5.09.2009
Caetano Veloso canta a relação com o Rio em show repleto de homenagens
João Pimentel
RIO - O encontro com a nova geração de músicos que formam a bandaCe, o guitarrista Pedro Sá, o baterista Marcelo Callado e o baixista e tecladista Ricardo Dias Gomes fez bem a Caetano Veloso. A estreia do show de lançamento de "Zii e zie", na noite desta sexta-feira, no Canecão, disco em que faz uma leitura pessoal do Rio de Janeiro, o cantor apresentou um repertório de novas canções e de releituras de antigas composições, suas e de outros autores, adaptadas à sonoridade crua do trio.
Caetano Veloso fala do show 'Zii e Zie'
Rio Show: confira o roteiro carioca de Caetano na cidade
Além de cantar sua relação com a cidade, afagou o desafeto Lobão, pediu vivas a Paulinho da Viola, homenageou as irmãs e dedicou "Maria Bethânia" ao diretor teatral Augusto Boal, morto no dia 2 de maio.
Se alguns de seus transambas soam, à primeira vista, estranhos no disco, essa estranheza se esvai com sua interpretação ao vivo.
Caetano abriu a noite com "A voz do morto", letra que deságua na lembrança de Paulinho da Viola: "Eu canto com o mundo que roda/ Eu e o Paulinho da Viola/ Viva o Paulinho da Viola!", para aplausos da platéia. O cenário composto por uma asa delta e imagens do Rio no telão deram o tom para "Sem cais", do novo disco. Na sequência, "Trem das cores" puxou o primeiro coro da plateia. Depois do momento delicado, foi a vez de: "Mandou, julgou, condenou, salvou, executou, soltou, prendeu", de "Perdeu", a canção mais crua e cruel do disco.
Depois de acarinhar o desafeto em "Lobão tem razão", Caetano fez uma bela interpretação de "Maria Bethânia", lembrou que a canção foi feita no exílio e a dedicou a Boal.
- Ele foi o primeiro a dirigir a Bethânia quando ela veio para o Rio - lembrou. - Tivemos em alguns momentos posições antagônicas, mas, mesmo que tenham compreendido de outra forma, no "Verdade tropical" (livro de Caetano) ele aparece como um grande herói.
Depois das novas "Tarado ni você" e "Menina da Ria", "Não identificado" trouxe de volta o coro e o sorriso de Caetano, que continuou em "Odeio", única música do disco anterior, "Cê", a constar no repertório: A Cuba de "A base de Guantánamo" leva o show até a "Lapa" de Caetano e "A cor amarela", duas das melhores canções do disco novo.
Depois de uma "Eu sou neguinha?" quase tribal, já é hora do bis, que tem seu auge em "Força estranha", e a última homenagem da noite, a Roberto Carlos. Roberto, Paulinho, Lobão, Bethânia e, principalmente, o público carioca, agradecem tanto carinho.
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