Enviado por Lucia Hippolito -
1937 -- Criada no Rio de Janeiro a União Nacional dos Estudantes, durante o I Congresso Nacional dos Estudantes. Tinha como objetivo organizar o movimento estudantil em diretórios acadêmicos e em federações estaduais.
Começou a funcionar na Casa do Estudante do Brasil, sob a direção de Ana Amélia Queirós Carneiro de Mendonça. Em 1938 foi reconhecida como órgão máximo de representação estudantil.
Em 1942 foi institucionalizada pelo Decreto-Lei nº 4.080 como entidade representativa dos universitários brasileiros.
Despejada da Casa do Estudante, passou a ocupar o prédio da praia do Flamengo, nº132, onde funcionava o Clube Germânia (fechado por sua orientação nazista).
A UNE teve marcante atuação política durante o Estado Novo, engajou-se na campanha em prol da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados. Teve ainda papel importante na luta pela redemocratização do país.
A partir de 1945, a UNE liderou campanhas contra a alta do custo de vida e em prol da indústria siderúrgica nacional e do monopólio estatal do petróleo (campanha O petróleo é nosso).
De 1950 a 1956 foi comandada por um grupo ligado à União Democrática Nacional (UDN). Atuou em campanhas contra o aumento das passagens de bonde.
Com o fim da hegemonia da direita na direção, a entidade começou a realizar campanhas contra multinacionais, como a American Can – empresa americana que ameaçava a indústria brasileira de lataria – e contra a assinatura do Acordo de Roboré, preconizado por Roberto Campos, atendendo aos interesses da multinacional Gulf.
Na década de 1960, o movimento estudantil ganhou mais corpo, com a organização e fundação de diretórios centrais dos estudantes (DCE) e diretórios acadêmicos (DA).
Em 1961 apoiou a campanha da legalidade a favor da posse de João Goulart e reforçou sua ação no campo da cultura, com a criação do Centro Popular de Cultura (CPC) e da UNE Volante. Durante esse ano e no seguinte realizou seminários nacionais sobre a reforma universitária, cujas resoluções, a Carta da Bahia e a Carta do Paraná, tiveram grande repercussão no meio estudantil.
Após o golpe militar de 1964, sua sede foi incendiada, e a entidade foi oficialmente extinta pela lei conhecida como Suplicy de Lacerda (nome do ministro da Educação na época). Todas as instâncias da representação estudantil ficaram submetidas ao MEC.
Apesar da repressão, a UNE continuou a atuar na clandestinidade.
Participou de campanhas por mais vagas nas universidades. Organizou passeatas nas principais capitais, realizou congressos, convocou a Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro em 1968. Com as prisões das principais lideranças estudantis no XXX Congresso, em Ibiúna (SP), e a decretação do AI-5, a entidade ficou profundamente abalada e passou por um período de inatividade.
A partir do Congresso de Salvador, realizado em 1979, teve início a reconstrução da UNE, que só seria legalizada em 1985. Desde então, sua direção é controlada pelo PCdoB.
Participou ativamente da Campanha das “Diretas Já” e apoiou a candidatura de Tancredo Neves à presidência da República em 1985.
Com a força recuperada, o movimento estudantil liderou a campanha “Fora Sarney” e foi o primeiro a levantar a bandeira pela ética na política em 1992, durante as manifestações pró-impeachment de Fernando Collor.
Milhares de estudantes “caras-pintadas” foram as ruas pela campanha “Fora Collor”, para pressionar o presidente à renúncia.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a UNE criticou as privatizações, os privilégios ao capital estrangeiro e o descaso com as políticas sociais e com a educação.
Em 2002, com a eleição de Lula, passou a apoiar o novo presidente, após um plebiscito promovido das universidades.
Atualmente recebe recursos do MEC e de estatais.
Funcionando como linha auxiliar do governo, promove atos públicos contra a CPI da Petrobras (a empresa patrocinou o último congresso da entidade).
Silenciosa durante o escândalo do mensalão, a UNE continua silenciosa diante do mar de lama em que se transformou o Senado Federal.
Procura-se a UNE que carregava a bandeira pela ética na política.
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