus traumas com o futebol. Esta história de oito páginas recheada de palavrões e, portanto, voltada para o público adulto, foi publicada originalmente na coletânea "Dez na área". Recentemente, o livro foi alvo de críticas e protestos por ter sido recomendado a jovens estudantes do ensino público do estado de São Paulo.
Apesar de seu livro estar disponível em uma das feiras dedicadas à literatura mais importantes do Brasil, Allan não é muito afeito a este tipo de evento
- Não entendo como uma feira que tem como objetivo fomentar o gosto pela leitura acontece em um lugar longe de tudo, de difícil acesso.
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